Esportes

Após Portugal, Confederação de Judô estuda seguir os treinos no Brasil

A expectativa é que a delegação brasileira chegue em Portugal entre 9 e 15 de julho

Ketleyn Quadros, Brasil, Grand Slam de Judô Brasília 2019.
Ketleyn Quadros, Brasil, Grand Slam de Judô Brasília 2019.

A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) já estuda cenários para prosseguir no Brasil, com os treinos que terão início em Portugal. A partir de julho, um grupo de atletas que disputam vaga olímpica nos Jogos de Tóquio (Japão) começarão a treinar do outro lado do Oceano Atlântico. A cidade portuguesa de de Rio Maior será a primeira parada da delegação brasileira, que permanecerá cerca de dois meses treinando em território lusitano, na Europa. O grupo com 28 judocas faz parte de um  um projeto do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para viabilizar a preparação para a Olimpíada. Os treinos presenciais no Brasil foram suspensos há pelo menos três meses em decorrência da pandemia do novo coronavírus (covid-19).

“Há um projeto para os atletas terem uma sequência até que o calendário internacional seja confirmado e eles estejam prontos para competir”, afirma à Agência Brasil o gestor de Alto Rendimento da CBJ, Ney Wilson. “A ideia é que possamos montar uma estrutura a esses atletas e alguns outros que possamos convocar, obedecendo protocolos de testagem e tudo, e que a gente os leve para algum local e dê continuidade. É difícil falar hoje [sobre datas e locais] pensando em setembro. Não sabemos em qual cenário estará o Brasil. Há regiões achatando a curva de contaminação e outras em ascensão”, completa.

A expectativa é que a delegação brasileira chegue em Portugal entre 9 e 15 de julho e permaneça no país até 23 de agosto. A primeira parada será na cidade de Rio Maior, onde se encontra o principal centro de treinamento olímpico português. Em seguida, a equipe irá a Coimbra para trabalhar junto da seleção lusitana de judô.

“Faremos testes antes da viagem. Não só o de sorologia, para ver se há produção de anticorpos, mas, perto do embarque, faremos o de PCR (que detecta a presença do vírus). Além de outros exames, como eletrocardiograma e de d-dímero  [capaz de identificar trombose]. Chegando lá, vamos direto ao laboratório, realizaremos novos testes, e os resultados saem em até 72 horas. Nesse período, não haverá treino em conjunto e as refeições serão no quarto. É um protocolo bem rigoroso. Passadas as 72 horas, não tendo contaminação, começamos a trabalhar, obedecendo protocolos, com três subgrupos no masculino e três no feminino. Gradativamente, a gente juntará esses grupos”, detalha Wilson.

O longo tempo de inatividade dos convocados, devido às restrições para atividades impostas pela pandemia, preocupa o dirigente da CBJ quanto às lesões. “O atleta pode até estar condicionado fisicamente, mas entre o que ele pensa e consegue executar, a memória motora é menor, porque ele não está mais fazendo o trabalho específico do judô. A ideia de ir a Portugal é botá-los o maior tempo possível com a mão no quimono, mas entendemos que as primeiras semanas serão de readaptação e prudência”, explica.

Ainda não há previsão de quando as competições internacionais de judô serão retomadas. Em nota, o presidente da Federação Internacional da modalidade (IJF, sigla em inglês), Marius Vizer, diz que o plano é recomeçar o circuito mundial em setembro, mas, reconhece que o impacto da covid-19 “está fora do controle” da entidade. Se a previsão da IJF se confirmar, o primeiro torneio – conforme o calendário – será o Grand Prix de Zagreb (Croácia), entre 18 e 20 de setembro. O cronograma prevê ainda o Grand Slam de Brasília, em outubro.

Por hora, a única competição com data assegurada é a Olimpíada de Tóquio, no ano que vem. As disputas do judô estão previstas para 24 a 30 de julho. Se os Jogos fossem disputados hoje (23), o Brasil teria qualificados nas 14 categorias, mas com a incerteza sobre a presença ou não da carioca Rafaela Silva. A atual campeã olímpica aparece na zona de classificação da categoria até 57 quilos, mas ainda cumpre punição por doping e, no momento, não poderia competir no Japão. Ela recorreu à Corte Arbitral do Esporte (CAS, sigla em inglês) e aguarda julgamento. Em entrevista anterior à Agência Brasil, Wilson disse acreditar na redução da pena de dois anos.

Para o dirigente, a mudança dos Jogos para 2021 foi positiva à seleção brasileira, de forma geral. “Temos um processo de renovação bem acentuado na equipe masculina, onde parte dos atletas não possui experiência olímpica, e um ano [a mais] permite um amadurecimento grande, desde que tenhamos condição de retornar [aos treinos]. Acho que, em um ano, conseguimos classificar a categoria até 73 quilos (masculina) sem depender de uma cota continental, e colocar atletas entre os cabeças de chave na Olimpíada. Claro, há atletas que estavam chegando muito próximo do ideal e tiveram que se replanejar, mas nada que não tome rumo”, conclui.