Opinião

Coluna AMC: Uma pedra no caminho

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No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho, disse o poeta e eu que esperava encontrar algumas pedras no caminho do sol, caminhada que faria na semana seguinte até Boa Vista da Aparecida na companhia de alegres e entusiastas peregrinos, fui obrigado a adiar o meu projeto. Pretendo refaze-lo no próximo ano.

Mas eu descobri duas empresas uma na Suíça e outra em Cingapura que transformam o que nos resta depois de uma cremação em pedras semipreciosas, a primeira vira um cristal valiosíssimo e a segunda umas pedras verdes parecidas com esmeraldas, ainda não pensei em deixar recursos para ser pedra, até porque quem gostaria de usá-la?

Mas uma dor súbita me assustou e eu que sou precavido, embora não seja pessimista resolvi ir atrás de um diagnóstico, ao fazer o exame ganhei um presente uma cota do bolão da mega-sena, até agora não sei se ganhei, mas com certeza o prêmio foi o acolhimento, a simpatia, a amizade do Leonel. Descobri, ou melhor a imagem demonstrou duas pedras em minha vesícula, outro prêmio, com a notícia de que através de um procedimento cirúrgico tudo seria resolvido. Na sexta-feira à noite fui para o hospital e por trás do balcão pedi ao secretário para fazer aquele internamento, após algumas fichas e registros perguntou-me onde está o paciente? E eu pacientemente respondi “esse cara sou eu”, ele riu e pediu desculpas por não ter reconhecido pelo nome e sugeriu o 601, um apartamento “single” muito confortável, mas naquela noite, não foi só hotelaria, teve jejum e acesso venoso para alguns medicamentos. Cirurgia programada para às dez horas de um sábado véspera de eleição.

Às seis horas uma jovem veio me pedir para tomar banho com um antibacteriano líquido e aguardar a descida para o Centro Cirúrgico.  Fiz as orações matinais e aguardei, até que um anjo de branco veio me buscar. Todas as que me atenderam foram de um carinho especial como se eu fosse um ser especial.

Fiquei uns trinta minutos na sala de recuperação sentado encolhido de cócoras como se fosse um menino assustado, as vezes a gente volta a infância e sente saudades do colo da mãe.

Muitos colegas que estavam circulando por ali foram me ver e sempre com uma palavra de ânimo, até chegar minha vez, sala preparada, a equipe a postos iria eu para um “pit stop”, rapidamente adormeci sob os cuidados do Luciano e neste tempo, o Menolli, o Sérgio, a Patrícia e o Garcia num trabalho harmonioso como uma orquestra estiveram a manipular, pinças, cortar e pontuar com habilidades de mestres.

Em tempo real graças as novas tecnologias o Marcos acompanhava apreensivo e com carinho o que estava acontecendo com o Vô, como ele me chama e tranquilizando os que estavam fora.   Quando acordei estava sendo levado para o quarto. Chegando ao lá falei com a Soninha, que por nervosismo estava abatida e com enjoos, preocupações, mas ao saber que o meu outro anjo protetor estava ao meu lado, a Vania que velou pelo meu sono, impedindo-me de movimentos bruscos e sozinho. O Marcos foi minha primeira visita, queria certificar-se que o Vô estava bem, e estava. Só   um pouco sonolento.

São momentos na vida que temos que valorizar, atenção, o carinho, a preocupação de todos com quem estive reconhecendo um gesto, uma palavra, uma brincadeira, nos deixa confiante. Digo sempre para amigos e parentes, Cascavel hoje oferece um serviço médico que não fica devendo nada ao Primeiro Mundo, aos Países mais desenvolvidos.

Ao sair do Hospital fui cumprir com o dever cívico de eleitor e fui obrigado a solicitar prioridade pois a fila estava com mais de cinquenta pessoas.

Ao voltar para casa os cuidados continuaram, pois minha filha e as cuidadoras da minha esposa, não largam do meu pé.

E minha rotina agitada do dia a dia? Só depois que retornar ao Menolli no pós-cirúrgico.

Dr. José de Jesus Lopes Viegas – Médico CRM/PR 5272 – Presidente AMC