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Eletricidade exigida pelo COI está atrasada em cinco arenas

Faltando dois meses para a abertura dos Jogos do Rio, cinco arenas de competição ainda não estão com os sistemas de fornecimento de energia operando. Também há atraso na Vila dos Atletas e no complexo de Deodoro, que recebe neste momento reforço de circuitos, a pedido do Comitê Olímpico Internacional (COI).

O caso mais grave é o do velódromo, cuja infraestrutura elétrica só termina depois da obra, que deve ficar pronta em 15 de julho, a 20 dias do início do espetáculo. Ainda na Barra, os técnicos identificaram que os circuitos da Arena Olímpica do Rio (HSBC Arena), palco da ginástica, e do Estádio Aquático Maria Lenk, que receberá nado sincronizado, saltos ornamentais e polo aquático, precisam de reforço para os Jogos. Essas três ainda não são abastecidas pela subestação olímpica.

No caso do HSBC e do Maria Lenk, houve impasse para saber quem pagaria o reforço exigido pelo COI, que não se justifica para outros espetáculos. Por isso, a arena de ginástica vai usar geradores a diesel em sua operação regular — inicialmente, os geradores supririam apenas falhas de fornecimento.

Outra novidade que gera atraso foi a encomenda de uma linha auxiliar — e de emergência — para o Parque Olímpico. Diante do risco de atentados, a organização decidiu instalar uma linha independente, que não passa pela nova subestação, para iluminar a principal zona de fluxo de pedestres se houver necessidade de evacuação.

No Engenhão, palco do atletismo, que representa 40% dos Jogos, tanto as ligações externas quanto as internas ainda passam por importantes ajustes. O circuito interno foi todo remodelado para suportar a demanda. Porém, o Comitê Rio 2016, sob orientação do COI, solicitou mais reforço de capacidade de carga no começo deste ano. Com isso, a Light se viu obrigada a reforçar os componentes de saída de energia da subestação que atende ao estádio.

Já na Lagoa, a energia da rua ainda não foi conectada à instalação que vai dar suporte às competições de remo e canoagem, atrasando o cronograma de montagem e, com isso, os testes das estruturas temporárias.

PRAZOS, CUSTOS E PROMESSAS

Na Vila dos Atletas, outro problema. Há atraso na implantação dos cabos da linha auxiliar, que garante o fornecimento de energia para os prédios.

Em Deodoro, o COI também pediu, em outubro de 2015, o reforço da infraestrutura de circuitos elétricos. Isso levou à necessidade de criar um terceiro circuito, a fim de desafogar os dois já existentes. Da mesma forma que ocorre na Barra, a energia em Deodoro vem de duas fontes independentes, que previne contra as chances de apagão.

Apesar do atraso, prefeitura, Rio 2016, Light e a Autoridade Pública Olímpica (APO, que faz a mediação entre União, estado e prefeitura) afirmam que tudo estará pronto a tempo da abertura dos Jogos, em 5 de agosto.

— Nossas principais obras já estão prontas. A subestação está pronta e energizada, e ela não tem problema nenhum. Das obras de reforço em andamento, todas serão entregues até o dia 30 de junho — informou o diretor de Engenharia da Light, Dalmer Alves de Souza.

As obras de energia para os Jogos custaram R$ 631,7 milhões, segundo os dados da Light. R$ 443,9 milhões se referem à antecipação do plano de investimentos da empresa.

O governo federal aportou outros R$ 153 milhões, de um total de R$ 187 milhões previstos. Porém, parte da economia se desfez devido aos reforços de estrutura, que impactaram em cerca de R$ 40 milhões os investimentos já executados, dinheiro que deve vir de um tributo embutido nas contas de luz: a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

— O processo é dinâmico. As demandas de energia mudam. Isso exige dos parceiros reação rápida e constante. Todos os parceiros têm certeza que tudo será entregue e que todos os projetos estão em fase final de execução — disse o diretor de Comunicação da Rio 2016, Mario Andrada.

EFEITO CASCATA SOBRE SERVIÇOS

A Olimpíada também consome R$ 395 milhões (R$ 290 milhões da União, R$ 85 milhões do estado e R$ 19 milhões do comitê) com a contratação de geradores, sem legado para a cidade.

— Estamos monitorando as ações, que são de vários atores. As entregas estão sendo feitas. E confiamos que os trabalhos serão concluídos a tempo — afirmou o presidente da APO, Marcelo Pedroso.

Como impacto do atraso, outras estruturas estratégicas ficam comprometidas. O prédio construído para abrigar o suporte de telecomunicações da operadora oficial dos Jogos, por exemplo, ainda não foi energizado. Este trabalho, assim como acontece no velódromo, só pode ocorrer depois que todas as ligações de energia das arenas estiverem concluídas.