Cascavel – Ledo engano quem pensa que o surgimento da doença de Newcastle em uma propriedade em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, ficou atrelado ao setor produtivo de aves. Respingou também em outras atividades agrícolas e pecuárias, entre as quais a bovinocultura de corte.
Em entrevista concedida à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, o presidente da Padrão Beef, Lindonez Rizzotto, confirma uma retração pontual nos preços da arroba no período de uma semana. O preço da arroba do boi em Cascavel a região está estabilizado no momento, sendo R$ 225 no mercado de commodity e R$ 242 na cotação Premium.
O mês de julho apresentou uma sensível reação. “O episódio da Newcastle aumentou a oferta de frango no mercado interno e esfriou a venda de carne bovina. Entretanto, o volume de exportações apresenta aquecimento”, enfatiza Rizzotto. “Muito do que ia para o exterior (aves), ficou no mercado interno”.
Para o segundo semestre, a expectativa gira em torno de uma evolução nos preços da arroba do boi na ordem de 8%. De acordo com o líder do setor produtivo no segmento de bovinocultura de corte, há informações de que as exportações de carne de frango serão reabertas em breve e voltando à normalidade.
Em São Paulo, o mercado do boi vive um momento de estagnação nessa semana, em virtude do alongamento de abate do boi. Já no Paraná, a escala de abate está tranquila, normal.
No Sudeste, a segunda quinzena de julho trouxe boas notícias para o mercado da arroba do boi gordo, com uma recuperação significativa no valor do produto. É o que informa Fabiano Reis, do Canal do Boi. Esse período foi marcado por uma redução expressiva nas escalas de abate nas principais praças produtoras, o que foi um fator determinante para a valorização da arroba. Essa diminuição nas ofertas de gado pronto para o abate resultou em uma elevação dos preços praticados, o que cria um cenário otimista para o início de agosto.
Ajuste nas escalas de produção
A indústria frigorífica, que está ajustando suas escalas de produção de forma gradual, aguarda a chegada de animais confinados para atender à demanda. Enquanto isso, os pecuaristas enfrentam desafios significativos na terminação a pasto e estão cada vez mais conscientes da crescente escassez do gado pronto. Esse desequilíbrio entre oferta e demanda é um indicativo claro de que os preços da arroba podem continuar em alta, refletindo a pressão crescente sobre os estoques e a valorização do produto.
O cenário de alta é ainda mais reforçado pelos dados divulgados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Os números referentes às exportações de carne bovina para a quarta semana de julho mostram um desempenho recorde. Com um total de 215,6 mil toneladas exportadas e uma média diária de 10,7 mil toneladas, julho de 2024 já é considerado um mês recorde para o setor, mesmo com três dias restantes para o fechamento do período. Esse desempenho robusto nas exportações não apenas confirma a demanda internacional crescente, mas também fortalece as expectativas de valorização contínua da arroba no mercado interno.
Condições climáticas
Além dos fatores mencionados, o mercado de arroba do boi gordo continua sendo influenciado por uma série de outras variáveis, como as condições climáticas que afetam a terminação do gado a pasto e as políticas de comercialização implementadas pelos frigoríficos. No entanto, a combinação da redução nas escalas de abate, o desequilíbrio entre oferta e demanda e os números recordes nas exportações sugere que agosto pode ser um mês promissor para o mercado da arroba do boi gordo.
Em suma, as expectativas para agosto são bastante positivas, com a possibilidade de uma continuidade na valorização da arroba do boi gordo. O mercado se prepara para um período de alta, impulsionado pela escassez de gado pronto e pela robusta demanda externa, que já demonstrou números históricos neste mês.