Esportes

Antes da política e da aposentadoria, Iziane retorna ao Jogos

RIO ? Antes de o Brasil entrar em quadra, hoje, às 17h30m, contra a Austrália, Iziane dará um dos seus últimos discursos de preleção como capitã da seleção feminina de basquete. Daqui a duas semanas, a ala, que é dúvida por causa de lesão na panturrilha direita, trocará de palco. Ela usará o palanque como candidata a vereadora pelo PSL (Partido Social Liberal), de São Luísa, no Maranhão. Links basquete

A jogadora, no entanto, adiará o início da campanha, que começa dia 16, caso a seleção avance na competição ? as finais são dia 20. Iziane, inclusive, só faz política para falar dos seus projetos em São Luís, como o instituto que leva seu nome na cidade, e promove projetos esportivos com jovens até 12 anos.

? A campanha fica para depois, até lá vou me concentrar na seleção ? diz.

Sem querer se aprofundar nas questões políticas do país ? seu partido era da base aliada do governo Dilma, e depois se retirou para votar a favor do impeachment ?, Iziane deixa para depois os projetos de leis e respira rebotes, assistências e arremessos. Apesar da lesão sofrida há pouco mais de 20 dias, ela é a principal jogadora do time, com a experiência de ter rodada o mundo ? WNBA, Turquia, Rússia ? e a consistência dos números. Nas duas últimas competições, a Copa América, em 2015, e o sul-americano deste ano, ela foi a maior pontuadora do time.

? Nós contamos com ela. Se não for para esse jogo, esperamos para o próximo ? afirmou o técnico Antônio Carlos Barbosa.

No último amistoso, contra a China, no banco de reservas, seus pés inquietos mostravam a impaciência de quem não tem tempo a perder. A duas semanas da aposentadoria, Iziane vive os últimos momentos numa quadra de basquete com a certeza de que esta realmente é a chance final. Conheça todos os esportes olímpicos da Rio-2016

Para quem esperou dois ciclos olímpicos completos, é compreensível a ansiedade de ver a bola jogada ao alto, como espelho de seu breve recomeço. Porém, o mesmo tempo que acelera o fim foi o responsável pela maturidade que a trouxe de volta. Depois de ficar ausente em 2008 e 2012, por indisciplina, a jogadora de 34 anos soube, em quadra, retomar a confiança da comissão técnica.

? Eu mudei muito nesse período. Hoje, a minha consciência de treinamento, de quadra, de jogo é outra. Estou bem mais completa, tenho uma leitura de jogo que só o tempo me deu. Quem me dera se eu tivesse essa percepção com a idade da Iziane dos Jogos de 2004 (22 anos) ? afirma a maranhense, que perdeu duas Olimpíadas por primeiro se recusar a entrar numa partida no pré-olímpico de Pequim, e, depois, ao levar o namorado para a concentração antes do início do torneio em Londres, e acredita num bom começo do time. ? Dificilmente as equipes favoritas começam superbem. É estreia, é o primeiro jogo numa Olimpíada, e temos que aproveitar esse momento.