Se existem injustiças inaceitáveis no mundo moderno, são as acusações de depredação ambiental e contaminação dos recursos naturais, feitas seguidamente contra os brasileiros e especialmente os produtores rurais do País.
Na era do conhecimento, da tecnologia e da informação, não faz sentido pessoas escolarizadas desconhecerem o fato de apenas cinco nações, com destaque para o Brasil, abrigarem e preservarem 70% do restante da natureza intocada do planeta.
Conforme estudo de pesquisadores da Universidade de Queensland, da Austrália, e da Wildlife Conservation Society (WCS), dos Estados Unidos, publicado na revista acadêmica Nature, da Inglaterra, somente em apenas 25% da superfície da Terra ainda existem áreas livres de impactos humanos e grande parte delas está concentrada em cinco países.
Segundo especialistas, há 100 anos 83% dos recursos naturais do planeta ainda eram preservados, sem sofrer reflexos da ocupação humana, com redução que chama atenção de ambientalistas e sociedade em geral, para omissão de algumas nações com relação aos temores de conseqüências catastróficas de mudanças climáticas.
De acordo com o levantamento, além do Brasil, Austrália, Canadá, Rússia e Estados Unidos integram o grupo de cinco países que abriga a maior parte da terra intocada, mantendo sua parcela de responsabilidade com a manutenção do que resta da natureza selvagem.
O estudo abrangeu oito indicadores do impacto humano nos recursos naturais, incluindo ambientes urbanos, terras agrícolas e projetos de infraestrutura. Foram excluídas áreas intocadas na Antártida e em alto mar que não estavam dentro de fronteiras nacionais.
A natureza selvagem intocada em áreas terrestres e marítimas, que não foram afetadas pela expansão da ocupação humana, está em apenas um quarto do planeta, se mantendo como refúgios vitais para milhares de espécies ameaçadas e preservando alguns dos mais eficientes mecanismos de prevenção contra eventos devastadores provocados pelas mudanças climáticas.
Com relação aos oceanos, considerando dados sobre pesca, transporte industrial e derrame de químicos, foi constatado que apenas 13% dos mares têm poucas ou nenhuma marca da atividade humana. Na superfície dos continentes, estão vastas áreas de florestas com trilhões de árvores que absorvem gás carbônico da atmosfera, reduzindo os impactos das emissões de gases de efeito estufa.
O mapeamento de áreas de natureza selvagem preservada chamou a atenção de lideranças de todo o mundo, pois com o consumo de combustíveis fósseis, madeira e carne, assim como com o crescimento populacional, somente 23% do planeta Terra estão livres de impactos causados pela agricultura, indústria e centros urbanos.
Ocorre que entre 1993 e 2009, área de natureza selvagem com a dimensão do território da Índia foi contaminada pela ocupação humana, poluição industrial, mineração e agricultura extensiva. Já os rebanhos de animais selvagens do planeta foram reduzidos em 60% desde 1970, devido à ação humana.
Dessa forma, os pesquisadores destacam que o mundo gostaria que os cinco países que mantém natureza intocada, incluindo o Brasil, mantivessem as áreas preservadas.
No que depender do agronegócio nacional, com certeza, essa expectativa será atendida, pois o produtor rural, exercendo atividade econômica a céu aberto, sabe muito bem da necessidade do equilíbrio ambiental para sua sobrevivência.
Dilceu Sperafico é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado – [email protected]