Próximo a concluir seu primeiro mandato na Câmara de Cascavel, a vereadora Beth Leal (Republicanos) já se prepara para o próximo desafio, agora no Poder Executivo. Em visita à redação do jornal O Paraná, Beth falou sobre o mandato como vereadora, compartilhou a atuação como parlamentar, os avanços em temas sociais e ambientais, as dificuldades enfrentadas, sobretudo no que diz respeito à representatividade feminina na Câmara, além de revelar as expectativas como futura secretária de Comunicação Social de Cascavel a partir de 2025, no Governo Renato Silva. Confira entrevista na íntegra, em vídeo, ao fim da matéria.
O Paraná – Esse foi seu primeiro mandato como vereadora, qual avaliação você faz desse mandato, que também foi a sua estreia na política?
Beth Leal – Na verdade, eu tenho uma compreensão do meu mandato como um mandato positivo, um resultado positivo diante do que eu me propus a fazer como vereadora. Foi a primeira vez, não tinha a expectativa de seguir carreira na vida pública, nem de ingressar na vida pública. Sempre fui da iniciativa privada, sempre como professora, que é a minha profissão. E entrar na política foi uma oportunidade que tive de conhecer um pouco mais, de contribuir de uma forma mais direta com a população. Então, procurei fazer esse mandato, um mandato muito técnico dentro do que eu entendo como o papel do vereador na questão da produção legislativa, da representatividade da população e também da fiscalização. E nesse sentido, eu acho que eu consegui atender aquilo que eu me propus; […] pelo número de projetos que apresentei, por leis que foram aprovadas, projetos que se tornaram leis, ações que eu desenvolvi de conscientização, sensibilização na população de Cascavel com temas muito próprios e importantes, como a própria questão da proteção da mulher contra a violência doméstica, na questão ambiental, falando muito sobre isso, trabalhando nesse sentido, criando ferramentas concretas para proteção ambiental, também na questão social, muito trabalhando junto com entidades e especialmente também na educação. Então tenho uma avaliação especialmente nessas quatro áreas muito positivas. Gostaria de ter feito mais? Sem dúvida nenhuma, acho que a gente sempre cria uma expectativa. […]
Mas o que me entristeceu verdadeiramente em relação a não reeleição foi a questão da diminuição da representatividade feminina na Câmara. Nessa legislatura nós somos duas vereadoras e a próxima terá apenas uma e isso dá uma a ideia de que a gente precisa trabalhar muito ainda o amadurecimento, especialmente no público feminino, da importância de se ter representatividade no espaço de poder, como é o caso da Câmara de Vereadores.
O Paraná – Você acredita que a Bia Alcantara, única mulher eleita para a próxima legislatura terá mais dificuldades que você e a Professora Liliam? Ela conseguirá dar sequência a esse trabalho que vocês iniciaram?
Beth Leal – Eu acredito que ela vai ter, sim, certa dificuldade, mas o fato de muitos dos vereadores que foram reeleitos já estão nessa legislação e vão continuar, muitos que estão ali já conseguiram entender a importância da participação da mulher, de ouvir a mulher na hora da tomada de decisão. Eu acho que esses vão facilitar, de certa forma, a atuação da Bia. Agora, é claro, quando você tem um conjunto de 21 pessoas e apenas uma mulher, então são 20 homens e uma mulher, para você convencer, para dialogar, se torna mais difícil. Eu espero que, conhecendo a Bia como eu conheço, ela que é uma pessoa muito de luta; ela tem posicionamento, postura muito contundente em relação às suas ideias, às suas concepções, ela também não vai ser uma pessoa fácil de dominar.
O Paraná – Quanto ao mérito dos seus projetos apresentados como vereadora, quais deles você destaca?
Beth Leal – Acho que a gente tem vários projetos que poderiam ser elencados, mas eu costumo enaltecer pelo seu valor social, pela sua contribuição, especialmente para o público feminino, que é o projeto que se tornou o Programa de Lei da Dignidade Menstrual, que é a distribuição de absorventes, materiais higiênicos para mulheres em condição de vulnerabilidade, desde jovens, adolescentes, porque a gente tem uma realidade que é desconhecida e, por isso, que eu digo da importância da representatividade. […]
É um projeto que tem um período de vida longo, porque enquanto nós tivermos pessoas nessa condição de vulnerabilidade, ele vai precisar existir. Então é um projeto que, do meu ponto de vista social, para mim é extremamente importante. Outro que espero que seja colocado em prática na próxima gestão é a identificação das nossas minas, das nossas nascentes, do ponto de vista ambiental, para que as pessoas saibam onde estão as nossas nascentes, para que a gente possa mobilizar a sociedade no que diz respeito à proteção ambiental. […]
O outro, o símbolo ambiental, que é a preservação da árvore símbolo ali do bairro São Cristóvão, que busca chamar a atenção sobre a importância da preservação da natureza. Nesse sentido, essa árvore passa a ser um símbolo como patrimônio natural de Cascavel e a gente pretende que, ao olhar para aquela árvore, a população entenda a importância que todas têm na nossa cidade e o nosso plano de arborização seja cumprido a rigor dentro do município. […]
Tem também na questão da educação com a criação dos núcleos de Justiça Restaurativa, um projeto de lei também de minha autoria que foi aprovado. Nós esperamos que ele seja colocado em prática a partir também do novo governo, porque precisa de uma estruturação. Agora o orçamento precisa ser analisado para que nós possamos ter discussões internas dentro do ambiente escolar, de formação das nossas crianças para uma cultura de paz.
