CPI do Abuso

Paranhos diz que se houve falhas, devem haver punições

Paranhos assinou 18 prorrogações do PAD (Processo Administrativo Disciplinar) contra o agente condenado por abuso. Foto: Arquivo/Secom Cascavel
Paranhos assinou 18 prorrogações do PAD (Processo Administrativo Disciplinar) contra o agente condenado por abuso. Foto: Arquivo/Secom Cascavel

Cascavel – O ex-prefeito de Cascavel e atual secretário de Turismo do Paraná, Leonaldo Paranhos, foi ouvido sexta-feira (5) pela CPI da Câmara de Cascavel que investiga a condução do PAD (Processo Administrativo Disciplinar) contra o servidor condenado por abusar sexualmente de crianças em um Cmei da rede municipal.


Durante o depoimento, Paranhos afirmou que seguiu o procedimento padrão ao receber a denúncia encaminhada pela Secretaria de Educação e solicitou abertura de investigação à Corregedoria. Segundo ele, cabia às comissões designadas reunir provas e produzir um relatório conclusivo. O ex-prefeito explicou que sua responsabilidade era apenas homologar os encaminhamentos. “Eu nunca abri mão de ter um relatório conclusivo. Ou inocentava o servidor, ou sustentava a demissão. Quando finalmente recebemos o relatório, a decisão foi imediata: determinei a demissão. Depois, a Justiça confirmou a gravidade e condenou o réu a 30 anos”, declarou.


Paranhos reforçou que não poderia interferir diretamente nos trabalhos internos das comissões, pois a Prefeitura possuía centenas de processos administrativos. Ele alegou que, se houve falhas na condução do PAD, os responsáveis devem ser responsabilizados. “Da minha parte, não houve negligência. Fui o primeiro prefeito da história de Cascavel a demitir um pedófilo”, destacou.

Demora e prorrogações
Os vereadores cobraram explicações sobre o fato de o processo ter se prolongado por quase quatro anos, período em que o servidor permaneceu em atividades administrativas e, em alguns momentos, mantendo contato com crianças. Paranhos justificou a lentidão citando fatores como a pandemia de Covid-19, a apresentação de atestados e a complexidade do caso.

“Um processo dessa natureza não é simples. Não se trata de um furto de bateria ou de uma falta funcional, mas de um crime gravíssimo. Mesmo assim, cobrei da comissão um relatório final, e isso foi feito antes do término do meu mandato”, afirmou.

Paranhos também destacou que não sabia da permanência do ex-servidor em sala de aula e rebateu acusações de omissão. “Se algum membro da comissão não se sentia capacitado, deveria ter pedido substituição. O que não pode é usar essa justificativa para não concluir o processo. Eu sempre exigi solução.”

Fase final da CPI

Fase final
Após a oitiva, o presidente da CPI, vereador Everton Guimarães (PMB), informou que a fase de instrução está praticamente encerrada. Com centenas de documentos já reunidos e os depoimentos coletados, o relator, Hudson Moreschi (Podemos), deverá apresentar o relatório final em até 30 dias.

Frente Parlamentar
Os vereadores membros da CPI anunciaram ainda que irão solicitar ao presidente da Câmara Municipal de Cascavel a criação de uma Frente Parlamentar de Combate ao Abuso e à Pedofilia. A iniciativa busca ampliar a discussão e fortalecer políticas públicas de prevenção, acolhimento às vítimas e responsabilização dos agressores.
Segundo os parlamentares, a ideia é que a Frente Parlamentar atue de forma permanente, envolvendo sociedade civil, autoridades e especialistas, para que tragédias como a investigada não se repitam.

Paranhos manifestou preocupação de que o relatório final da CPI possa abrir brechas para questionamentos jurídicos que beneficiem o ex-servidor já condenado. “Minha preocupação é que se construam dúvidas que comprometam a validade da demissão e da condenação. O que precisamos é que se mantenha a penalidade e a condenação de 30 anos, porque a sociedade não pode correr o risco de vê-lo voltar ao convívio com crianças”, alertou.

Eleições de 2026 e Expectativas de Leonaldo Paranhos

Paranhos diz ter “sonho” e “expectativa” de estar na disputa majoritária em 2026”

Pouco antes de prestar depoimento na CPI, o ex-prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos (PL), admitiu que já começou a pensar no cenário eleitoral de 2026. Em entrevista ao O Paraná, ele afirmou que teve conversas com o governador Ratinho Junior (PSD) sobre o tema, mas destacou que o momento ainda é de cautela.


“Eu tive uma conversa com o governador, além daquelas que a gente tem devido a estar como secretário, as reuniões administrativas. Eu tive uma reunião com ele sobre as eleições. E o que ele disse foi aquilo que nós já sabemos, que é preciso esperar um pouco”, afirmou. Segundo Paranhos, ainda não há definição sobre os nomes que vão compor a chapa majoritária do grupo político de Ratinho Junior.

“Nós temos um time muito forte. Nós temos alguns postulantes aos cargos da majoritária, ou seja, governador, vice e as duas vagas para o Senado. Mas o governador não tem esse tabuleiro ainda fechado, porque como nós temos nomes disputando essas posições, a gente tem que ter um pouco de cautela”, explicou.


Paranhos reforçou que sua expectativa é poder disputar um cargo de destaque. “Claro, eu tenho um sonho, tenho expectativa de estar na majoritária. Não sendo possível, tenho que contribuir como soldado, amigo do governador, fazendo parte de um governo”, declarou. Para ele, o papel neste momento é de lealdade e cooperação. “Toda a responsabilidade política que eu tenho é de ajudar a contribuir, não ser um problema para o governador, tem que ser uma solução”, concluiu.