A dupla Martine Grael e Kahena Kunze inicia neste sábado, em Miami, o terceiro ciclo olímpico da carreira. Seria mais um, não fosse um grande detalhe: o ouro conquistado no Rio. Agora, a alcunha de medalhistas olímpicas vai acompanhá-las em todas as competições. Mas elas não se preocupam com isso.
O retorno às águas será longe de casa, mas em um ambiente favorável. Nas duas últimas edições do Mid Winters, elas voltaram com um ouro em 2015 e um bronze em 2016.
? Voltamos a treinar em dezembro, demos um gás na água. Sempre temos que ter um objetivo, um campeonato pela frente. Esse é o primeiro ? disse Kahena, em evento na Marina da Glória, mês passado.
O ciclo olímpico rumo a Tóquio-2020, no entanto, começará devagar. As meninas não fizeram um planejamento de competições a longo prazo. Depois de três meses de férias do barco que as levou ao ouro, elas vão decidir torneio a torneio e pretendem mesclar com outras prioridades, como os estudos. A dupla almeja retornar à faculdade neste primeiro ano pós-Jogos.
? Não sei se conseguimos terminar, mas vamos recomeçar. Fazer faculdade e o esporte ao mesmo tempo é um desafio ? reconhece Martine, que trancou a faculdade de engenharia ambiental e perdeu sua inscrição da UFF.
Kahena, que também cursava engenharia ambiental, acredita que o ritmo mais lento não prejudicará a temporada da dupla.
? A hora de recomeçarmos é agora. Temos que aproveitar que estamos com as manobras na ponta da língua, toda a preparação está recente ? admitiu a velejadora.
Estreia de Scheidt na 49er
O ano pós-Olimpíada reserva outro desafio: a manutenção dos patrocinadores. Apesar de a dupla ter o ouro olímpico como trunfo nas negociações, não há garantia de nada. Elas conseguiram manter dois patrocínios de empresas privadas. A continuidade da parceria com a Embratel depende do governo.
? O interesse no Brasil aumentou antes dos Jogos, e deve diminuir um pouco agora. Esperamos que o ouro faça diferença. Mas patrocinador é sempre uma incógnita. Temos que esperar o melhor, preparadas para o pior ? ensina Martine Grael.
O Miami Mid Winters também vai ser a estreia do multicampeão Robert Scheidt na 49er, ao lado do proeiro Gabriel Borges. Depois do quinto lugar nos Jogos do Rio na Laser (da qual é bicampeão olímpico), o velejador de 43 anos (também prata e bronze na Star) decidiu mudar de classe mais uma vez. A etapa servirá de treino para a dupla, que começou a velejar em setembro do ano passado.
O torneio vai até o dia 16 e serve de preparação para a etapa de Miami da Copa do Mundo de vela, a partir do dia 22, no mesmo local.