Esportes

Portugal quer superar marca de 3 medalhas em uma edição dos Jogos

GettyImages_82495222.jpgÉ um tanto tímida a presença portuguesa na Olimpíada do Rio. Para o torcedor brasileiro, que viu a seleção de Cristiano Ronaldo conquistar o título da Eurocopa no futebol há um mês, escapa da ponta da língua o nome de qualquer atleta de Portugal que vai disputar os Jogos. E não adianta chutar ? nenhum dos 92 esportistas da delegação se chama Manoel ou Joaquim.

Tem um Emanuel, é verdade, e ele é um dos protagonistas da equipe lusa que sonha superar seu melhor desempenho em uma única edição dos Jogos: as três medalhas conquistadas tanto em Los Angeles-1984 como em Atenas-2004. Ao longo de sua história, Portugal soma 23 medalhas, sendo quatro ouros ? todos no atletismo ?, oito pratas e 11 bronzes.

No Rio, as melhores chances de a bandeira portuguesa figurar no pódio estão no judô, taekwondo, tênis de mesa e canoagem, apontam jornalistas esportivos do país.

? Nosso objetivo é sempre a superação, ir além dos números do passado. O máximo foram três medalhas. Na última, foi uma única medalha. Portanto, o objetivo é fazermos mais ? diz o chefe da delegação, João Garcia, ex-atleta da canoagem em três edições dos Jogos

FORÇA NA CANOAGEM

Foi justamente o time de canoístas que deu a Portugal a única conquista em Londres. A dupla Emanuel Silva e Fernando Pimenta ficou com a prata na prova K2-1000m. Para o Rio, no entanto, eles desfizeram a parceria. Emanuel fará dupla com João Ribeiro, enquanto Pimenta optou por correr sozinho no K1-1000m. Eles ainda tentarão o ouro na prova com quatro atletas, a K4-1000m.

Para alcançar o objetivo, a delegação cresceu, embora ainda seja menor que em Atlanta-1996, quando 107 portugueses participaram das competições em solo americano. Desta vez, a representação portuguesa acolheu outras 15 bandeiras ? um quinto da delegação é formada por nascidos em outros países. São 19 atletas que vêm de ex-colônias (Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe), países europeus (França, Inglaterra, Suíça, Bulgária, Rússia, Ucrânia e Moldávia), africanos (Congo e Costa do Marfim), asiático (China) e norte-americano (Estados Unidos). Há também, claro, dois nascidos no Brasil: a cavaleira Luciana Diniz é de São Paulo e o velejador Gustavo Lima, do Rio.

? Portugal está presente em todo o mundo e, portanto, isto nada mais é que o reflexo do nosso passado, que é o nosso presente e, provavelmente, será o nosso futuro. Somos uma terra pequena, portanto, esse número poderá aumentar no futuro ? admite Garcia.

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O país traz aos Jogos sua a maior delegação feminina, com 30 atletas, uma a mais que em Londres-2012. Para muitos portugueses, é a vez de Telma Monteiro conquistar uma medalha no judô, em sua quarta participação. Ele luta na mesma categoria de Rafaela Silva (-57kg), a primeira brasileira campeã mundial da modalidade.

TRADIÇÃO NO ATLETISMO

Outra atleta frequentemente citada é Ana Cabecinha, estrela da marcha atlética. Depois de terminar o Mundial de Atletismo, em 2015, em quarto lugar, ela alimenta as esperanças do outro lado do Atlântico. O nome mais festejado do atletismo luso, entretanto, é Nelson Évora.

Nascido na Costa do Marfim, ele foi ouro no salto triplo em Pequim-2008, mas não pôde defender o título em Londres por causa de uma lesão. Aos 32 anos, volta às raias dos Jogos como o único campeão olímpico de Portugal em atividade ? uma inspiração para os demais atletas, em especial os 54 que debutam no Rio.

Um deles é Rui Bragança, atual campeão europeu de taekwondo na categoria (-58kg).

? Temos todos os motivos e todas as motivações para fazer bons resultados, tendo em conta que muitos dos atletas presentes têm feito um último ano, em termos de campeonatos da Europa e do mundo, respeitável. São atletas que podem até atingir medalha. Certamente muitos chegarão às finais ? comenta o velejador João Rodrigues.

VELEJADOR CHEGA À 7ª OLIMPÍADA

Escolhido para ser o porta-bandeira de Portugal na cerimônia de abertura, Rodrigues é outro ícone da delegação portuguesa. Seu nome se confunde com a história vitoriosa da vela lusa, o segundo esporte que mais deu medalhas ao país. Atleta do RS:X, a prancha a vela, ele disputará sua sétima edição dos Jogos.

? Sétima e última ? corrige ele. ? Se eu conseguir entrar nos 10 primeiros será uma forma muito bonita de acabar. Mas, depois que tudo que já aconteceu, acho que não é possível fazer melhor do que isto. Foi um percurso muito bonito até agora.

Tão cara à história luso-brasileira, a flotilha portuguesa não deve se sobressair nas águas da Baía de Guanabara. O melhor resultado da equipe no ciclo olímpico foi o quinto lugar da dupla Jorge Lima e José Costa, do 49er, no Mundial de 2014.

Da relação histórica entre Brasil e Portugal, um sobrenome não poderia ficar de fora. Há apenas um Cabral em toda a delegação, e ele quase passa despercebido. É do jovem Paulo Henrique, de 19 anos, zagueiro da seleção portuguesa, que volta aos Jogos depois de 12 anos. O sonho que move a equipe é repetir o feito do time adulto, que conquistou a Europa em julho. O time estreou bem, com vitória por 2 a 0 sobre a Argentina, na quinta.

Porém, a força coletiva está no tênis de mesa. A equipe terminou em quinto lugar o último campeonato mundial. Até o presidente português demonstra sua confiança no bom desempenho.

? Temos campeões que têm provado (suas chances), em provas europeias, mundiais e até em Jogos Olímpicos anteriores. Por isso, a expectativa é muito positiva. Entendemos que há possibilidade de regresso com medalhas, e o presidente acolherá a todos, e de forma especial os medalhados, em Portugal dentro de um mês ? disse Marcelo Rebelo de Sousa, ao entregar a bandeira de Portugal a Rodrigues, na quarta-feira.