Tão logo foram divulgadas as notas do Enem (Exame de Ensino Médio), o ministro Abraham Weintraub declarou que esse havia sido o melhor exame da história. Pouco depois começaram a pipocar os problemas. E, mesmo com o MEC (Ministério da Educação) tendo confirmado a razão das queixas, o ministro insistia em negar e dizer que estava tudo bem, até que foi vencido pelo óbvio e precisou admitir que havia, sim, um problema, o qual classificou como “pequeno” e garantiu que já estava sendo corrigido. Mas a situação estava longe de um final feliz, especialmente para os estudantes.
A história do Enem é recheada de casos de fraude, erros grotescos de questões, até redações com receita de miojo com nota 560. Enfim, praticamente não houve ano em que o exame não teve problemas e precisou ser revisto.
A diferença deste ano é a postura do ministro. Nos anos anteriores, o MEC reconhecia os erros e problemas, investigava e providenciava uma solução. Agora, para não se dar por vencido, Weintraub insiste em tentar manter as aparências e prejudicar milhares de estudantes cujo futuro está em risco.
A diferença neste ano é que a nota do Enem é muito mais importante do que era há cinco anos. Hoje ela é determinante para conseguir bolsas e vagas nas universidades. Ou seja, erros têm custos muito altos. Mesmo os pequenos.
O MEC disse que cerca de 6 mil participantes tiveram as notas alteradas. Mas 172 mil candidatos encaminharam mensagens ao Inep com queixas sobre o desempenho.
Uma das consequências foi a dificuldade dos estudantes de se cadastrarem no Sisu, o sistema que faz a seleção para as universidades. Congestionou. Complicou. Ontem, o Ministério Público Federal recomendou ao governo que suspenda as inscrições e mude o cronograma até que seja feita a nova conferência dos gabaritos de todos os candidatos. O objetivo é garantir a idoneidade do exame. Não é difícil de entender. Basta excluir a soberba.