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Soja: consultor detalha momento atual com colheita recorde nos EUA e cotação do dólar

Foto: Jaelson Lucas / Arquivo AEN
Foto: Jaelson Lucas / Arquivo AEN

Cascavel – Diante das notícias nos últimos dias em torno do impulso nas cotações da soja por conta do dólar alto, a reportagem do Jornal O Paraná buscou mais esclarecimento profissional de uma das consultorias mais respeitadas do agronegócio nacional, a StoneX. A taxa cambial levou o produtor a intensificar as negociações por parte do produtor. Mas o cenário não é o que parece, conforme explica Leonardo Martini, consultor da StoneX e especialista na área de gerenciamento de risco. “Não temos nenhuma mudança nos fundamentos do mercado”, comenta.

No mercado internacional, os números divulgados pela consultoria Pro Farmer, com base no relatório final do tour agrícola, prevendo uma colheita recorde de soja nos Estados Unidos e até mesmo superando as expectativas do governo, foi classificada pelo consultor de StoneX como um “número absurdo” de quase 129 milhões de toneladas de soja.

Neste mês, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), projetou um aumento da safra de 121 milhões de toneladas para 125 milhões de toneladas, abaixo da estimativa feita pela Pro Farmer. “Vamos ver o que o USDA traz agora em setembro. Obviamente tem ainda os 15, 20 dias até o início da colheita e pode ser que muda alguma coisa por conta do calor e da falta de chuvas nas próximas semanas”.

O fundamento é muito baixista para a soja e segue baixista. Entretanto, é preciso observar também questões relacionadas à macroeconomia, especificamente sobre os juros. “As falas do Powell [Jerome] Powell [presidente do Fed] confirmando a tendência de queda nos juros americanos e o dólar index caindo muito forte foram observadas dias atrás, mexendo um pouco com o cenário de mercado”.

Conforme Martini, quando o dólar index cai frente às outras moedas, a Bolsa de Chicago tende a corrigir para manter a commodity competitiva, versus o resto do mundo. Ou seja, nos últimos dias, tEm ocorrido uma sequência de correções. No último fim de semana, as tensões aumentaram com Israel bombardeando o Líbano no Oriente Médio. “Esse cenário vem puxando forte o preço do barril do petróleo subindo 3% e refletindo no óleo de soja, ou seja, o complexo como um todo”.

A partir do anúncio da Pro Farmer, a reação imediata da soja foi de queda. Agora, o panorama é de sensível reação. “Estamos trabalhando em duas frentes: os fundamentos de produção, oferta e demanda baixistas para a soja e a questão macroeconômica e geopolítica que acabam sendo autistas, sustentando os mercados em níveis elevados do que ele poderia estar caso o mercado olhasse apenas o fundamento”.

“Soja americana barata”

É preciso ressaltar ainda outro ponto relevante, na ótica do consultor da StoneX. “A soja caiu muito. A soja americana está muito mais barata em comparação com os outros principais produtores e sazonalmente agora a migração da importação vai para os Estados Unidos”, descreve. “Vimos a China mais agressiva nas compras com avanços significativos nas últimas semanas, fator que acaba ajudando os preços”. Talvez em um curto prazo, o mercado queira respirar um pouco diante dos fatores mencionados acima.