POLÊMICA

Advogado pede explicações e cobra Câmara Municipal sobre patrimônio de Paranhos

O aumento patrimonial de Vivian Paranhos, filha do prefeito, parece ser o verdadeiro ponto de inflexão no discurso de Wosniak
O aumento patrimonial de Vivian Paranhos, filha do prefeito, parece ser o verdadeiro ponto de inflexão no discurso de Wosniak

Em meio ao cenário político turbulento de Cascavel, o advogado Moacir Wosniak, um ex-aliado do prefeito Leonaldo Paranhos, conversou com a reportagem do jornal O Paraná e apresentou documentos, também levantando questionamentos sobre a ascensão meteórica do patrimônio das empresas do prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos. Wosniak que em outras oportunidades auxiliou o prefeito Paranhos em sua trajetória política, agora questiona Paranhos sobre o que classifica como evolução “inexplicável”. Assista a entrevista completa ao final da matéria.

Segundo o advogado, ele esteve ao lado de Paranhos desde 2009, quando ajudou a arquitetar a ascensão política de Paranhos desde a eleição como deputado estadual em 2010. “Ele me procurou em 2009, nesta mesma sala (da entrevista), dizendo que não teria chance de vencer sem o time que ajudou o ex-prefeito Lísias Tomé”. Segundo ele, relutante no início, acabou aceitando a proposta de Paranhos após meses de insistência.

De acordo com Wosniak, Paranhos se reelegeu em 2014 com expressiva votação, e seu grupo de apoio foi essencial também para sua vitória na disputa pela Prefeitura em 2016. O advogado reconhece que o primeiro mandato de Paranhos como prefeito trouxe resultados positivos, mas tudo mudou drasticamente a partir de 2021. “Ele começou a se afastar das pessoas que o ajudaram a chegar onde está. Montou outro grupo político e a partir dali, comecei a perceber coisas que não me agradavam”, desabafou o causídico, deixando claro que sua relação com o prefeito “azedou”.

“Fora dos padrões”

Wosniak também aponta para o que considera ser um acúmulo de patrimônio “fora dos padrões de qualquer realidade”. Em particular, a criação de uma construtora com a filha de Paranhos, chamada “Vipar” – sigla para Vivian e Paranhos. Segundo o advogado, em junho de 2022, a empresa foi aberta com um capital social modesto de R$ 20 mil. Em fevereiro de 2024, no entanto, o capital social já saltava para alarmantes R$ 4,42 milhões, um crescimento absurdo de 22.000% em 22 meses. “Isso não existe em lugar nenhum do planeta? É uma empresa que teve um crescimento irreal, e o prefeito tem que explicar de onde saiu esse dinheiro”.

Ademais, o aumento patrimonial de Vivian Paranhos, filha do prefeito, parece ser o verdadeiro ponto de inflexão no discurso de Wosniak. A empresária, segundo o advogado figura como sócia de duas empresas: a já citada Vipar e a “Meu Viver Construtora”, ambas com crescimento vertiginoso.

Na mesma linha das afirmações do ex-deputado federal Evandro Roman, Wosniak afirma que a filha de Paranhos, até recentemente dona de um salão de beleza modesto, vendeu o estabelecimento por R$ 100 mil e, em um curto espaço de tempo, já acumulava terrenos e imóveis avaliados em milhões.

Contrato do lixo

O contrato milionário do lixo, que há anos é um tema polêmico em Cascavel, também volta ao centro das atenções. Wosniak, que já foi o autor de ações populares para impedir contratos abusivos na cidade, acusa Paranhos de manter um acordo que vai contra tudo o que pregava anteriormente. “Estamos no oitavo ano de mandato e ele não fez absolutamente nada para resolver a questão do lixo, como tanto prometeu”.

De acordo com o advogado, Paranhos renovou recentemente o contrato com a empresa de coleta de lixo por um valor de R$ 60 milhões para apenas mais um ano de serviços. Além disso, Wosniak alerta para o fato de que, em um intervalo de três dias, o Município ficou sem contrato, o que levanta a questão de se houve pagamento indevido durante esse período, somando aproximadamente R$ 558 mil. “Isso tem que ser pago do bolso do prefeito. Se não tem contrato, o Município não pode pagar”, defende.

Novas denúncias?

Segundo apurado pela reportagem, no decorrer desta quarta-feira (25), o ex-deputado federal Evandro Roman deverá realizar novas acusações contra Paranhos e apresentar provas sobre as denúncias em suas redes sociais.

E a Câmara de Cascavel?

Moacir Wosniak também cobra ação da Câmara de Vereadores de Cascavel, em especial do presidente Alécio Espínola, a quem classifica como “conivente” se não exigir explicações detalhadas do prefeito. “O mínimo que a Câmara tem que fazer é convocar Paranhos para prestar esclarecimentos. Ele tem que explicar de onde veio esse patrimônio. Isso não é perseguição eleitoral, é uma questão de transparência”, declara.

Segundo Wosniak, Paranhos sempre sustentou a narrativa de que o Município está em uma situação financeira melhor do que quando assumiu. Mas, omite o crescimento natural de Cascavel e o consequente aumento de arrecadação. “Ele não fala sobre o endividamento massivo que vai deixar como herança”, alfineta.

Paranhos aciona Roman na Justiça

Por fim, em vídeo postado em suas redes sociais, o prefeito Leonaldo Paranhos informou que já entrou com ação criminal contra o ex-deputado federal Evandro Roman. “Quem quer, infelizmente, atacar as pessoas, precisa prestar contas à população”, disse o prefeito em vídeo gravado em seu gabinete. Portanto, sem comentar as denúncias de Roman, Paranhos disse que a ação pede uma indenização por danos morais no valor de R$ 100 mil. O valor deve ser destinado a entidades filantrópicas, em caso de êxito.

Veja abaixo a entrevista na íntegra: