Saúde

Janeiro roxo: Brasil diagnostica 15 mil pessoas todos os anos com hanseníase

HANSENÍASE: MARCAS DO PRECONCEITO
HANSENÍASE: MARCAS DO PRECONCEITO

Brasília – No Brasil, cerca de 15 mil pessoas são diagnosticadas todos os anos com hanseníase. Em razão do Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, lembrado no último domingo de janeiro, neste ano no dia 29, o Ministério da Saúde reforça que a hanseníase tem cura e, diferente da crença popular, o contágio não acontece via contato ou compartilhamento de talheres e copos, por exemplo e a informação é importante. O Brasil tem mais de 90% do número de novas notificações da infecção no continente americano.

A hanseníase é uma infecção causada pela bactéria mycobacterium leprae, transmissível e de evolução crônica, que atinge principalmente os nervos periféricos, a pele e as mucosas. A doença pode causar lesões neurais e danos irreversíveis. É importante destacar que a transmissão ocorre apenas pelo convívio próximo e prolongado com pessoas diagnosticadas e que não realizam o tratamento.

Os sintomas mais frequentes e mais divulgados são as manchas na pele e a perda de sensibilidade térmica, dolorosa e/ou tátil. Contudo, é importante que a população se atente à lista de outros sinais da infecção. Os mais frequentes são manchas brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas e/ou áreas da pele com alteração da sensibilidade térmica de frio e calor, dolorosa e/ou tátil.

Além disso, tem o comprometimento dos nervos periféricos, geralmente com engrossamento da pele, associado a alterações sensitivas, motoras e/ou autonômicas; áreas com diminuição dos pelos e do suor; sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente em mãos e pés; diminuição ou perda da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou nos pés; e caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.

Tratamento

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza tratamento e acompanhamento dos pacientes em unidades básicas de saúde e de referência, não sendo necessário internação. O tratamento é realizado com a associação de três antimicrobianos, chamado de Poliquimioterapia Única (PQT-U). A associação é eficaz para curar a doença e oferece menor risco de resistência medicamentosa do bacilo.

A duração do tratamento varia de acordo com a forma clínica da doença e, já na primeira dose do tratamento, a bactéria deixa de ser transmitida. O paciente é acompanhado por um profissional de saúde em consultas, geralmente, mensais, quando também recebe uma nova cartela de PQT-U.

Quando necessário, e a critério médico, o paciente pode ser encaminhado para Centros de Referência em hanseníase para avaliação clínica aprofundada, para se verificar a necessidade de prescrição de outros medicamentos de auxílio.

150 mil testes

A partir de fevereiro, o Ministério da Saúde dará início à distribuição de 150 mil testes rápidos para o apoio ao diagnóstico da hanseníase no SUS. A entrega dos testes coloca o Brasil como primeiro país no mundo a ofertar insumos para a detecção da doença na rede pública. As unidades serão destinadas às pessoas que tiveram contato próximo e prolongado com casos confirmados da doença e serão de dois tipos: o teste rápido (sorológico) e o teste de biologia molecular (qPCR).

Uma terceira modalidade, de biologia molecular (PCR), também será ofertada pelo SUS e vai auxiliar na detecção da resistência a antimicrobianos. As três tecnologias foram incluídas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da doença em julho do ano passado.

Estratégia de enfrentamento

A perspectiva é que os estados fomentem a implantação do Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase (PCDT), com novos testes nos municípios, apoiados pela definição da linha do cuidado da doença e alinhada à adoção das ações propostas na Estratégia Nacional para Enfrentamento à Hanseníase 2023-2030, de forma a possibilitar o alcance das metas, que são:

  1. Reduzir em 55% a taxa de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos de idade até 2030 – levando em consideração o ano-base de 2019, 3,44 casos novos por 100.000 habitantes;
  2. Reduzir em 30% o número absoluto de casos novos com Grau de Incapacidade Física 2 (GIF2) — quando o paciente apresenta lesões consideradas graves nos olhos, mãos e pés — no momento do diagnóstico de hanseníase até 2030 – levando em consideração o ano-base 2019, que registrou 2.351 casos novos com GIF2 no momento do diagnóstico;
  3. Dar providência a 100% das manifestações sobre práticas discriminatórias em hanseníase registradas nas Ouvidorias do SUS.

Foto: TV Brasil