Policial

Ex-candidato é alvo da PF acusado de compra de votos e corrupção

Dinheiro apreendido pelo Exercito, em agosto de 2022, na PR-323

Ex-candidato é alvo da PF acusado de compra de votos e corrupção

Umuarama – Durante toda a manhã de ontem (24), agentes da Polícia Federal estiveram envolvidos no cumprimento de mandados de busca e apreensão em uma nova fase da Operação Ágora, no intuito de colher informação que possam subsidiar a investigação de crimes relacionados à lavagem de dinheiro, caixa dois eleitoral, corrupção eleitoral e furto qualificado.

As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça Eleitoral da 3ª zona eleitoral especializada em Curitiba. Ao todo foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, sendo dois endereços em Curitiba e um em Umuarama.

Foram apreendidos com os investigados telefones celulares, computadores e documentos.

Os materiais apreendidos foram encaminhados à Delegacia de Polícia Federal de Guaíra para análise em busca da identificação de outros envolvidos, bem como aprofundamentos sobre os crimes praticados.

R$ 700 mil

De acordo com a Polícia Federal, a nova fase da operação foi lançada em decorrência de uma apreensão de R$ 700 mil em espécie, durante o período de campanha eleitoral no ano passado. O dinheiro foi encontrado por equipes do Batalhão de Infantaria Mecanizado, do Exército Brasileiro que desenvolvia uma ação de bloqueio de rotina no posto de fiscalização da Polícia Rodoviária Estadual em Cruzeiro do Oeste, às margens da rodovia PR-323. A apreensão aconteceu no dia 27 de agosto.

Na ocasião, o motorista entrou em contradições por várias vezes e não soube explicar a origem dos R$ 700 mil. Também não disse de quem teria adquirido e para quem o entregaria. Assim, diante das inconsistências nas versões apresentadas e considerando a existência de indícios da prática de infrações penais, a Polícia Federal determinou a apreensão do dinheiro, do veículo, de documentos e outros itens que foram encontrados na caminhonete. Um inquérito foi instaurado para elucidação dos fatos.

A PF afirmou em nota que os envolvidos (portanto mais de uma pessoa), foram conduzidos à Delegacia de Polícia Federal em Guaíra, onde prestaram esclarecimentos e foram liberados.

“Vítima de furto”

Dois dias depois da apreensão pelo Exército, a assessoria do ex-candidato a deputado federal Newton Bonin emitiu uma nota de esclarecimento, revelando que um dia antes da apreensão do dinheiro, havia sido alvo de um furto a poucos quilômetros de sua propriedade rural.

A assessoria também afirmou que Bonin esclareceu às autoridades a origem regular dos recursos, advindos do exercício da sua atividade rural e que o veículo e os valores apreendidos, fazem parte do patrimônio declarado pelo candidato à Justiça Eleitoral e à Receita Federal, tendo origem lícita, sendo fruto do trabalho como agropecuarista e empresário.

Na mesma nota, a assessoria de Bonin agradeceu a Polícia Rodoviária do Paraná e o Exército, pela eficácia na recuperação.

Foto: Divulgação

PF afirma que investigado possui uma dívida de R$ 153 milhões com a União

Durante a deflagração da Operação Ágora, na manhã de ontem, simultaneamente em Curitiba e em Umuarama, os agentes da Polícia Federal informaram à imprensa, através de nota, que um dos investigados nesta ação possui uma dívida com a União, relacionada a tributos em aproximadamente R$ 153 milhões.

Ainda, de acordo com o que foi investigado pelos agentes da PF, também já foi condenado, em primeira instância, pela prática do crime de apropriação indébita previdenciária, tendo efetuado pagamento do crédito tributário de mais de R$ 9 milhões.

A operação Ágora foi desencadeada com a finalidade de coibir crimes relacionados à lavagem de dinheiro, caixa dois eleitoral, corrupção eleitoral e furto qualificado. Os investigados são suspeitos ainda de não declararem diversas doações, assim como declarar valores menores, violando a lei eleitoral, na prática de caixa dois eleitoral. Um dos suspeitos ainda é acusado de lavar dinheiro por meio de ocultamento de valores. Outro investigado é suspeito de furto qualificado.

Ágora

O nome da operação é uma alusão ao movimento de discussão política que acontecia nas praças públicas na Grécia Antiga, às quais eram fundamentais para a prática da democracia à época. Portanto, como o poder emana do povo, que escolhe seus representantes por meio do voto direto, secreto, universal e periódico, a operação faz o contra senso do fundamento constitucional.