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Na mira de quadrilhas, prefeitos pedem socorro ao governo do Estado

Costa Oeste: Ameaçados, prefeitos pedem ação do Estado

Na mira de quadrilhas, prefeitos pedem socorro ao governo do Estado

Reportagem: Josimar Bagatoli

Cascavel – Apesar do reforço policial na região de fronteira no oeste paranaense, as quadrilhas de traficantes e contrabandistas vêm desafiando o setor de segurança pública e aumentando o exército da criminalidade. Para driblar a fiscalização, os criminosos têm aumentado o recrutamento de menores de idade para fazer o transporte de drogas, armas e contrabando na fronteira entre Brasil e Paraguai.

O enraizamento de facções no Paraná, sobretudo às margens do Lago de Itaipu, tem facilitado o assédio a adolescentes, situação que já chegou ao conhecimento das autoridades e que hoje será repassada oficialmente ao governador Ratinho Júnior (PSD) e ao secretário de Segurança Pública, Rômulo Marinho, em reunião fechada com os prefeitos das cidades diretamente atingidas pela criminalidade.

A Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) vai entregar uma carta de reivindicações na qual citam o reforço na segurança pública. “Estamos perdendo muitos jovens para a droga. Há casos de contrabando de armas, drogas e descaminho de mercadorias do Paraguai, situação que nos deixa muito preocupados”, explica o presidente da Amop e prefeito de Jesuítas, Júnior Weiller.

Dois prefeitos do oeste do Paraná foram ameaçados de morte no fim do ano passado por quadrilhas ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Eles foram coagidos para que fizessem vistas grossas diante da ação descarada do tráfico.

Após apelo de toda a região, o Bope (Batalhão de Operações Especiais) realiza um trabalho frequente por meio de equipes, o que amenizou a situação, mas não resolveu o problema.

Por meio de investigações da Polícia Civil e da Polícia Federal, os criminosos que estavam ameaçando os prefeitos foram identificados e detidos. “Estamos tomando muito cuidado com essa situação e vamos relatar tudo ao governador e ao secretário”, acrescenta Weiller.

A preocupação agora está relacionada à exploração de menores de idade para o tráfico. “Com o cerco da Polícia Federal, da Polícia Civil e das patrulhas do Bope, as quadrilhas estão usando os menores como mulas [quem transporta drogas], o que nos deixa extremamente preocupados. Vamos buscar compromisso do Estado e da União para investimentos para a compra de armas e para o aumento do efetivo”, adianta o presidente da Amop.

Carta de reivindicações

Além da segurança pública, o oeste fará um grande apelo para investimentos na logística, além dos já assegurados, como a readequação do Trevo Cataratas e o Contorno Norte de Cascavel. “Sabemos do potencial da região, considerada uma das que mais crescem no Estado e tem contribuído muito para o desenvolvimento do Paraná, gerando emprego e renda, batendo recordes na produção de carne de frango, suínos, leite e peixe. Temos aqui uma agroindústria muito forte, produtora de toda cadeia que se inicia na ração animal. Precisamos melhorar nossa logística”, afirma Júnior Weiller.

Os prefeitos exigem o fim do pedágio “abusivo”, que atua ainda com pistas simples e as tarifas mais caras do mundo. Investimentos em rodovias interestaduais também serão cobrados. Os trilhos não cairão no esquecimento dos gestores. “A Ferroeste precisa melhorar. Terá avanço significativo ao dobrar o transporte do oeste, mas precisamos melhorar, com linhas até Foz e até Guaíra. Precisamos adequar as bitolas, antes mesmo de falarmos em mais máquinas”.

Outra cobrança será o Aeroporto Regional do Oeste. “Quando falamos nessa estrutura, falamos em um aeroporto de cargas. Sabemos de toda riqueza que produzimos e do potencial que ainda temos. Imagine um aeroporto de cargas, o quanto de indústria poderia atrair… Poderíamos vender nossas matérias-primas industrializadas”, enfatiza o presidente da Amop.