POLÍTICA

Contra tarifaço: Ministro diz que plano de contingência sairá hoje

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Brasília - O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta terça-feira (12) que o governo apresentará até hoje (13) um plano de contingência para mitigar os impactos do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), sobre produtos brasileiros.  As medidas devem incluir apoio financeiro e abertura de novos mercados para empresas prejudicadas.

“A ideia geral é apoiar, estimulando que essas empresas possam redirecionar seus produtos para outros países. Fiz reuniões com embaixadores da China e da Índia para identificar oportunidades de exportação”, disse o ministro em entrevista à rádio Alvorada FM, de Guanambi (BA).

Rui Costa criticou a decisão de Trump de elevar tarifas de importação para até 100% em alguns casos, justificando-a como tentativa de proteger a indústria e o emprego nos EUA. Ele lembrou que a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos foi desfavorável ao Brasil nos últimos 15 anos, com superávit norte-americano acumulado de US$ 400 bilhões.

O ministro afirmou que o Congresso Nacional já aprovou lei que autoriza o Executivo a adotar medidas de reciprocidade contra Washington.

“Quem deveria taxar os EUA era o Brasil. O presidente Lula está disposto a negociar, mas se taxaram lá, podemos também impor custos adicionais às empresas americanas”, declarou.

Plano de contingência

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), havia sinalizado na quinta-feira (7) que o plano de contingência seria apresentado nesta terça-feira. Na segunda-feira (11), o ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que a MP (medida provisória) deve contemplar linhas de crédito, tratamento tributário diferenciado e medidas de estímulo às exportações, com regras flexíveis para atender diferentes setores..

‘Quase guerra’

O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, disse na segunda-feira que o pedido de Trump para que a China quadruplique a compra de soja norte-americana mostra “quase um estado de guerra contra o Brasil”.

“Não vejo razão para temer que a China vá abandonar a parceria estratégica, mas é sempre preciso que haja diálogo e acho que essa informação revela quase um estado de guerra contra o Brasil. Porque não é uma coisa ganha na competição comercial, é algo que ganha na força”, disse em entrevista à TV Cultura.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o grão é um dos principais produtos brasileiros exportados para o país asiático. Uma eventual mudança na compra dessa commodity pode afetar fortemente a produção agropecuária brasileira e ter impacto na economia do país.

O pedido de Trump foi divulgado por agências internacionais horas antes de os Estados Unidos prorrogarem por 90 dias a trégua tarifária com os chineses. As tarifas norte-americanas sobre os produtos do país asiático voltariam a valer nesta segunda-feira . Lula telefonou na noite de segunda para o líder da China, Xi Jinping (Partido Comunista Chinês). O contato foi um pedido do líder brasileiro.

‘Impacto mínimo’

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, reafirmou nesta terça-feira (12), esperar que seja “mínimo” o impacto nas contas públicas do plano de socorro às empresas afetadas pelas tarifas dos Estados Unidos. “Estamos absolutamente conscientes que o impacto dele vai ser mínimo. Vai ser única e exclusivamente no limite do necessário para não deixar nenhuma empresa para trás”, disse a ministra.