Saúde

Fehospar alerta sobre situação crítica de kit intubação no Paraná

18.03.2021 - Disttribição de vacinas para o interior do estado.
Foto: Gilson Abreu/AEN
18.03.2021 - Disttribição de vacinas para o interior do estado. Foto: Gilson Abreu/AEN

Cascavel – Com estoque limitado de insumos utilizados para a intubação de pacientes, hospitais da região oeste do Paraná correm contra o tempo para que não faltem medicamentos. A situação se repete em todo o Estado. Ontem, a Fehospar (Federação dos Hospitais do Paraná) emitiu alerta sobre a situação crítica nos estoques de remédios para o tratamento e pacientes com coronavírus. “O estoque desses insumos está gravemente prejudicado e os hospitais privados, que atendem ou não o Sistema Único de Saúde (SUS) já enfrentam sérias dificuldades de aquisição com a indústria”, diz nota da entidade, que apela para que a sociedade siga as medidas preventivas da covid-19, como o uso de máscara e não participar de aglomerações, para aliviar a sobrecarga no sistema de saúde.

Pela manhã, a Sesa (Secretaria de Saúde do Estado do Paraná) distribuiu 76.310 medicamentos, inclusive os que integram o kit intubação, que é composto por bloqueadores neuromusculares, sedativos e anestésicos, mas não foi informada a quantidade exata desses produtos. Os medicamentos foram enviados às regionais de saúde para distribuir para 51 hospitais. A 10ª Regional de Saúde disse que ainda não tem a listagem dos hospitais beneficiados.

Em Toledo, o Hospital Bom Jesus tem produtos para apenas cinco dias. Caso receba kits da Sesa, a previsão é de que o estoque dure oito dias. De acordo com a superintendente Zulnei Bordin, o hospital havia encomendado medicamentos de uma farmacêutica, mas a empresa não sabe quando poderá entregá-los, devido à alta demanda.

Já em Assis Chateaubriand, no Hospital Beneficente Moacir Micheletto, de acordo com a farmacêutica responsável, Caroline Marcato, a previsão é de que o estoque de insumos necessários para a intubação de pacientes dure uma semana. Segundo ela, o setor responsável pelas compras do hospital não está conseguindo adquirir produtos pela falta de fornecedores.

A Secretaria de Saúde de Cascavel informou que os medicamentos utilizados para intubação nas UPAs são adquiridos via processo licitatório e que, nos últimos dias, devido ao grande número de pacientes intubados, o consumo aumentou consideravelmente, mas assegura que o estoque deve “durar alguns dias”. Um processo de aquisição está em andamento e ainda não houve problemas de desabastecimento.

Os Hospitais Municipais de Foz do Iguaçu e Universitário, de Cascavel, não informaram quantidade de medicamentos que possuem.

O diretor-geral da Secretaria de Saúde do Paraná, Nelson Werner Junior, informou que a Sesa está buscando soluções para suprir a demanda de medicamentos. Informou que foi solicitado ao Ministério da Saúde o envio dos insumos para o Paraná, mas que a maior dificuldade é encontrar fornecedores.

O presidente da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), Reinaldo Scheibe, informou que os estoques no Brasil podem acabar em 20 dias.

foto: Gilson Abreu/AEN


MPs e Defensorias questionam falta de produtos

Os Ministérios Públicos Federal, do Trabalho e do Estado do Paraná, em conjunto com as Defensorias Públicas do Paraná e da União, encaminharam ofício ao secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, requisitando informações sobre a atuação do Ministério em relação ao desabastecimento de medicamentos utilizados para a intubação de pacientes nos hospitais paranaenses.

No documento, as instituições questionam se o Ministério da Saúde recebeu o pedido de auxílio feito pela Secretaria de Saúde do Paraná em razão do desabastecimento de medicamentos sedativos e de oxigênio hospitalar; da urgência de reativação de leitos de UTI para pacientes de covid-19; e da necessidade de adequação da quantidade de doses de vacina para o respeito à proporcionalidade entre este número e a população paranaense.

Os representantes dos órgãos pedem ainda que o Ministério da Saúde dê uma reposta sobre a possibilidade de fornecimento de medicamentos, equipamentos e doses de vacina, do mesmo modo como foi feito ao Estado do Rio Grande do Sul; de reabastecimento de oxigênio hospitalar; e de reativação dos leitos de UTI e enfermaria para pacientes de covid-19, de acordo com a demanda. O Ministério da Saúde tem prazo de três dias para responder ao ofício.

Ministério da Saúde requisita estoques da indústria

O Ministério da Saúde requisitou os estoques da indústria de medicamentos usados para intubar pacientes, como sedativos, anestésicos e bloqueadores musculares, que passaram a ficar escassos em alguns locais do País após a explosão de casos de covid-19 nas últimas semanas. Segundo a pasta, a ordem de entrega dos fármacos foi feita na quarta-feira (17) e deve suprir a demanda do SUS por 15 dias, com 665,5 mil comprimidos.

Diversos hospitais e regiões do País têm apontado falta ou preocupação sobre risco de desabastecimento desses medicamentos, inclusive o Paraná. Secretário-executivo do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), Mauro Junqueira afirma que o aumento de casos “voltou a trazer risco” de desabastecimento. Ele afirma que o ministério fez uma entrega de medicamentos no fim de semana para garantir o uso em hospitais por 20 dias.

O ministério também tem ordenado a entrega dos estoques de oxigênio de algumas empresas. A FNP (Frente Nacional dos Prefeitos) cobrou nessa quinta-feira (18) ações do Governo Jair Bolsonaro para evitar a falta desse insumo.

O governo federal já teve de requisitar estoques do kit intubação entre junho e setembro de 2020, quando houve falta em diversos locais. Sem o produto, equipes médicas têm dificuldade de intubar um paciente, e mantê-lo intubado. Após este período, os medicamentos voltaram a ser comprados pelos prestadores de serviço do SUS. Em nota, o ministério informou que monitora os estoques dos estados.

O presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini, reconheceu que o uso dos produtos está acima “de qualquer estimativa” e afirmou que a indústria “está trabalhando para atender as necessidades” do País.

Paraná vai receber 200 cilindros de oxigênio do Amazonas

O Paraná deve receber 200 cilindros de oxigênio do estado do Amazonas, como ajuda para o controle da situação do sistema público de saúde do estado diante da pandemia da covid-19. De acordo com a Sesa, a ajuda atende a um pedido feito pelo governador Ratinho Júnior. Conforme o governo paranaense, no Estado, não há falta de oxigênio, mas problema com o abastecimento dos equipamentos.

Na manhã dessa quinta, equipes trabalhavam na retirada dos cilindros de unidades de estoque e produção amazonenses. Depois, segundo o governo paranaense, os equipamentos serão reabastecidos com oxigênio e enviados ao Paraná, com apoio da FAB (Força Aérea Brasileira).

A Sesa informou que ainda estuda para quais municípios os cilindros recebidos serão encaminhados.

O estado do Amazonas enfrentou recentemente uma grave crise de saúde envolvendo o fornecimento de oxigênio aos hospitais e unidades de atendimento em saúde para pacientes com casos graves de coronavírus.

Em ajuda ao Estado, o Paraná prestou atendimento a pacientes amazonenses.

No interior do Paraná, municípios relatam dificuldades logísticas no abastecimento dos cilindros usados pelos hospitais. Com o aumento de casos graves da doença e da necessidade de atendimento com oxigênio, a rotatividade dos cilindros cresceu no Estado, e o estoque pode acabar antes de o transporte voltar com os cilindros abastecidos.