Esportes

Amanda Lindhout

No mercado internacional, o ouro é uma commodity que tem seu preço atrelado a uma série de variáveis econômicas e fica mais cara em cenários de instabilidade. Atualmente, o grama custa cerca de R$ 140. Mas, a cada quatro anos, os Jogos Olímpicos exercem uma cotação própria, que despreza a lógica da regulação do metal mais precioso do planeta. Em busca de estímulos para seus atletas, governos e comitês olímpicos de todo o mundo estipulam premiações próprias para os medalhistas, com critérios que dizem muito sobre o tamanho de suas ambições internacionais e movimentam as bolsas de apostas.

As maiores premiações são para os medalhistas de ouro em esportes individuais. De acordo com um levantamento publicado pelo diário espanhol Marca, a maior recompensa vem do Uzbequistão, que pagará 800 mil euros (aproximadamente R$ 2,9 milhões) para cada herói olímpico. A generosidade do país que tira a maior parte de suas receitas da exploração de petróleo e gás natural é calculada: em Londres-2012, a ex-república soviética só subiu ao degrau mais alto do pódio duas vezes.

A medalha de prata neste quesito fica com Singapura, que pagará 720 mil euros aos campeões (cerca de R$ 2,6 milhões). Com 200 mil euros de premiação (R$ 726 mil), o Cazaquistão fica com o bronze neste pódio do reconhecimento. Há quem opte por dividir os valores: é o caso da Tailândia, que paga 340 mil euros (R$ 1,2 milhão) em parcelas mensais ao longo de 20 anos.

Quarta colocada dos Jogos Olímpicos de Londres-2012 em número de medalhas, a Grã-Bretanha ficou à frente da Rússia em número de ouros. Com o banimento de boa parte do país da edição deste ano por dopping, os britânicos são candidatos naturais ao terceiro lugar da classificação geral da Rio-2016, mas não poderão contar com qualquer incentivo financeiro para isto: o comitê olímpico local não pagará qualquer bonificação especial para os medalhistas.

Dono da casa, o Brasil espera nesta edição terminar pela primeira vez entre os 10 primeiros colocados, mas o país sequer está presente no ranking da premiação, divulgado apenas com as 20 nações que mais melhor recompensam os atletas. O COB avalia que, para atingir a meta, precisará conquistar 27 medalhas. Para isto, mobilizou a iniciativa privada para ajudar: patrocinadores prometeram gratificar os medalhistas com R$ 35 mil em caso de modalidades individuais e R$ 17.500 de coletivas, independentemente da posição do no pódio. Os valores não incluem premiações previstas em contratos individuais com patrocinadores e empresas de material esportivo.

Há, no entanto, países onde a remuneração não é o mais importante e, acredite: isto tem pouco a ver com o espírito olímpico. Em tensão permanente com a vizinha Coréia do Norte, a Coréia do Sul tem um duro serviço militar obrigatório de dois anos para os homens, e a medalha olímpica é um raro caso de isenção prevista em lei. Esta foi uma das principais motivações da seleção sul-coreana de futebol, que venceu o Japão por 2 a 0 e conquistou o bronze em Londres-2012.

O PREÇO DO OURO

1º) Uzbequistão – R$ 2.904.000

2º) Singapura – R$ 2.613.600

3º) Azerbaijão – R$ 1.687.950

4º) Tailândia – R$ 1.139.820

5º) Cazaquistão – R$ 726.000

6º) México – R$ 522.720

7º) Itália – R$ 508.200

8º) Rússia – R$ 490.050

9º) Espanha – R$ 341.220

10º) Hungria – R$ 217.800

11º) Peru – R$ 192.390

12º) França – R$ 181.500

13º) Bolívia – R$ 163.350

14º) China – R$ 113.982

15º) EUA – R$ 82.401

16º) Austrália – R$ 68.970

17º) Japão – R$ 65.340

18º) Fiji – R$ 43.560

19º) Quênia – R$ 32.089

20º) Indonésia – R$ 4.973 (por mês)