A falta de segurança nos arredores dos colégios estaduais de Cascavel foi debatida na tarde de ontem em uma reunião no NRE (Núcleo Regional de Educação). No encontro com representantes de diversos órgãos de segurança, diretores de colégios da região norte de Cascavel relataram problemas e pediram ajuda para lidar com a violência: “Nós estamos aqui pedindo desesperadamente para que vocês nos ajudem. Da parte pedagógica nós damos conta, mas a violência não cabe a nós. Precisamos coibir a violência, o tráfico e o uso de drogas na frente dos colégios. Precisamos desesperadamente de vocês perto de nós”. A fala é da diretora Silmar de Fátima Paschoali.
O chefe do NRE, Nildo Santello, disse que a violência está presente em todas as regiões da cidade, mas que a zona norte vem apresentando mais casos de violência que vêm de fora para dentro da escola. “Para lidar com os conflitos internos nós temos diversos programas, como o da justiça restaurativa. O maior problema é o que acontece em frente à escola e que reflete dentro. Nós temos pessoas aliciando alunos, oferecendo drogas… Por isso chamamos as forças de segurança para nos ajudar a encontrar soluções para essas situações, porque, além do risco que oferecem, elas atrapalham o aluno que está lá para estudar e se sentir acolhido”, explica Santello.
Projetos são absurdos
A diretora do Colégio Estadual Brasmadeira, Gleicy Batista, apontou uma série de falhas na comunicação de possíveis crimes com os órgãos responsáveis e criticou projetos do governo do Estado. “Não vejo como um policial que está afastado e que passou a vida inteira lidando com bandido vai ficar em uma escola ouvindo grito de adolescente e coibir violência. Está claro que não vai dar certo! Outra coisa é colocar detector de metais na porta das escolas. As nossas escolas tem muros de um metro e meio, quem quer entrar com coisa ilícita, arma e afins, pula o muro, não passa pela porta. Quem propôs isso precisa conhecer uma escola pública”, afirma Gleicy Batista.
Ela citou ainda a dificuldade em ter um contato direto com a Polícia Civil para informar sobre situações suspeitas e ajudar em possíveis investigações, além da falta de informação sobre alunos que estão inseridos na Rede de Proteção, em tratamento contra drogas e violência.
A diretora também pediu um revezamento de patrulha de policiais da UPS e da Guarda Municipal para coibir as situações no início e no fim da aula, já que a Patrulha Escolar não consegue atender a todas as instituições ao mesmo tempo.
Para o presidente do Conseg (Conselho de Segurança) de Cascavel, Clovis Petrocelli, com base nesses pedidos e situações os órgãos poderão propor ações e ajudar no combate à violência nas escolas.
Patrulha Escolar
A atuação da Patrulha Escolar é elogiada, mas a falta de efetivo e de viaturas é um problema grave: “Duas viaturas não são suficientes para atender 43 colégios estaduais, todos os municipais e ainda os particulares. É impossível, por mais que o trabalho realizado seja excelente”, afirma Nildo Santello.
O tenente Paulo Roberto da Silva, da Patrulha Escolar, reconheceu que é necessário mais efetivo e veículos. Ele afirmou que a possibilidade de colocar um policial militar em casa escola – proposto pelo governo do Estado – pode ajudar a combater a violência e pode ser implantado em Cascavel.
A Polícia Militar do Paraná afirma que no momento as patrulhas trabalham com a estrutura que já tinham disponíveis e que não há previsão imediata de aumento.
Problema Social
Além dos problemas em relação à segurança física apontados, os diretores e representantes do NRE ressaltaram que toda a situação é causada por um problema social grave presente na sociedade e que para isso é preciso criar políticas públicas mais eficazes que além de coibir, tenham a finalidade de evitar a violência.