SÃO PAULO ? O clima era de tensão e consternação no velório de Moacir Bianchi, fundador da torcida organizada Mancha Verde, na manhã desta sexta-feira, no Cemitério Jaraguá, zona norte da capital paulista. Centenas de pessoas com camisas do Palmeiras e da Mancha passaram pelo local para se despedir de Moacir, que foi assassinado na noite da última quarta-feira. Segundo a investigação da 1ª Delegacia de Divisão de Homicídios, responsável pelo caso, o carro de Moacir foi alvejado com 22 tiros em um cruzamento de uma avenida na zona sul da capital. O corpo foi enterrado no começo da tarde.
Discretamente, amigos de Moacir comentavam no velório que ele estava insatisfeito com os rumos dados à agremiação por outros grupos, supostamente ligados a facções criminosas, que dominavam a torcida nos últimos tempos. Brigas vinham ocorrendo em decorrência dessa disputa e o acirramento da tensão aumentava com a troca de acusações e promessas de vingança entre os rivais por redes sociais.
Em sua página no Facebook, o presidente de honra da Mancha, Paulo Serdan, publicou nessa madrugada um texto endereçado a Moacir em que acusa atual a diretoria por destruir a organização. ?Acabaram com nossa torcida já há anos e eu te falava isso, Moa, eles não nos querem lá, mesmo assim você não desistia e não desistiu ate o fim?, escreveu Serdan.
Segundo ele, nas discussões recentes, Moacir chegou a ser chamado de ?verme? pelo atual presidente da agremiação, Nando Nigro, que sofreu uma grave agressão há cerca de 10 dias. Alguns integrantes da Mancha imputaram a Moacir a responsabilidade pelo espancamento. Moacir era empresário do ramo de bares e boates.
Na quinta-feira, depois de confirmada a morte de Moacir, a Mancha anunciou o encerramento de suas atividades por tempo indeterminado.
A Mancha Verde foi fundada há 34 anos. Em 1995, foi extinta judicialmente, depois de se envolver em uma briga no Pacaembu que deixou mais de cem feridos e um ferido. Ressurgiu como Mancha Alviverde na sequência.