POLICIAL

Após cometer assassinato brutal, morador de rua morre em confronto com policiais

Cascavel enfrenta problemas de segurança. Conheça a trágica história do assassinato de Luiz Lourenço no Parque Vitória - Foto: Reprodução
Cascavel enfrenta problemas de segurança. Conheça a trágica história do assassinato de Luiz Lourenço no Parque Vitória - Foto: Reprodução

Cascavel - Luiz Lourenço, 35 anos, caminhava nas proximidades do Parque Vitória, no Bairro Cancelli, nas primeiras horas da manhã de ontem (25), quando foi perseguido e brutalmente assassinado por um morador de rua que o agrediu com um tubo de concreto até a morte. Imagens das câmeras de monitoramento de empresas próximas chocaram a cidade devido à brutalidade, ainda mais pelos apelos de “Luizinho”, como era conhecido, tentando dialogar com o agressor para evitar a tragédia.

A situação “inflama” ainda mais o problema crônico da cidade que convive com grande quantidade de moradores de rua que ameaçam, assustam e intimidam os cascavelenses reivindicam mais segurança insistentemente. No caso de Luiz, a mulher que estava com o autor do crime, detida minutos após o ocorrido, relatou à polícia que o parceiro dela entendeu que a vítima teria “mexido com ela” e, por isso, foi morto.

Confronto

O homicida fugiu do local do crime, mas poucas horas depois a Polícia Militar, com apoio do Falcão, Guarda Municipal e a Policia Civil, ele foi localizado no meio de uma mata na Rua 13 de Maio, já próximo a BR-163. Ao ser abordado, o criminoso tentou agredir um policial civil com uma tesoura de jardinagem e acabou sendo morto no local. À tarde, ele foi identificado como sendo é Ivanildo dos Santos, 44 anos, natural de São Lourenço do Oeste (SC), e que vivia há anos nas ruas de Cascavel usando drogas e cometendo crimes.

“Olha como eles são perigosos e qualquer coisa vira arma na mão dessas pessoas, muitas vezes usuários de drogas. Então, um cano com concreto e ferro acabou virando uma arma mortal. Um pedaço, metade de uma tesoura poderia ter tirado mais de uma vida. Então, é algo que a gente tem que pensar, discutindo no Brasil essas situações que tanto afetam a sociedade de pessoas que estão, às vezes, aparentemente numa situação de vulnerabilidade de rua, mas estão praticando crimes por droga”, disse o Coronel Cícero Tenório, comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar, ao falar com a imprensa sobre o caso. 

O delegado de Homicídios de Cascavel, Fabiano Moza, disse apenas que o crime está sendo investigado para elucidar a real motivação, já que a mulher que estava com o autor do homicídio estava sob o efeito de drogas ao ser detida.

Operação Resgate

A morte violeta de Luiz Lourenço chama ainda mais a atenção de toda a sociedade para o problema que há tempos mobiliza as forças de segurança, porém, a situação da manhã de ontem saiu mais uma vez do controle, já que não é o primeiro caso de agressões patrocinadas por moradores de rua. Na tentativa de coibir situações desta natureza, uma ação mais intensa foi realizada entre os dias 6 e 12 de março. A “Operação Resgate” teve como objetivo de oferecer à população em situação de rua, verificar a situação destas pessoas – inclusive criminal, sendo realizadas mais de 500 abordagens.

No período, foram realizadas quatro prisões, apreendidos 351 objetos perfuro cortantes e recuperados três veículos, além de 392 instrumentos para consumo de drogas.  A Secretaria de Assistência Social prestou mais de 60 atendimentos. Do total, 12 aceitaram o acolhimento institucional na Casa Pop e seis no Albergue Noturno André Luiz. Ainda foram encaminhadas 14 pessoas em situação de rua para atendimento no Centro Pop. Outros cinco utilizaram o benefício de passagem para retorno ao município de origem e 31 usuários recusaram atendimento.

A Secretaria Especializada de Cidadania, da Proteção à Mulher e Políticas Sobre Drogas também desempenha um papel importante na Operação Resgate: o de auxiliar as pessoas em situação de rua a saírem da dependência química. Conforme os dados, 13 pessoas foram acolhidas, sendo nove encaminhadas para clínica especializada e quatro para casas terapêuticas.

Para oferecer realmente uma chance de mudar de vida, a Prefeitura de Cascavel encabeça a campanha “Sua esmola não ajuda, acione a Abordagem Social”. A ação de caráter educativo visa sensibilizar a comunidade a ajudar sem dar dinheiro, mas acionando o serviço da Abordagem Social, que atende em regime de plantão das 7h às 0h, pelo telefone (45) 98431-6376. Os moradores também sempre podem contar com o apoio da Guarda Municipal pelo telefone 153.

Ainda pela manhã, moradores dos bairros próximos ao Parque Vitória (Canadá, Cancelli e Country) começaram a intensificar pelas redes sociais um abaixo-assinado que  visa cobrar ações da Prefeitura Municipal e das autoridades em relação à segurança, tráfico de drogas, moradores de rua em situação de risco e degradação ambiental naquela região da cidade. No documento, os moradores relatam que enfrentam, diariamente, situações graves devido ao aumento de moradores de rua e o constante tráfico e consumo de entorpecentes na região do parque.

População faz abaixo-assinado

No texto, eles ainda descrevem que isso reflete em uma série de problemas, desde aumento de furtos em residências e comércios, acúmulo de lixo nas áreas ambientais, além da sensação de insegurança pelas constantes ameaças que recebem. “Não podemos mais aceitar esta realidade. Exigimos das autoridades competentes providências urgentes”, diz o texto do documento.

O secretário municipal de Segurança Pública de Cascavel, Coronel Lee, destacou a mobilização da população para balizar as ações das forças de segurança e produzir um documento que será repassado ao Poder Judiciário e o Ministério Público. “A população tem esse poder de contribuir, inclusive, nós estamos fazendo essa campanha, um pedido desde o início do ano, para a população: façam esses abaixo-assinados e nos encaminhem”, disse, completando que “não temos como deixar uma viatura em cada esquina, precisamos de ações constantes e de apoio nas nossas ações”.