Saúde

Estudo estima queda de 60% em internamentos e 80% em óbitos após vacinação contra covid-19

Os primeiros resultados da vacinação devem ser sentidos em 90 dias, considerando-se os intervalos entre as doses

Estudo estima queda de 60% em internamentos e 80% em óbitos após vacinação contra covid-19

Um estudo desenvolvido pelo Grupo de Projeções da Unila aponta os efeitos que a imunização contra a covid-19 trará tanto no registro de internamentos quanto de mortes pela doença. A análise aponta que a finalização das fases 1 e 2 da campanha em Foz do Iguaçu pode levar a uma redução de 80% no número de óbitos e de 60% nas internações em UTIs até julho.

Com a redução de internamentos, os custos com UTIs teriam uma redução na ordem de R$ 18,5 milhões pelos próximos seis meses em Foz. O estudo sugere que essa economia seja investida na ampliação da vacinação. O valor que deixaria de ser gasto com internamentos seria suficiente para comprar 370 mil doses de vacina (R$ 50 por dose), o suficiente para imunizar 75% da população do Município (duas doses por pessoa).

Os valores levam em consideração que as internações por covid em UTIs e as mortes pela doença atingem, majoritariamente, pessoas com mais de 60 anos, alvos das duas primeiras fases do Plano Municipal de Imunização, que teve início em 20 de janeiro.

O Plano Municipal de Imunização prevê a vacinação de cerca de 15% da população (40 mil a 46 mil pessoas) em três fases vacinais: idosos com mais de 75 anos (4 mil a 6 mil pessoas); idosos com mais de 60 anos (16 mil a 24 mil pessoas); e portadores de morbidades (8,5 mil a 12,7 mil pessoas).

O estudo estima que as internações devam crescer num ritmo 60% menor a partir da vacinação, comparando-se com as registradas de 20 de dezembro a 20 de janeiro (data do início da vacinação). “Nós sabemos que 80% das mortes por covid-19 são de idosos, mas não temos os dados de quantos idosos estão na UTI, porque também há internados de outras faixas etárias. Por isso, a estimativa de 60%, que é uma estimativa mais conservadora. Mas essa economia pode ser maior”, explica o professor Ricardo Hartmann, responsável pelo estudo com os docentes Flávia Trench, Kelvinson Viana e Elaine Della Justina Soares.

Reflexos da vacinação

Os primeiros resultados da vacinação, segundo o grupo de estudos, devem ser sentidos em 90 dias, considerando-se os intervalos entre as doses, a obtenção da imunidade e eventuais dificuldades com a logística de vacinação.

Ao fim da terceira fase de vacinação, a expectativa é de que 15% da população esteja vacinada, mas a cobertura vacinal para conter a pandemia deve ficar na casa dos 70%. A circulação do vírus vai continuar alta, principalmente entre os mais jovens. “Esse percentual vai garantir que não morram pessoas, mas o vírus vai continuar circulando e o que pode acontecer é haver mutações – o que já ocorreu em Manaus, África do Sul e Londres – que tornem o vírus mais perigoso. Esse é o problema de deixar o vírus circulando”, alerta Ricardo Hartmann.

As novas variantes do coronavírus são um ponto de preocupação para os pesquisadores, pois pode impactar (ao menos um pouco) diretamente na eficácia das vacinas contra a covid-19, fazendo com que os anticorpos desencadeados pela vacinação tenham pouco efeito contra o vírus.

As mutações do vírus e os impactos no atendimento de saúde e de enfrentamento da covid-19 serão objeto do próximo estudo a ser desenvolvido pelo Grupo de Projeções.