Cascavel – Uma fila que não se sabe nem mais onde começa e que não tem fim. Este é o resumo da grande quantidade de pessoas que aguardam há dias, meses ou anos por uma cirurgia eletiva, que acaba sendo deixada de lado quando surgem os casos de urgência e emergência. Por anos, as cirurgias são feitas por meio de parcerias nos hospitais públicos, com as chamadas “verbas carimbadas”, como é o caso das emendas impositivas dos vereadores de Cascavel que, em 2023, conseguiram dar uma “aliviada” na situação.
Somente na fila de espera do Huop (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) são pelo menos, 3,2 mil pacientes que aguardam pelo procedimento via SUS (Sistema Único de Saúde) e, para reduzir isso, um projeto começou a ser trabalhado há meses, culminando na implantação do Centro de Cirurgias Eletivas, já “inaugurado” no prédio que abrigaria a Ala de Queimados, que nunca chegou a sair do papel.
O espaço estava ocioso e durante a pandemia foi utilizado como “Ala Covid-19”. Após o fim do período mais crítico da doença, com a estrutura já montada, o Huop que atende demanda de uma população de mais de 2 milhões de pacientes na Macrorregião Oeste, decidiu transferir a estrutura de UTI’s (Unidades de Terapia Intensiva) para o espaço que agora foi destinado às eletivas, já que com a inauguração da nova Ala Materno Infantil, o hospital reorganizar sua estrutura para abrigar cerca de 350 leitos.
Anúncio frustrado
Na semana passada a direção do Huop anunciou o esperado início das cirurgias eletivas para segunda-feira (9), o que acabou não acontecendo devido à falta de liberação por parte da Vigilância Sanitária Municipal. Por meio de nota, o Huop disse que “foi realizada uma visita inicial por parte da Vigilância Sanitária e as adequações foram feitas”. Porém, “na sequência pediram uma nova reunião e apontaram outras adaptações”.
Segundo o hospital, “os apontamentos feitos por parte da Vigilância Sanitária, foram realizados, respeitando o relatório apresentado, o que levou ao anúncio do início das cirurgias, que deveria ter acontecido na segunda-feira (9)”, mas sem a liberação não foi possível. “O Huop segue aguardando a liberação final para imediatamente dar início às cirurgias dos pacientes”, completou a nota.
O Município
A reportagem do Jornal O Paraná procurou a Vigilância Sanitária Municipal, por meio da Secom (Secretaria Municipal de Comunicação Social), que relatou que “foi realizada uma inspeção no dia 9 de setembro, dia em que estava marcado o início das cirurgias para a verificação das condições higiênico-sanitárias e liberação da área pós-obra, mas que no momento da inspeção, o local ainda encontrava-se na fase final de obras, o que dificultou a verificação detalhada de algumas situações relativas às instalações e fluxos”.
De acordo com a Secom, “o relatório de pendências foi entregue na terça-feira (10) e o retorno para análise dos fiscais foi recebido nesta quarta-feira (11) aonde ainda encontra-se em fase de aprovação na Divisão”. Ainda segundo o Município, para o funcionamento do Centro Cirúrgico, o Projeto Básico de Arquitetura precisa ser aprovado pela Vigilância Sanitária, uma vez que há regramento específico para cada tipo de atividade.
Terceirizado
O anúncio do início do funcionamento do Centro de Cirurgias Eletivas do Huop foi feito no dia 4 de setembro, durante entrevista coletiva concedida pelo diretor-geral do Huop, Rafael Muniz, que explicou que o hospital havia triado cerca de 90 pacientes, que já estariam aptos para passarem pelo procedimento. A reportagem do Jornal O Paraná trouxe a informação em primeira mão, ainda no início de julho, sobre a contratação da empresa que fará a administração do espaço.
A empresa que administrara o serviço para as cirurgias eletivas, é a CIS (Centro Integrado em Saúde), da cidade de Santa Mariana, por um prazo de 12 meses. O valor do contrato é de R$ 32 milhões para a realização de 3.120 cirurgias: cirurgia geral, ortopedia, urologia e vascular. O valor unitário de cada procedimento varia de R$ 3.128,22 a R$ 17.569,63. A CIS abriu um ambulatório no centro de Cascavel para o atendimento aos pacientes, mas as cirurgias serão realizadas no Huop, no prédio do Centro de Cirurgias Eletivas.
Este é o primeiro contrato de terceirização de serviços do Huop que tem parceria com a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). Neste valor ainda será aplicado um desconto de 6% referente aos serviços que serão oferecidos pelo hospital como enxoval, alimentação dos pacientes, recolhimento de lixo hospitalar e a limpeza. Todo o restante de serviço necessário, inclusive equipamentos é de responsabilidade da empresa vencedora.
Previsão de 400 procedimentos mensais
De acordo com o diretor-geral do Huop, Rafael Muniz, atualmente ocorrem dentro do hospital 129 procedimentos ao mês, 80 de baixa e média complexidade e 49 de alta complexidade, de forma remunerada, valor repassado pela Sesa e que, além disso, existem as cirurgias gerais. Muniz disse ainda que com a abertura do Centro a previsão é de realizar cerca de 400 cirurgias por mês.
Além das eletivas, existe ainda a previsão da realização de cerca de mil procedimentos de cirurgias de urgência e de emergência que visam aliviar o PS (Pronto-Socorro) durante os 12 meses. Para este lote o valor previsto é de R$ 5.399.170,00 para os mil atendimentos, pagos na medida em que os atendimentos forem necessários. O PS conta com 33 leitos, espaço que sempre está superlotado.