Por Paulo alexandre
A guerra contra a Covid-19 está longe de terminar. Apesar de alguns números apontarem para um horizonte no qual é até possível rabiscar um possível fim da pandemia, existem inúmeras consequências e sequelas que terão que ser enfrentadas e equacionadas por longos períodos. Uma delas trata da orfandade. Ao menos 12.211 crianças de até seis anos de idade no Brasil ficaram órfãs de um dos pais vítimas da Covid-19 entre 16 de março de 2020 e 24 de setembro deste ano. Segundo a Arpen-Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais), 25,6% das crianças de até seis anos que perderam um dos pais na pandemia não tinham completado um ano.
Já 18,2% tinham um ano de idade; 18,2%, dois anos de idade; 14,5%, três anos; 11,4%, quatro anos; 7,8% tinham cinco anos e 2,5%, seis anos. São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Ceará e Paraná foram os estados que mais registraram óbitos de pais com filhos nesta faixa etária. Os dados foram levantados com base no cruzamento entre os CPFs dos pais nos registros de nascimentos e de óbitos feitos nos 7.645 cartórios de registro civil do país desde 2015, ano em que as unidades passaram a emitir o documento diretamente nas certidões de nascimento das crianças recém-nascidas em todo o território nacional.
Os números obtidos pela Arpen-Brasil, entidade que representa os cartórios de registro civil do Brasil e administra o Portal da Transparência, mostram que 223 pais morreram antes do nascimento de seus filhos, enquanto 64 crianças, até a idade de seis anos, perderam pai e mãe vítimas da covid-19.
Exatos seis meses após o ápice da pandemia, o Ministério da Saúde informou que a vacinação em massa contra a doença surtiu efeito. Segundo a pasta, a queda no número de óbitos foi de quase 90% – tendência que se acumula desde junho. O boletim divulgado na noite de segunda-feira (18) mostra que a média móvel de mortes está em 379,5, acompanhada pela queda expressiva também no número de novos casos da doença, que está em 12,3 mil ao dia.
Por isso, a guerra continua e todos devem estar alertas e atentos a todas medidas de segurança e prevenção. Mesmo com o ciclo vacinal completo, o início da vacinação para adolescentes entres 12 e 17 e o reforço da terceira dose, sob hipótese alguma, se pode “baixar a guarda”. Todo óbito será sempre uma perda irreparável, uma sequela permanente para as famílias.