Brasília – O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nessa quarta-feira (27) que Jair Bolsonaro está “brincando de presidir o País” e que está “na hora de parar de brincadeira”.
“Abalados estão os brasileiros que estão esperando desde 1º de janeiro que o governo comece a funcionar. São 12 milhões de desempregados, 15 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza e o presidente brincando de presidir o Brasil”, afirmou.
Ele foi questionado sobre a fala de Bolsonaro de que estaria abalado por questões pessoais – uma referência à recente prisão de seu sogro, o ex-ministro Moreira Franco. “Agora está na hora de a gente parar de brincadeira e está na hora de ele sentar na cadeira dele, de o Parlamento sentar aqui e a gente resolver em conjunto os problemas do Brasil”, disse.
As declarações são mais um capítulo da relação conturbada entre o Executivo e o Legislativo.
Na terça-feira (26), a Câmara impôs uma derrota ao governo ao aprovar uma proposta de emenda constitucional que engessa o Orçamento e diminui o poder do Executivo sobre os seus gastos.
Depois da aprovação, Maia tentou colocar panos quentes, afirmando que a mudança não era política. Após ser atacado em entrevista de Bolsonaro, ontem à tarde na Band, porém, o tom mudou: “O fundamental no Brasil hoje é recuperar nossa economia, é a gente aprovar a [reforma da] Previdência. Vamos parar de brincadeira e vamos tratar de forma séria.”
“Couro duro”
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) deu entrevista nessa quarta-feira (27) ao programa Brasil Urgente, da Band. Ele comentou sobre a crise entre o seu governo e o Legislativo – principalmente, com o líder da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Bolsonaro afirmou que Maia foi “infeliz” sobre ao comentar que o ministro Sergio Moro era seu funcionário.
Bolsonaro defendeu o tuíte do filho Carlos Bolsonaro, que perguntou por que Maia estava tão nervoso. O post foi um dos estopins para a crise entre o presidente e o Congresso. “Se eu ou o João Doria [governador de São Paulo] ficar irritado por causa disso… Pelo amor de Deus… Nós somos políticos e temos que ter couro duro para apanhar”, disse.
Sobre a crítica feita por Maia a respeito do tempo que Bolsonaro gasta nas redes sociais, o presidente afirmou que não “leva mais de dez minutos para subir uma matéria nas mídias sociais”.
O presidente afirmou que sua mão está estendida ao presidente da Câmara e que vai se encontrar com ele após voltar de viagem de Israel.
Questionado sobre as críticas feitas a respeito da falta de interlocução com o Congresso, Bolsonaro disse que não tem como “atender tanta gente”.
Em vários momentos da entrevista, o presidente afirmou que o Congresso quer participar do governo com cargos. “Uma minoria pede… você sabe o que ele quer…”. O presidente cobrou que os congressistas apresentassem projetos: “Não me venha me pedir Ceagesp, como alguns pouquíssimos me pedem.”
Ainda sobre a briga com o Congresso e a possibilidade de pautas bombas, como a aprovação da PEC que engessa o Orçamento aprovada na terça, Bolsonaro afirmou que, se fizer isso, o Parlamento estará dando um tiro no pé. “Houve uma ameaça contra um decreto meu [dos vistos]. Eu não posso dar reciprocidade porque eles não vêm para cá para se esconder, vêm para fazer turismo. O Congresso estaria dando um tiro no pé se fizessem isso [impedissem a liberação dos vistos].”