Bastou assistir a uma decisão de vôlei, a da Copa do Brasil, entre Rexona-Sesc e Camponesa/Minas, no final de janeiro, para a vontade de estar em quadra aflorar. Mas teve mais: Sheilla, uma das melhores jogadoras do Brasil, bicampeã olímpica, teve certeza de que ainda é extremamente competitiva quando um simples relógio passou a ditar o ritmo de suas corridas, um dos hobbies recentes.
? Comprei na Tailândia e serve para marcar o meu tempo de corrida. E, quando superava minha marca, ganhava um troféu. Eu só queria saber de ganhar esse troféu! Corria para ganhar o troféu (risos). Tanto é que nem sei meu melhor tempo para as curtas distâncias, as que eu mais fazia. Foi aí que tive certeza que sou muito competitiva mesmo, que gosto disso e sempre quero mais ? conta a jogadora que se permitiu longo período de descanso após a Olimpíada do Rio. ? Como perco peso rapidamente, tive de diminuir a corrida. Mas voltei ao pilates, estou fazendo trilhas, malhando…
Sheilla teve a proeza de emagrecer nas férias. Hoje, pesa 64,5kg. Para a Rio-2016, estava forte e com 70kg (sua média quando está jogando é 68kg). Foi no Maracanãzinho, na eliminação contra a China, que encerrou a carreira com a camisa do Brasil. Desde então, não pegou mais na bola. Não aceitou convite de nenhum clube, na Itália, na Turquia ou no Brasil para a atual temporada. Sequer ouviu propostas.
? Fiquei uns quatro meses sem sentir a mínima falta do vôlei. Queria estar com a minha família, meu marido. Em janeiro, ferrou. Na final da Copa do Brasil, senti um frio na barriga, mesmo fora da decisão, assistindo. Pintou uma saudade.
Nas férias, Sheilla se dedicou à avó Teresinha, de 85 anos, que a criou, ao marido Brenno Blassioli, ex-jogador de basquete e auxiliar técnico do Brasília, e ao ?novo apartamento?, em Belo Horizonte.
? Já tinha esse apê há uns onze anos, mas somente agora, eu e o Brenno conseguimos passar uma noite lá. Quebrei tudo após a Olimpíada e criamos uma área gourmet. É a parte que mais gosto por causa da vista livre, já que estamos em frente ao Minas Tênis Clube. O sofá acabou de chegar, é elétrico, o marido fez questão.
Agora, ela quer voltar ao batente. Mas com uma condição: atuar no Brasil. Seu último clube foi o Vakifbank, da Turquia. Jogou dois anos no país, além de quatro na Itália.
? É possível que desde os 14 anos, quando fui para a seleção juvenil mineira e brasileira, que eu não tinha um tempo assim. Não lembro. Mesmo em 2015, quando o Zé Roberto me deu um período de descanso da seleção, após temporada puxada na Turquia. Porque eu não tinha desencanado, treinava o físico ? lembra Sheilla, que chegou à seleção adulta em 2002.
SELEÇÃO NÃO TEM VOLTA
Ela diz que não tem preferência por clube ou cidade:
? Meu marido mora em Brasília, sua família é de São Paulo e a minha, de Minas. Não faço questão de fechar com um clube de BH. Faço questão que seja no Brasil.
Sobre um possível retorno à seleção, afirma que esta é uma decisão tomada ?há tempos?.
? Só voltaria se fosse para me dedicar 100% como sempre foi. Não dá para ir pela metade. Conversei com o Zé Roberto recentemente. Ele sabe que precisa de renovação. Esse é o caminho. Se eu voltasse, veja, tenho 33 anos, e seria uma incógnita para 2020. Ele precisa de algo certo ? lamenta a jogadora, que cita como possíveis apostas Lorenne (oposta do Sesi, de 20 anos) e Natália (ponta do Fenerbahçe, de 27 anos). ? Estou em outro momento da vida. E não quero mais abrir mão disso tudo que faço hoje.