WASHINGTON ? A nova ordem executiva do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre imigração retirará o Iraque da lista de países cujos cidadãos terão a entrada proibída no território americano, disseram fontes em condição de anonimato. A assinatura da segunda versão do decreto ? cujo texto original foi suspenso pela Justiça americana ? poderá acontecer já nos próximos dias. Inicialmente, o republicano havia determinado que pessoas de sete países de maioria muçulmana fossem barradas; mas, depois de uma batalha entre a Casa Branca e a Justiça, o governo Trump sofreu uma constrangedora derrota logo no início do mandato quando o veto migratório foi derrubado.
Segundo as quatro autoridades que falaram à Associated Press, a decisão do governo vem em resposta à pressão do Pentágono e do Departamento de Estado. Os órgãos instaram a Casa Branca de Trump a reconsiderar a retirada do Iraque da lista pelo seu papel-chave na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico.
As outras seis nações (Irã, Síria, Iêmen, Líbia, Somália e Sudão) deverão seguir na lista de países vetados, explicaram as fontes. O decreto terá validade de 90 dias e deverá incluir outras mudanças. Para os refugiados sírios, que haviam sido banidos por tempo indefinido, a suspensão agora será de 120 dias ? o mesmo tempo de suspensão para a admissão dos novos refugiados.
O primeiro decreto de Trump foi assinado no fim de janeiro, poucos dias após o novo presidente tomar posse. Rapidamente gerou caos nos aeroportos, tomados por protestos, e pânico para os passsageiros detidos ao desembarcarem de voos que chegavam aos EUA. Antes que a ordem fosse suspensa, o Departamento de Estado revogou aproximadamente 60 mil vistos válidos.
Em seu primeiro discurso ao Congresso, na terça-feira, Trump defendeu a sua medida.
? Logo daremos novos passos para manter nossa nação a salvo e deixar de fora aqueles que nos fariam danos ? declarou.
CONTRADIÇÕES SOBRE IMIGRAÇÃO
No discurso, Trump adotou um tom relativamente duro contra a imigração ilegal, embora tenha dito horas antes, em um encontro com âncoras de TV, que defendia uma lei que poderia ser um caminho para legalizar milhões de ilegais.
? Ao cumprir nossas leis de imigração, aumentaremos os salários, ajudaremos os desempregados, economizamos bilhões de dólares e tornaremos nossas comunidades mais seguras para todos ? disse, no Congresso.
Horas antes, havia adotado outro tom:
? É o momento certo para um projeto de lei de imigração, desde que haja um compromisso de ambos os lados ? disse a jornalistas de TV na Casa Branca.
Nem mesmo Barack Obama, um presidente pró-imigrantes, conseguiu aprovar uma lei a favor deles, apesar de ter tido maioria parlamentar em seus dois primeiros anos. Segundo fontes da Casa Branca, Trump está ansioso para aprovar um projeto de lei de imigração que abriria caminho para a legalização de milhões, desde que não tenham cometido crimes graves ou violentos, e ainda trabalhem e paguem impostos.
Fontes explicam que o projeto não facilitaria a cidadania ? exceto para os chamados dreamers, que chegaram aos EUA quando crianças ou jovens ?, mas permitiria status legal. O surpreendente é que isso contradiz tudo o que Trump tem feito.
? Os desafios que enfrentamos como uma nação são grandes, mas nosso povo é ainda maior ? concluiu, após defender o aumento de gastos militares e prometer mais recursos para os veteranos.