Saúde

Alerta: “Olhar dos pais” é essencial no diagnóstico do câncer entre crianças

Alerta: “Olhar dos pais” é essencial no diagnóstico do câncer entre crianças

Cascavel – No Dia Internacional de Luta Contra o Câncer Infantil, lembrado nesta quarta-feira (15), a oncologista pediátrica da Uopeccan de Cascavel, Carmem Fiori, faz um alerta aos pais: “esse é um fator primordial, o ‘olhar dos pais’, que no dia a dia devem observar o comportamento, as queixas e as características atípicas que possam ocorrer com a criança. Ao sentir uma dor de cabeça, perceber uma mancha diferente no corpo, é comum que um adulto manifeste essas queixas. No entanto, crianças e inclusive bebês, podem não conseguir se expressar”.

A observação apurada dos pais e educadores pode ser decisiva para o diagnóstico rápido, assim como a atenção dos profissionais da saúde no alerta de que pode ser câncer. O encaminhamento precoce para uma avaliação especializada, tanto com hematologista ou com oncologista pediátrico, pode ser fundamental para o aumento de chance de cura de uma criança e do adolescente com suspeita de câncer.

De acordo com a médica, o tratamento do câncer em crianças evoluiu muito nas últimas décadas, sendo que hoje, é individualizado com base nas características clínicas e moleculares de cada paciente, podendo ser com quimioterapia, cirurgia, radioterapia, imunoterapia ou transplante de medula óssea. “A doença é curável e atualmente, as chances de cura são superiores a 75%, se o diagnóstico for precoce, o tratamento adequado em hospitais especializados e com profissionais qualificados no atendimento e acompanhamento desses pacientes”, afirmou Fiori.

Cânceres mais comuns em crianças e adolescentes e principais sintomas

A oncologista pediátrica, ainda explica que os principais cânceres que atingem as crianças e adolescentes são: leucemia (câncer no sangue), câncer na cabeça (Tumor do Sistema Nervoso Central), ínguas (Linfomas).

Já os sintomas para os pais ficarem alertas são: mal estar generalizado, palidez (anemia), dor de cabeça/vômitos, dor nas juntas ou nos ossos, febre sem causa específica, aumento das ínguas, manchas roxas em locais livres de pancadas (como costas e nuca), mancha branca no olho, mancha roxa ao redor do olho e aumento de volume em músculo.

“A persistência desses sinais e sintomas, após um tratamento específico, poderá servir de alerta para a possibilidade de câncer. A criança deve ser reavaliada e deve prosseguir a uma avaliação clínica mais detalhada e realização de exames para esclarecimento do diagnóstico”, finalizou Fiori.

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Câncer é primeira causa de morte infantil por doença

O câncer infantil é a primeira causa de morte por doença em crianças e a segunda causa de óbito em geral, sendo que a primeira seria acidente. O Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que no triênio 2023/2025 ocorrerão, a cada ano, 7.930 novos casos de câncer em crianças e jovens de 0 a 19 anos de idade.Os dados mais recentes, de 2020, revelam que foram registrados 2.280 óbitos em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos no Brasil.

Nos países de alta renda, entre 80% e 85% das crianças acometidas por câncer podem ser curadas atualmente. No Brasil, o percentual é mais baixo e variável entre as regiões, mas apresenta média de cura de 65%. “É menos do que nos países de alta renda porque muitas crianças já chegam aos centros de tratamento com sinais muito avançados”. De acordo com a médica do Inca, Sima Ferman, o diagnóstico precoce é muito importante, mas por outro lado, admitiu que esse diagnóstico é, muitas vezes, difícil, tendo em vista que sinais e sintomas se assemelham a doenças comuns de criança.

O Inca faz treinamento com profissionais de saúde da atenção primária para alertá-los da importância de uma investigação mais profunda, quando há possibilidade de o sintoma não ser comum e constituir doença mais séria. Sima lembrou que criança não inventa sintoma. Afirmou que os pais devem sempre acompanhar a consulta e o tratamento dos filhos e dar atenção a todas as queixas feitas por eles, principalmente quando são muito recorrentes e permanecem por um tempo. “É importante estar alerta porque pode ser uma coisa mais séria do que uma doença comum”.