Paranaguá – As apreensões cada vez mais frequentes de grandes quantidades de drogas no Porto de Paranaguá chamam a atenção das forças de inteligência de segurança, e as atenções recaem para o oeste do Paraná. A suspeita é de que grupos criminosos agem a partir desta região, de onde despacham os entorpecentes oriundos do Paraguai.
A reportagem apurou que uma das linhas de investigação leva ao envolvimento de empresários com essas quadrilhas. A “parceria” envolve desde estrutura de logística de transporte, com cargas “acima de qualquer suspeita”, até locais para depósito da droga.
De janeiro a julho de 2018, foi apreendido no Porto de Paranaguá o maior volume de cocaína dos últimos dez anos, segundo Polícia Federal e Receita Federal. Nesses sete meses o total apreendido era de 3,3 toneladas, que seriam despachadas para portos da Europa.
Neste ano, até ontem, o total de cocaína apreendida no Porto de Paranaguá ultrapassa 3,7 toneladas, conforme a Receita Federal.
Uma das cargas, de 347 quilos de droga em um contêiner de celulose, tinha como destino o Porto da Antuérpia, na Bélgica, no dia 30 de dezembro. Cinco dias após, mais 760 quilos de cocaína foram encontrados escondidos em um container com carne de frango. O destino era o mesmo.
No dia 25 de janeiro mais uma tonelada de cocaína foi encontrada pela Receita Federal no Porto de Paranaguá. A droga estava em meio a uma carga de pallets de madeira e seguiria para o Porto de Rotterdam, na Holanda.
A técnica utilizada pelos criminosos é conhecida como rip-on/rip-off, que é quando a droga é colocada no contêiner sem o conhecimento do proprietário da carga oficial.
Extraoficialmente, o valor da droga apreendida representa pelo menos R$ 100 milhões de “prejuízo” para a rede de tráfico.
Outros carregamentos
Além da droga apreendida no litoral do Paraná, pronta para deixar o Brasil, outras cargas interceptadas ainda na estrada podem ter relação com o esquema.
É o exemplo do caminhão com placas de Cascavel interceptado nessa quarta-feira em Minas Gerais com 2,8 toneladas de maconha. O motorista disse à polícia que saiu de Santa Catarina para ir à Bahia.
Em abril do ano passado a Receita Federal apreendeu 1,8 tonelada de cocaína em um fundo falso de um caminhão-tanque abordado nas proximidades de Céu Azul durante fiscalização de rotina.
Em setembro passado um caminhão-tanque com placas de Cascavel foi interceptado com 650 quilos de cocaína em São Luiz do Purunã, em Balsa Nova, na Região Metropolitana de Curitiba.
Mais uma apreensão
Na manhã dessa quarta-feira (27), a Receita Federal apreendeu 376 quilos de cloridrato de cocaína no Porto de Paranaguá. A droga teria como destino o Porto de Le Havre, na França.
O método utilizado foi o rip-on/rip-off, em que a droga é inserida em uma carga lícita sem o conhecimento do exportador. A droga estava em um contêiner que transportava peças automotivas e foi localizada com auxílio do aparelho de raio-x.
Reportagem: Juliet Manfrin