Quando é constelada uma situação de aborto se mostra que o filho abortado se sente totalmente sozinho, abandonado e excluído. A criança quer ser vista e reconhecida como membro da família. No entanto, isso só é possível se os pais admitirem a dor. A dor honra a criança e a reconcilia com seus pais.
Se os pais conseguirem ver e reconhecer o filho abortado como pessoa, reconhecerem que ele deu a vida, e se conseguem aceitá-lo como um presente, no final chegará a paz. Através do sofrimento alcançam uma plenitude que muitas vezes não é possível no nível superficial do riso e da alegria. Este é o prêmio.
A solução para a culpa pelo aborto inclui a obrigação de a mulher informar ao homem implicado. Os homens têm o direito de saber o que aconteceu às suas costas. No entanto, ainda que ele não saiba do aborto, está envolvido do mesmo modo na decisão. Com efeito, quando ele souber mais tarde do aborto, terá que se perguntar como teria agido em relação ao fato se tivesse sido informado na ocasião em que a mulher decidiu por abortar.
As Constelações Familiares mostram o quanto a alma da criança abortada espera que não somente a mãe, mas também o pai assuma o aborto. Muitas vezes o homem tenta se desfazer da responsabilidade transferindo-a inteiramente sobre a mulher. No entanto, a responsabilidade é sempre compartilhada, ainda que caiba à mãe à decisão final uma vez que é do corpo dela que se trata; ou seja, ela pode dizer “sim” quando o pai diz “não” e pode dizer “não” quando o pai diz “sim”.
É importante que se tenha presente que também o aborto vindo de um relacionamento anterior afeta a parceria atual e diminui o vínculo, mesmo quando o novo parceiro sabe sobre o aborto. Com efeito, através do aborto continua atuando em direção ao antigo relacionamento um vínculo firme, especialmente porque ele tem precedência em relação ao posterior.