O aparecimento de casos suspeitos e confirmados de intoxicação por metanol em todo o país tem colocado em alerta os órgãos de saúde e de fiscalização, que estão trabalhando nos bastidores para tentar identificar possíveis problemas com a adulteração de bebidas. Em Cascavel, uma ação do Procon, 10ª Regional de Saúde e outros órgãos realizou uma fiscalização em uma distribuidora de bebidas da cidade.
Lucas Fracaro, procurador-chefe do Procon de Cascavel, disse que os servidores ficaram durante todo o dia analisando o local e cerca de dez garrafas de uísque foram apreendidas durante a operação. “Esta investigação está sob sigilo e ainda estamos analisando a questão da adulteração para posterior encaminhamento aos demais órgãos para as devidas tipificações, tanto a questão criminal, quanto as sanções administrativas”, relatou.
Fracaro disse que a fiscalização foi motivada por um caso de intoxicação registrado em Curitiba, já que a vítima teria ingerido uma bebida cuja origem seria uma distribuidora de Cascavel. Não há indícios de envolvimento direto do dono da distribuidora, mas há suspeita de que o produto recebido por ele já tenha chegado adulterado e mesmo com as notas fiscais, o que chamou a atenção foi de que a carga foi enviada de Curitiba para Cascavel e, depois retornou a Curitiba.
Segundo ele, as garrafas apreendidas foram encaminhadas para a análise do Ministério da Agricultura e Pecuária já que foram encontradas as irregularidades. Além disso, outros locais ainda serão investigados em um trabalho conjunto com a Vigilância Sanitária Municipal, reforçando que pessoas que tenham informações podem repassar aos órgãos que prontamente farão a fiscalização devida.
Crime
A intoxicação por metanol surgiu no país devido à adulteração criminosa de bebidas alcoólicas, onde o metanol foi adicionado para baratear o custo e aumentar o volume de bebidas falsificadas. Além disso, pode ter surgido devido à contaminação em garrafas reutilizadas, sendo que esta substância – um álcool industrial altamente tóxico – causa intoxicações graves e ainda pode levar à morte, sendo que o problema maior está em bebidas destiladas.
Mais casos
A Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) do Paraná atualizou, nesta quarta-feira (8), as informações sobre os casos suspeitos e confirmados de intoxicação por metanol após ingestão de bebidas alcoólicas no Estado. Três novos casos são considerados suspeitos. Um homem de 30 anos e uma mulher de 17, residentes de Curitiba, e um homem de 20 anos, residente de Piên, que fica na Região Metropolitana de Curitiba. Todos estão internados e alegam ter ingerido bebida alcoólica.
O Paraná segue com três casos diagnosticados, sendo que todos os pacientes são homens de 36, 60 e 71 anos, residentes em Curitiba. Eles permanecem internados, recebem acompanhamento médico especializado e apresentam melhoras. Seguem em análise outros dois casos: um de Maringá, um homem de 27 anos, internado em um serviço de saúde da região e outro de Toledo, homem de 27 anos, também hospitalizado.
O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, confirmou que o Paraná realizou a compra de 424 ampolas de etanol farmacêutico, que devem ser entregues ao Estado na próxima semana, e alertou que o momento é de cuidado, mas não de pânico. O Ministério da Saúde enviou ao Paraná 360 ampolas do antídoto utilizado no tratamento de intoxicações por metanol, que consiste em etanol farmacêutico e até agora três pacientes já receberam o antídoto.
Alerta
Conforme a Sesa, neste momento é importante prestar atenção aos sintomas. Não é possível identificar o metanol na bebida apenas pelo cheiro ou sabor, pois ele não altera significativamente as características sensoriais.
Os principais sintomas devido à intoxicação por metanol podem aparecer entre 12h e 24h após a ingestão da substância. É importante redobrar a atenção porque os sinais se associam aos de uma ressaca comum: dor abdominal, visão adulterada, confusão mental e náusea.
Em casos de sintomas, os pacientes devem procurar um serviço de saúde imediatamente. Todos os casos suspeitos de intoxicação por metanol devem ser reportados e discutidos com um dos quatro Centros de Informação e Assistência Toxicológica do Paraná, que vão orientar sobre a conduta clínica e notificar imediatamente a Sesa por meio da Rede CIATox do Paraná, em Cascavel pelo telefone (45) 3321-5261.