“Há 45 anos eu era uma recém-nascida prematura, que foi desenganada pelos médicos. Precisei do leite doado e foi isso que salvou minha vida”. Esse é um breve resumo do começo de vida da enfermeira Viviane Pacheco, que um dia precisou da doação de leite humano, assim como acontece, todos os anos no Brasil, com 330 mil crianças que nascem prematuras ou com baixo peso (menos de 2,5kg).
Para que outros brasileiros tenham a mesma história de sucesso, o Ministério da Saúde, em parceria com a Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH) – representada no Brasil pela Fiocruz -, lançou nessa sexta-feira (17) a Campanha Nacional de Doação de Leite Materno.
“O leite materno é insubstituível e é com ele que vamos ganhar a batalha da vida contra a morte. Nosso desafio é fazer da doação um ato de amor, de entendimento ao próximo”, declarou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que lançou a campanha no IFF (Instituto Fernandes Figueira), na capital fluminense. “A criança internada na UTI neonatal com acesso ao leite materno tem uma reabilitação mais rápida”, explicou o ministro, que conclamou a sociedade a apoiar a causa: “Todos podem se envolver. Utilize sua rede social para o bem, fale, converse”.
Aumentar em 15% o volume de leite materno coletado e aumentar o número de doadoras são as metas da campanha de 2019, que, além de sensibilizar gestantes e lactantes para a importância deste ato de solidariedade, visa também desmitificar que é preciso ter “muito leite” para ser doadora. Qualquer quantidade de leite humano doado pode ajudar os bebês internados nas UTIs neonatais a terem uma melhor recuperação e uma vida mais saudável.
Para se ter uma ideia, dependendo do peso do recém-nascido, apenas 1ml já é suficiente para nutri-lo a cada refeição.
Entre os anos de 2008 e 2018, 2 milhões de recém-nascidos foram beneficiados com 2 milhões de litros de leite humano de 1,8 milhão de mulheres, segundo a RBLH (Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano). Contudo, a quantidade de leite coletado supre 55% da demanda real. Por isso, o Ministério da Saúde lança campanha anuais, a fim de aumentar os estoques de leite humano nos bancos de leite de todo o Brasil.
A campanha
Com o slogan “Doe Leite Materno, alimente a vida”, a campanha de 2019 pretende estimular as gestantes e as mulheres que amamentam a fazerem doações durante todo o ano e não apenas nos períodos de campanha, em que o volume de leite materno doado aumenta. Em feriados prolongados e no período escolar, a quantidade coletada diminui.
Os profissionais de saúde que atuam no SUS também são público-alvo da campanha, já que eles têm um papel fundamental na sensibilização das gestantes e lactantes que são atendidas nos serviços de saúde.
Dia Mundial
O Dia Mundial de Doação de Leite Humano é celebrado em 19 de maio por iniciativa do Brasil, aceita pelos países que integram a Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH). Entre 2008 e 2018, o número de doadoras cresceu 45% e o volume de leite coletado, 30%. No ano passado, mais de 185 mil crianças receberam leite humano doado de quase 183 mil mulheres. Foram 215 mil litros de leite humano coletados.
O que todos precisam saber sobre doação de leite
* Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite materno
* Cada pote de 300ml de leite humano pode ajudar até 10 recém-nascidos por dia
* O pote não precisa estar cheio para ser levado ao Banco de Leite Humano
* A amamentação é a forma de proteção mais econômica e eficaz para redução da mortalidade infantil
* A amamentação também traz vários benefícios à saúde da mulher, como a redução das chances de desenvolver câncer de mama, útero e ovário
* Estima-se que o aleitamento materno seja capaz de diminuir em até 13% a morte de crianças menores de 5 anos em todo o mundo por causas preveníveis
* Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças nessa faixa etária
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