Educação

Unioeste: Professores cruzam os braços e cerca de 14 mil alunos ficam sem aulas

Unioeste: Professores cruzam os braços e cerca de 14 mil alunos ficam sem aulas

Cascavel – A semana iniciou sem aulas para cerca de 14 mil alunos dos cinco campi da Unioeste (Universidade do Oeste do Paraná) porque os professores cruzaram os braços por tempo indeterminado. Em Cascavel, a adesão à greve deixou todas as salas sem aula. Porém, os professores que atuam nos serviços de saúde tiveram que atuar para manter o atendimento que é considerado essencial.

Em todo o Paraná, mais de 80 mil estudantes estão sendo afetados pela greve nas seis universidades estaduais pela greve de professores iniciadas ontem. Além da Unioeste, a Unespar (Universidade Estadual do Paraná), UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná), UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), UEL (Universidade Estadual de Londrina) e UEM (Universidade Estadual de Maringá ), também cruzaram os braços.

Alunos são contra

Prejudicados diretamente pela greve dos professores, na semana passada, alunos que fazem parte do DCE (Diretório Central Estudantil), do Campus de Cascavel da Unioeste, estiveram reunidos para também deliberarem sobre a greve dos professores. Aqueles que se colocaram contra a greve, 51,2%, dos presentes, pelo “calendário acadêmico apertado”; “acordos preliminares com empresas de transporte” e porque faltam apenas “dois meses para a formação de acadêmicos dos últimos anos”.

De acordo com registros nas redes sociais do DCE de Cascavel, mesmo assim, os acadêmicos reconhecem as reivindicações feitas pelos docentes. Dos alunos presentes à assembleia, 42,2% foram a favor da paralisação e 1,6% se abstiveram do voto. Vale lembrar que muitos acadêmicos foram prejudicados com as dificuldades impostas pela pandemia que, de certa forma, “desorganizou” o calendário acadêmico.

Reajuste de 42%

A greve iniciada ontem na Unioeste foi aprovada no último dia 9 de maio durante assembleia convocada pela a Adunioeste (Seção Sindical dos Docentes da Unioeste). Eles reivindicam reajuste de 42%, sendo que a proposta de reajuste do Governo do Estado é de cerca de 6%.

Segundo a Adunioeste, além das perdas acumuladas durante os sete anos sem a reposição salarial, que fecham os 42,16%, o Governo do Paraná “tem uma dívida” de 3,39% com os servidores, referente à data-base de 2016, que ainda não foi paga, mesmo diante de determinação judicial. O governador Ratinho Júnior anunciou no dia 31 de março a reposição de 5,79% aos servidores estaduais e, desde então a categoria, por meio de seus sindicatos e seções sindicais, vem se mobilizando em todo estado.

O sindicato reclama que a proposta apresentada pelo Estado é bastante inferior às apresentadas a outras categorias. Segundo a presidente da Adunioeste, Sabrina Grassiolli, os professores da Educação Básica o reajuste chegou a 13,25% com a recomposição do piso e o executivo federal chegou a 9%. Nos cinco campi são aproximadamente 1,2 mil professores.

Unioeste se posiciona

Em nota, a diretoria da Unioeste esclareceu que, apesar da greve dos docentes, as atividades administrativas seguem normalmente em todas as suas unidades e lembrou que o Sinteoeste, que é o sindicato formado além de docentes, pelos agentes universitários da universidade, tem sua assembleia marcada para a próxima quarta-feira (17), onde deliberará sobre o tema. Para dúvidas sobre o andamento das atividades acadêmicas, é importante que procurem diretamente seus colegiados e coordenações para os encaminhamentos pertinentes.

A reitoria da Unioeste reforçou o respeito aos docentes e também ratificou a importância de uma conversa resolutiva entre todas as esferas para que as aulas sejam normalizadas o mais breve possível, preservando sempre toda comunidade acadêmica. Ao todo são 86 cursos que compõem os 38 programas de pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado). “Ratificamos nosso compromisso com a educação de qualidade que transforma a sociedade e que as decisões tomadas sejam sempre para o bem comum do papel que ela ocupa entre a população”, finalizou a reitoria.

Foto: Unioeste/Divulgação

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Salários de docentes têm variações até R$ 54 mil

Em pesquisa ao Portal da Transparência do Governo do Paraná, a reportagem do Jornal O Paraná analisou salários de alguns professores acadêmicos a partir das informações públicas que estão disponíveis e acessíveis a toda população. Dos menores aos maiores salários, os valores variam de R$ 1,1 mil a R$ 54 mil, dependendo da função e da quantidade de aulas do profissional. Pelo o nome ou pela a função, é possível ter acesso às informações.

Para se ter uma deia, no exemplo de um holerite de uma professora acadêmica, que ingressou em 1987 o salário base é de R$ 10.183,19, acrescido de R$ 13.238,14 de “adicionais e de gratificações”, somado ainda a “outros valores” (sem detalhamento) R$ 30.838,71, totalizando R$ 54.260,04 pagos em abril.

Como são muitos professores os salários são os mais diversos e também não têm a relação de horas trabalhadas. O que chama atenção é que a maior parte dos docentes tem salários líquidos variando entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. Também chama atenção que os “adicionais”, não detalhados no portal, “engrossam” os salários de forma significativa.

Leitor que tiver curiosidade e quiser conferir os valores, basta entrar no portal (www.transparencia.pr.gov.br) e navegar pelos links “pessoal” e “remuneração”.

O que funciona?

Pelas as redes sociais e presencialmente, o Comitê de Ética do Comando Geral de greve entregou panfleto que descreve a manutenção das atividades essenciais durante a greve, decisões que foram tomadas pelo grupo na última sexta-feira. Para a graduação ficou entendido como atividades essencial os estágios iniciados e em andamento, atividades que envolvem convênios externos e com calendário e convênios já firmados.

No caso de pós-graduação podem ser realizadas preenchimento da coleta Capes, bancas agendadas, eventos que tenham sido pré-agendados com convite a palestrantes e que envolva a participação da comunidade externa e residências hospitalares. Nas áreas de pesquisa e de extensão, podem ter continuidade atividades que envolvam seres e organismos vivos, programas com atendimento a comunidade, como das clínicas, farmácia escolas e de prestação de serviço.