Ratinho Junior descarta aliança com Sergio Moro nas eleições de 2026 e confirma candidatura própria do PSD ao governo - Foto: Reprodução
Ratinho Junior descarta aliança com Sergio Moro nas eleições de 2026 e confirma candidatura própria do PSD ao governo - Foto: Reprodução

Paraná - Durante sua passagem por Cascavel no último sábado (29), o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), afirmou não existir possibilidade de composição do PSD com o senador Sergio Moro (União Brasil) nas eleições de 2026. A declaração, feita ao jornal O Paraná, encerra especulações sobre uma eventual aproximação entre os dois e deixa claro que o PSD pretende lançar candidatura própria para a sucessão de Ratinho Junior ao Palácio Iguaçu.

Questionado se havia chance de aliança com Moro, Ratinho foi taxativo. “Olha, o PSD vai ter candidatura. (…) E eu entendo que parece que o partido dele também terá candidatura. Então, no nosso campo aí, nós teremos candidatos com chapa completa: a senador, a vice-governador e a governador”, afirmou.

Apesar das conversas mantidas entre Ratinho e Moro em 2025 — inclusive um encontro reservado no Palácio Iguaçu após a cerimônia de redução do IPVA em setembro —, nenhum movimento foi suficiente para aproximar politicamente os dois grupos. Embora o governador seja o principal fiador da sucessão pelo PSD, ele ainda não anunciou quem será seu candidato, mantendo três nomes em expectativa: Alexandre Curi, presidente da Assembleia Legislativa; Guto Silva, secretário das Cidades; e Rafael Greca, secretário de Desenvolvimento Sustentável e ex-prefeito de Curitiba.

Estratégia

Nos bastidores, a indefinição é vista como estratégia para evitar rachas e manter aliados sob controle. Ao mesmo tempo, porém, abre espaço para Sergio Moro consolidar uma liderança isolada nas pesquisas, aparecendo com números que variam entre 35% e 38%.

Mesmo com Ratinho Junior ostentando 84% de aprovação no governo do Estado, nenhum nome apoiado diretamente por ele aparece como protagonista nas últimas pesquisas. Guto Silva, por exemplo, figura com apenas 6% das intenções de voto.

Enquanto isso, Moro se beneficia da expectativa da definição de um nome governista e de sua visibilidade como ex-juiz da Lava Jato, aparecendo como “favorito inicial”, embora ainda sujeito a um provável segundo turno.

Em Cascavel

No sábado, Ratinho Junior cumpriu agenda em Cascavel. Pela manhã, ele esteve no City Farm FAG, feira tecnológica voltada ao agronegócio e organizada pelo Centro Universitário FAG. Na sequência, o governador anunciou o repasse de R$ 200 milhões para a construção do maior centro de eventos da região Oeste, com 63 mil m² de área construída e impacto direto sobre mais de 30 municípios.

Ratinho destacou o potencial econômico da obra. “Cascavel entra na rota dos grandes eventos corporativos do Brasil. Isso gera emprego, turismo e fortalece uma vocação que a cidade já tem.”

Guto e Curi

A sucessão, hoje, parece se afunilar entre Guto Silva e Alexandre Curi, que disputam a confiança final do governador. A participação de Rafael Greca na cabeça de chapa, que antes já era considerada improvável, agora se torna ainda mais difícil após a crise provocada.

Mesmo assim, a possibilidade de Greca integrar a chapa majoritária — como vice — não está totalmente descartada.

Entrevista de Greca irrita governo

Uma entrevista concedida pelo secretário de Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca, à rádio TMC de Curitiba, provocou uma forte reação dentro do Palácio Iguaçu. Ao reafirmar que pretende disputar o governo do Estado em 2026 e sugerir que espera não ser contrariado pelo governador Ratinho Junior, o ex-prefeito de Curitiba acendeu um sinal de alerta e abriu mais um capítulo de tensão na sucessão estadual.

Embora Greca tenha capital político acumulado após duas gestões na capital e mantenha apoio expressivo em Curitiba, sua declaração foi interpretada por assessores próximos ao governador como uma tentativa de pressionar Ratinho. Nos corredores do Iguaçu, houve quem classificasse o episódio como “desnecessário” e até como um “ultimato” inoportuno.

Alguns integrantes do governo já falam em um distanciamento inevitável. Outros avaliam que Greca “perdeu espaço” na corrida interna do PSD, retrocedendo após semanas de movimentação mais discreta.