Esportes

Moscou-1980, a Olimpíada do boicote ocidental e do ursinho Misha

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Havia um consolo. Entre os 5.615 credenciados para cobrir os XXII Jogos de Moscou eu não seria a única a desembarcar sem jamais ter visto uma prova de atletismo, sem ter qualquer experiência em reportagem esportiva. Eu seria uma infiltrada. Moscou era anfitriã da primeira olimpíada da história a se realizar num país comunista e nenhum órgão de imprensa ocidental queria perder a chance de ter, também, um repórter mais focado na vida do que no esporte na União Soviética. Nove longos anos ainda transcorreriam antes da queda do Muro de Berlim e da implosão do bloco socialista.

Além disso, havia o boicote decretado por Jimmy Carter, presidente dos Estados Unidos, em protesto à invasão do Afeganistão por tropas soviéticas. Carter, alem de proibir com uma canetada a participação dos quase 500 atletas que comporiam a esquadra americana, conseguira a adesão de importantes forças esportivas como a Alemanha, Japão, Canadá.

Mas não conseguiu estragar de todo o festão olímpico preparado ao longo de seis anos pelo camarada Leonid Brejnev. Vários aliados ocidentais dos EUA como a Inglaterra, França, Itália e Espanha concordaram com o boicote americano porém deixaram a cargo de suas federação esportivas a escolha de participar ou não. Obviamente elas optaram por participar, mesmo impedidas de cantarem o hino nacional ou terem a bandeira de seu país içada em caso de vitória em alguma prova.

À época eu havia acumulado uma razoável experiência em espinhosas coberturas mundo afora. Imaginou-se, portanto, que eu conseguiria assimilar in loco o essencial para não fazer feio na parte esportiva da empreitada. Não podia dar certo, é claro. Cobrir ao mesmo tempo o comunismo e o que fosse de mais relevante em 203 provas dos 21 esportes em disputa era encrenca garantida. Ainda mais para uma estreante em olimpíadas.

Misha chorando em Moscou-1980

Levei o mais importante na bagagem de mão: a máquina de escrever mecânica, da qual nenhum repórter se desgrudava naqueles tempos pré internet, pré celular, pré Google, pré mundo digital. Já existiam versões elétricas mas era sempre arriscado depender do fornecimento de energia de terceiros ? ainda mais soviético. Além da Olivetti, uma câmera fotográfica analógica com o obrigatório estoque de filmes de 35mm, vários livros de referência e toda sorte de material de papelaria. Sobrava pouco espaço para perfumarias.

VIGILÂNCIA OSTENSIVA AOS JORNALISTAS

Esperto, o regime de Brejnev tratara de alojar a imprensa estrangeira no glorioso Rossyia. Maior hotel da Europa até ser demolido, era um quatro estrelas adjacente ao Kremlin. Mamute de concreto e aço construído em 1967 para celebrar o 50. aniversário da Revolução Bolchevique, o Rossya não dispunha apenas de quase 6 mil camas em 3.200 quartos e 245 suites. Tinha também, entre outros, cinema, boate, barbearia, agencia de correio, sala de concerto e até uma delegacia de policia com celas camufladas. Tinha, estranhamente, poucas, muito poucas portas de entrada ? e portanto de saída.

O antagonismo entre a imprensa dos países ocidentais e os organizadores era quase tão áspero quanto a rivalidade entre os atletas que disputavam medalhas

Os corredores de seus 21 andares eram quilométricos, mobiliados por cadeiras espartanas fincadas a espaços regulares. Cada uma ficava ocupada dia e noite por uma dezhurnaya irremovível encarregada de coletar a chave quando o hóspede saía do quarto. Impossível escapulir, o controle era total. Quem esperava algum tipo de tratamento preferencial por estar com credencial olímpica, recebeu-a: uma vigilância ostensiva, sem sutilezas.

Qualquer dúvida sobre a probabilidade do seu quarto ser bisbilhotado foi desfeita já nos primeiros dias quando um repórter, não por acaso americano de uma agencia também americana, a Associated Press, encontrou seus pertences vasculhados. O recado foi dado e sinalizou a tônica dos 16 dias de cobertura dos Jogos: o antagonismo entre a imprensa dos países ocidentais e os organizadores era quase tão áspero quanto a rivalidade entre os atletas que disputavam medalhas.

Para receber o que Moscou chamava de ?o maior influxo de estrangeiros desde a invasão napoleônica?, foram plantadas 100 mil árvores, recapeadas 2 mil vias públicas e inaugurado um moderníssimo aeroporto internacional, Sheremetyevo. De início os soviéticos esperavam perto de 300 mil visitantes. Devido ao boicote, contudo, apareceram apenas 60 mil, sendo apenas a metade proveniente de países com moeda forte. Ademais, como os serviços de segurança haviam higienizado a capital, esvaziando-a dos cidadãos considerados pouco confiáveis, o ambiente ficara rarefeito e soturno. Exceto nas arenas olímpicas, onde a ordem era torcer para vencer.

JOÃO DO PULO, A ESPERANÇA DE OURO

Por sorte a final da prova do salto triplo, na qual o brasileiro João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, parecia destinado a levar o ouro, ocorreu quando eu já havia me familiarizado com a cacofonia visual de um estádio de atletismo funcionando a pleno vapor. Como se sabe, mas eu não sabia, dependendo do setor em que o espectador está sentado e em qual competição tem grudada a atenção, ele corre o risco de perder alguma quebra de recorde histórica porque provas de campo e de pista se desenrolam de forma mais ou menos simultânea.

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Eu só fui entender que perdera algo grandioso, apesar de estar sentada no estádio, ao ouvir um inexplicável ronco de êxtase brotando das arquibancadas. Mas era tarde demais – eu deixara de testemunhar ao vivo a eletrizante vitória nos 10 mil metros do etíope de 37 anos Miruts Yifter, físico de arame farpado e seis filhos para sustentar. Restou-me rever o feito no telão e assistir à sua dança no pódio.

Meu primeiro contato com o Estádio Central Lênin fora na charmosa cerimônia de abertura, que incluiu uma saudação da tripulação da estação espacial Soyuz e um show nas arquibancadas onde o público formou os famosos mosaicos com placas de papelão, depois copiados em espetáculos no mundo inteiro. No desfile das 81 delegações , 16 marcharam empunhando a bandeira branca do movimento olímpico, em vez de seus estandartes nacionais. Tudo meio esquisito. Não foi o caso do Brasil, que não aderira ao boicote e desembarcara com109 atletas ? maior delegação oficial à exceção das grandes nações do bloco socialista. A honra de carregar a bandeira verde-amarela recaíra pela segunda vez a João do Pulo. A primeira fora em Montreal – 1976.

Cabo do Exército nascido em Pindamonhangaba, bicampeão pan-americano, bronze na edição anterior dos Jogos e tricampeão mundial com a estonteante marca de 17,89 metros, João chegara em Moscou para buscar o que era seu: o ouro. Estava com 26 anos.

Naqueles idos de 1980 o acesso de repórteres a atletas ainda era relativamente descomplicada ? bastava passar por controles adicionais e obter a anuência do próprio esportista e de seu treinador. Bons tempos aqueles pois com o passar dos anos as estrelas de primeira grandeza foram se tornando quase inacessíveis. Na edição anterior à Rio 2016, por exemplo, a exuberante Lolo Jones, esperança americana nos 100 metros com barreiras, desembarcou assistida por 22 técnicos e cientistas, todos pagos por seu patrocinador principal, Red Bull. Além da equipe técnica de biomecânicos, fisiologistas, psicólogos, nutricionistas, especialistas em recuperação, analistas estatísticos e fisioculturistas, ela contava com uma muralha de assessores de imagem, comunicação, liaison com patrocinadores e agenda. Ainda assim teve de contentar-se com a quarta colocação.

Faltavam 48 para a eliminatória do salto triplo masculino. Sentado sozinho numa arquibancada da Vila Olímpica no limite sul de Moscou, João do Pulo respondia pacientemente à entrevista combinada. Ele sabia que 99,9% dos 103 mil espectadores do Estádio Lênin torceriam contra ele, a favor da prata da casa: Viktor Saneyev. O adorado atleta russo de 34 anos já tinha conquistado três ouros olímpicos consecutivos e tentaria igualar um feito alcançado apenas uma vez na história dos Jogos, pelo americano Al Oerter? quatro vitórias consecutivas, no lançamento de dardo. Em compensação o trunfo do brasileiro intimidava: seu recorde mundial ultrapassava em 45 centímetros o melhor salto da carreira do soviético.

João do Pulo em Moscou-1980

Afável, João sequer se aborreceu quando um carioca com credencial de jornalista (já falecido, por isso omite-se o nome), tão ruidoso quanto espaçoso, achegou-se, abriu uma sacola e pôs se a mercadejar. Tinha uma variedade de coisas a oferecer ao atleta. João gostaria de comprar latas de excelente caviar a preço de banana? Estava interessado em trocar dólares por rublos a um câmbio muito vantajoso?.

Já no primeiríssimo jantar no restaurante do Rossya, eu havia percebido o vibrante comércio clandestino de caviar e cambio negro em curso numa das dependências adjacentes,. O negócio, que parecia ser uma parceria do brasileiro com um garçom do hotel e um taxista, acabou saindo caro para nosso animado colega pois, terminados os Jogos, ele se viu com um baú de rublos dos quais não conseguia mais se livrar.

VAIAS E ASSOBIOS

O Estádio Lênin estava lotado na tarde da sexta feira em que João e outros onze atletas disputaram a final do salto triplo. Para a maioria dos cerca de 450 turistas brasileiros que se despencaram até lá foi uma agonia. Cada competidor tinha direito a seis saltos, e cada salto de João, visto como o inimigo capaz de implodir a apoteose sonhada por Viktor Saneyev, era acompanhado por uma desconcertante cacofonia de vaias e assobios das arquibancadas. ?Se os latino-americanos fizessem isso seriam chamados de índios?, desabafou mais tarde o técnico do brasileiro, Pedro de Toledo.

Embora pouco olímpicas, não foram as vaias que derrubaram o atleta de Pindamonhangaba. Persiste até hoje a forte suspeita não comprovada de que um dos quatro saltos do brasileiro anulados pelos juízes soviéticos foi válida e poderia ter alcançado 17,80 metros, o que lhe teria garantido a medalha de ouro.

Hoje se sabe que o salto triplo foi uma das provas mais polêmicas daqueles Jogos coalhados de controvérsias. Ainda em julho de 2015 , passados portanto 36 anos desde então, a Associação de Atletismo da Austrália insistiu junto à Federação Internacional (IAAF) em ter investigada a anulação também suspeita do salto do atleta Ian Campbell. Tanto o australiano como João tiveram nove de seus doze saltos anulados pela banca de juízes. As chances de protesto eram nulas.

Perdemos de bobeira, perdemos de bobeira

Por acordo selado semanas antes da abertura das competições com o Comitê Olímpico Internacional, todos os árbitros, juízes e fiscais de provas passaram a ser soviéticos. Os próprios métodos de aferição da época eram pré históricos ? no salto triplo, por exemplo, ainda se media o comprimento do salto colocando o dedo na trena. Tampouco existiam câmeras. O atleta, por sua vez, era proibido de voltar à tábua de largada para conferir se efetivamente ?queimara?o salto. E as marcas de alegados erros nunca conseguiam ser aferidas porque os limpadores de pista soviéticos jas apagavam de imediato.

Nem assim Saneyev se tornou tetra. Foi superado por um compatriota mais jovem, Jaak Uudmae. João do Pulo, devastado com a medalha de bronze no peito, enxugava a amargura na manga da camisa do técnico e amigo enquanto repetia uma mesma frase: ?Perdemos de bobeira, perdemos de bobeira?.

O VALOR DE UMA MEDALHA

Fui aprendendo o valor desigual de uma mesma medalha. Para João, aquele bronze era desprezível, tinha valor de esmola. Já para o cestinha Oscar Schmidt, que estreava em Moscou sua longeva participação olímpica, era o oposto. Ver aquele grandalhão que se transformava em bailarino na quadra, aos soluços após o time ser derrotado num suado e sofrido jogo contra a Iugoslávia, dizia tudo. ?Um bronze teria sabor de ouro?, reconheceu naquele dia o técnico Claudio Mortari. O Brasil ficara em quinto lugar.

Sem Duvida um dos momentos mais saborosos dos Jogos foi proporcionado por um italiano. Era a terceira vez que o recordista mundial Pietro Mennea tentava o ouro olímpico nos 200 metros. Semanas antes ele havia concluído seu doutorado em ciências políticas, já estava empregado na Fiat e preparava-se para uma carreira política. Sabia ser esta a sua última chance.

Chegado o dia, Mennea deu uma bela arrancada final na raia 8, conseguiu cruzar a linha de chegada em primeiro lugar e decidiu atropelar a ordem draconiana, até então cumprida por todos os vencedores, de não dar a tradicional ?volta olímpica? no estádio. Feliz da vida com sua conquista, ele não quis nem saber: continuou a correr em volta do estádio com agentes de pista soviéticos esbaforidos no seu encalço. A justificativa oficial dada pelo Comitê Organizador para a exótica proibição foi ainda mais exótica: ?Não se deve excitar em demasia o público esportivo?.

Pietro Mennea em Moscou-1980

Alguns flashes dispersos daqueles Jogos grudaram na minha memória. Um deles ocorreu na piscina Olimpiisky, numa prova feminina na qual eu não tinha qualquer interesse ou curiosidade. Eu acompanhava distraída os preparativos para a largada de uma bateria de classificação dos 100 metros nado livre. Num nano-segundo antes de ecoar o tiro, um corpo se projetou do bloco em direção à água e fez o ginásio emudecer. Era a competidora da raia 8, Monique Drost, da Holanda que havia queimado o sinal. Desqualificada e com o ginásio ainda em silêncio, ela nadou até a borda, saiu da piscina mas não conseguiu andar. Por alguns segundos, permaneceu acocorada em posição fetal. Monique tinha apenas 15 ano. Seu mundo ruiu em público.

Eu começava a descobrir a dimensão de uma olimpíada na vida de um atleta.

O OURO NA VELA

O meu própriomomento de querer sumir ocorreu no dia mais glorioso para o Brasil naqueles Jogos: a memorável terça-feira 29 de julho de 1980 na qual o pais conquistou não uma, mas duas medalhas de ouro. Como se não bastasse, no mesmo dia também alcançou um ótimo 4° lugar, uma 6° e uma 8° colocação num dos poucos esportes que eu deveria cobrir bem por praticá-lo desde a adolescência: a vela.

Moscou deve ter sido a primeira sede de Jogos Olímpicos modernos sem lista telefônica da cidade

Só que eu não estava presente quando tudo aconteceu. As competições de iatismo se realizavam a mais de 1.000 km da capital, no balneário de Tallin, Estônia, e eu estava em Moscou. Para piorar as coisas, sequer era possível entrevistar os vencedores à distancia. Telefones, no encouraçado de Brejnev, eram sobretudo reservados aos escalões mais confiáveis do partido – Moscou deve ter sido a primeira sede de Jogos Olímpicos modernos sem lista telefônica da cidade.

Fazia um quarto de século que o Brasil não comemorava um ouro olímpico ? desde o salto triplo conquistado por Adhemar Ferreira da Silva em Melbourne-1956 e tanto a Veja como os jornais estavam ansiosos para estampar na capa os novos heróis nacionais, com a medalha no peito.

Só que a vitória dos paulistas Alex Welter e Lars Björgström, na classe Tornado, e dos cariocas Eduardo Penido e Marcos Soares, na classe 470, se deu praticamente sem torcida nem imprensa nacional. Por sorte o repórter fotográfico Edson Afonso, despachado pelo editor de Fotografia do Jornal do Brasil Oldemário Touguinhó, chegara a tempo. Edinho, como ele é conhecido até hoje, alugara um avião de 7 lugares através de um intermediário turco e voou sozinho por duas horas e meia até o balneário. Um feito e tanto na União Soviética em que nada fora da norma parecia possível. Chegou a tempo de pegar a alegria dos medalhados e foi o primeiro a fazer e distribuir as imagens que o Brasil inteiro aguardava.

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A vela catapultou o Brasil para sua melhor colocação olímpica até então – 17° lugar, contra 36°, 41°e 35° nas edições anteriores ? , deu seguimento à tradição de bom desempenho no iatismo iniciada antes de 1980, e prenunciou a sucessão de alegrias que a dinastia Grael , o monobloco Scheidt e outros ainda haveriam de proporcionar ao país.

Embora as ausências forçadas de tantos grandes atletas tenha deixado deixou capengas modalidades inteiras, como a natação masculina, o boicote não impediu que 36 recordes mundiais e 73 recordes olímpicos fossem quebrados. Contudo, o fato de nenhum dos 9292 testes antidoping ter dado resultado positivo recomenda cautela – a política estatal de manipulação estava em seu apogeu nos países do bloco socialista. O noticiário recente envolvendo a Rússia de hoje que o diga.

ESPORTE E NEGÓCIO

Duas provas de atletismo nas quais nenhum americano, alemão, japonês ou qualquer outro fizeram falta foram as de meia-distância ? 800 e 1500 metros. O mundo inteiro queria ver apenas o duelo final entre os dois britânicos que se alternavam nos pódios havia anos. E eles estavam a postos. Em Moscou ocorreria o high-noon decisivo, com ambos disputando os mesmos troféus. O menino de ouro Sebastian Coe era ligeiramente favorito nos 800, o introvertido Steve Ovett nos 1500 e o grande frenesi foi amplamente recompensado pois para perplexidade geral, o dramático resultado foi o inverso ? deu Ovett nos 800 e Coe nos 1500.

Um feito notável que chamou pouca atenção pelo atleta vir espremido entre figuras tão estelares foi o 4.° lugar do camiseta 78 nos 400 metros. Era o paraense Agberto Guimarães, movido a esforço próprio Ao longo das três décadas seguintes Coe e Guimarães continuaram a esbarrar um no outro ? primeiro nas pistas, depois pela opção de ambos em administrar o esporte. Hoje, depois de ter sido feito lorde e ter presidido os Jogos de Londres-2012, o midiático Coe chefia a poderosa e conturbada Associação Internacional de Atletismo. Guimarães é o low profile Diretor Geral de Esportes dos Jogos da Rio 2016. Difícil saber qual dos dois, no momento, tem motivos para estar mais estressado.

Além de ter visto Nadia Comaneci, já crescida, ainda domar a trave de equilíbrio, brilhar no solo e encerrar em Moscou sua carreira de ginasta nota 10, assumo meu encantamento irrestrito pelo urso criado pelos soviéticos. Nunca houve nem haverá um mascote como Misha, com sua lágrima de despedida caindo das arquibancadas na cerimônia de encerramento.

Nadia Comaneci – Moscou 1980

Do meu batismo em coberturas olímpicas ficou uma constatação que a cada edição mais se confirma: o negócio é esporte e esporte é negócio. Apesar do draconiano boicote americano que prejudicou uma geração inteira de atletas, a brochura oficial dos Jogos de Moscou foi impressa nos Estados Unidos, todos os telões instalados nos hotéis e dependências olímpicas eram da marca Sony, do Japão, e os 30 mil uniformes dos voluntários haviam sido confeccionados na Alemanha .