
FORA DESDE 1932
Antes do pernambucano, o Brasil só esteve nesta prova olímpica em duas oportunidades: com Otávio Zani, em Paris-1924, e Carmine Di Giorgi, em Los Angeles-1932. Com este jejum quebrado, ficou a impressão de que Wagner poderia ter ido mais além. A marca alcançada na final foi muito aquém do que ele estava planejando, que era lançar algo em torno de 75 e 76m. Foi pior até que os 74,17m que Wagner tinha feito na fase qualificatória. O peso da final e o calor do público mexeram com suas emoções. E a intensidade desse apoio pôde ser medida quando ele foi apresentado ao lado dos outros finalistas pelo telão para o público. Neste momento, Montanha (como Wagner é mais conhecido) teve seu nome ovacionado em um volume ainda mais alto que o da fase qualificatória.
APP RIO OLÍMPICO: Baixe grátis o aplicativo e conheça um Rio que você nunca viu
Ao partir para o primeiro lançamento, ficou claro que Montanha não estava em uma de suas melhores noites, pois mandou sua tentativa inicial direto para rede que cerca o ponto de lançamento. Desta vez, diferentemente da fase qualificatória, Wagner não tinha o técnico esloveno Vladimir Kevo, principal responsável pelo seu sucesso nos últimos anos, na beira da arquibancada para lhe passar instruções. O jeito foi andar em círculos e repetir os movimentos no intervalo entre cada tentativa. De longe, o brasileiro era o que mais andava de um lado para o outro na área de aquecimento. Os outros finalistas preferiam ficar sentados ou fazendo caminhadas curtas para se manterem aquecidos.
Além da pressão do público, o fato de Montanha ter chances reais de pódio pareceu ter mexido com o pernambucano. Afinal, ele chegou ao Rio-2016 como o quarto melhor de sua prova, assim como Thiago Braz, que foi campeão olímpico no salto com vara. Apesar da coincidência, o pernambucano não queria comparação com o medalhista de ouro, mas afirmou que se inspirava na história. Para a final, Montanha avançou com a nona melhor marca das eliminatórias. Entre os 12 finalistas, apenas o bielorusso Ivan Tsikhan (80,04m) e Dilshod Nazarov (78,87m) tinham uma marca melhor que a de Wagner (78,63m) no ano. Já que o polonês Pawel Fajdek, que chegou aos Jogos com as dez melhores marcas do ano (entre 81,87m e 80,10m), decepcionou ao lançar apenas 72m e não conseguiu sequer chegar à final.
Portanto, com a saída precoce de Pawel no decorrer da competição, o pernambucano chegou na final com possibilidades ainda melhores de subir ao pódio levando-se em conta os resultados deste ano. Mas no fundo, ele também sabia que não seria fácil. Pois, no geral, nove dos 12 finalista tinham a melhor marca pessoal superior a de Wagner.
No entanto, desde que chegou aos Jogos, Montanha já havia falado sobre a dificuldade que seria este torneio olímpico. E que seu objetivo inicial seria avançar para a final, o que conseguiu com certo sucesso. Uma vez lá, pretendia chegar entre os oito ou seis primeiros.