Curitiba – O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) do MP-PR (Ministério Público do Paraná) deflagrou nessa quarta-feira (7) a sexta-fase da Operação Quadro Negro. Desde o início da manhã foram cumpridos 32 mandados de busca e apreensão em diversas cidades do Paraná.
As diligências foram autorizadas pelo juízo da 9ª Vara Criminal de Curitiba. Segundo o MP, os mandados foram cumpridos nas residências de 29 empresários e de dois ex-servidores públicos nas cidades de Curitiba, Campo Largo, Cascavel e Castro. A ação envolve 22 empresas que mantiveram contratos com o Estado, três delas de Cascavel.
Foram apreendidos celulares, computadores, documentos e cerca de US$ 6 mil em espécie. Não foram expedidos mandados de prisão, mas, segundo o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, quatro pessoas foram presas em flagrante – duas por posse ilegal de arma de fogo, uma por posse ilegal de munição e outra por desacato à autoridade. Essa última seria o irmão de um ex-servidor público estadual, segundo Batisti.
Quem são
Em Cascavel, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência dos seguintes empresários: Vanderli Antonio Silva, da VVS; Plinio Guimarães Bandeira, do Projeto Novo; e, Marco Antonio Guilherme, da Guilherme Construtora.
A reportagem tentou contato com todos eles, mas, por meio de terceiros, disseram que não tinham nada de concreto ainda e não tinham nada a declarar.
Operação teve início em 2015
Iniciada em 2015, a operação investiga o desvio de dinheiro em contratos entre empresas e o governo do Estado para a construção e a reforma de escolas. Ao todo, há dez ações cíveis na Justiça estadual por atos de improbidade administrativa relacionadas ao caso, além de sete ações penais que correm na 9ª Vara Criminal de Curitiba.
O ex-governador Beto Richa (PSDB) é réu em três desses processos, acusado pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva, obstrução de investigação e fraudes à licitação, e chegou a ficar preso preventivamente por 17 dias, mas deixou a prisão beneficiado por um habeas corpus concedido pela 2ª Câmara Criminal do TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná). Ele nega as acusações.
Conforme as investigações, a organização criminosa produzia medições falsas das construções, de modo que as construtoras recebessem o pagamento sem que tivessem, de fato, realizado as obras. O MP afirma que houve mais de R$ 20 milhões em desvios.
O TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado do Paraná) abriu 14 processos, dos quais dez já foram julgados, determinando restituições aos cofres públicos que somam mais R$ 11,8 milhões.