O Paraná – Como foi o trabalho da comissão que realizou a revisão das leis municipais?
Beth Leal – É, na verdade nós tivemos duas situações, o projeto especial, a Comissão Especial de Revisão de Leis relacionadas às datas comemorativas e ao calendário oficial, que para mim também é outra grande conquista. Veja que Cascavel, com 73 anos, não tínhamos um Calendário Oficial no Município de Cascavel. Todo mundo criava data, incluía no calendário oficial, mas esse calendário nunca existiu.
[…] Na outra comissão eu sou secretária, que é a da revisão geral das leis do Município. Começou-se então uma revisão desde 1953, desde quando o município começou, então de 50, 60, 70, 80 a gente conseguiu chegar. A última agora que foi mandado para a Prefeitura, que eles precisam dar o parecer, se concordam ou não, se todas aquelas que são sugeridas devem ser retiradas, revogadas ou não, foi de 1990 a 1994. Mas até 1989 essas já foram todas revistas e aí nós tiramos algumas. Acho que a que mais chamou atenção nesse período foi a que concedeu título de cidadão honorário de Cascavel ao Papa João Paulo II; tenho certeza que ele nunca nem soube que ele era cidadão horário de Cascavel. Outras que ainda estavam em vigor e que a gente não tem mais são os chamados “delegados calças-curtas”, que tinham direito a verbas de deslocamento e estava em vigência ainda. […] Então não tem por que esse tipo de leis ficarem dentro do nosso conjunto legislativo só avolumando.
O Paraná – Apesar do seu relacionamento com a assistência social, meio ambiente, pauta das mulheres, educação, você vai ocupar a secretaria de Comunicação, como já anunciado pelo prefeito eleito Renato Silva.
Beth Leal – Na verdade, quando o Renato conversou comigo, ele me justificou o porquê que gostaria que eu estivesse na Comunicação, embora houvesse a possibilidade, sim, de outra secretaria. Até ele disse, uma vez em uma entrevista, que eu escolheria a pasta que eu quisesse. Mas é claro que eu entendo os compromissos que o Renato tem também e entendi quando ele me colocou a importância de eu estar ao lado dele, ali no terceiro piso na Secretaria de Comunicação. E o fato também de ter uma experiência na área. São 25 anos que eu trabalho na comunicação (Rádio Colméia). Embora tenha trabalhado sempre no rádio, mas eu sempre tive esse contato muito próximo com os colegas da imprensa, com os órgãos de comunicação, e aí ele entendeu por bem que, nesse momento, eu ficasse na comunicação e concordei.
O Paraná – Quais são as suas expectativas agora dentro do Poder Executivo?
Beth Leal – O Renato tem dito muito que ele quer fazer uma gestão voltada para as pessoas, uma gestão que tenha como enfoque e foco principal o bem-estar da população. Então, aquilo que for interessante para a população a gente vai trabalhar, sim, para ser implementado e buscar, não sei se é um resgate, se poderia dizer nesse sentido, mas trabalhar a parte da comunicação social da Prefeitura de Cascavel e procurar manter um bom relacionamento com a imprensa, tendo sempre a abertura para que a informação chegue e a informação seja relacionada a tudo aquilo que seja produtivo e positivo para a população. Claro que eu tenho uma expectativa muito grande de fazer um bom trabalho, é um desafio novo. Eu digo assim: acho que eu sou mais do Legislativo do que do Executivo, então ali eu vou ter um desafio maior do que tive no legislativo, por conta de característica pessoal mesmo, eu gosto muito de trabalhar de forma colaborativa, não sou impositiva; eu gosto muito de dialogar, de ouvir as pessoas para poder tomar as decisões, acho que é mais fácil e é melhor a gente errar no conjunto do que acertar sozinho.
Assista abaixo a entrevista completa: