Cotidiano

Rtimo lento: Construção civil acumula estoque de 2,8 mil imóveis

Inaugurações deste ano são obras antigas; lançamento de obras diminuiu

Cascavel – A construção civil não escapou dos impactos de uma das piores crises econômicas da história do País. Aliás, o segmento foi um dos que mais demitiu trabalhadores e somente em 2015 cerca de 500 mil pessoas perderam o emprego por consequência da falta de repasses do governo federal às obras, sobretudo, pelo programa Minha Casa Minha Vida.

Embora as dificuldades na região Oeste tenham sido encaradas de uma forma menos agressiva comparadas às demais localidades do Brasil, o setor precisará de incentivo para retomar o ritmo de construções e encerrar 2016 com um saldo positivo. Além da oferta de crédito, as condições do tempo e o agronegócio serão imprescindíveis.

“O número de lançamentos de empreendimentos diminuiu. O que as construtoras entregam hoje são obras iniciadas há dois anos. As empresas deverão esperar por um cenário econômico mais sólido para voltar a investir e o resultado da nossa agricultura definirá o caminho”, avalia o presidente da regional do Secovi-PR (Sindicato da Habitação e dos Condomínios), Luiz Antônio Langer.

O atual cenário da construção civil em Cascavel se resume com cerca de 2.800 imóveis no estoque, desses, 900 são apartamentos. A quantidade de casas, sobrados e apartamentos vazios à disposição para venda e locação, entretanto, não desanima o Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná), que avalia o desempenho regional do setor.

A justificativa é de que o estoque não está acima da demanda que se espera para o mercado imobiliário.

“Cascavel tem 104 mil residências no mapa. A taxa de crescimento vegetativo é de aproximadamente 3% ao ano. Neste sentido, o consumo é de aproximadamente três mil casas, sobrados e apartamentos”, afirma o presidente do Sinduscon/Oeste, Edson de Vasconcelos.

Demissões

Até o mês de novembro de 2015 a construção civil encerrou 610 postos de trabalho no Oeste. Em todo o Paraná, o saldo foi de 9.562 vagas a menos.

“As demissões em Curitiba ocorreram já em 2014. Aqui se agravaram mais tarde, pois a personalidade local tem menor dependência de estímulos do governo para fazer o mercado da incorporação funcionar”, argumenta Vasconcelos.

Novo perfil

Uma pesquisa contratada pelo Sinduscon revela que itens antes essenciais para a escolha de um apartamento não são mais prioridades entre os compradores.

“A maioria têm preferência por locais com uma espécie de ‘pet ground’ para os cachorros do que área de lazer para crianças”, afirma Vasconcelos.

A mudança na formação das famílias tem peso nessa procura.

“Nossos pais tinham no mínimo cinco irmãos, nós apenas dois e novas gerações podem preferir cachorros em vez de filhos”, ressalta.

Atender as exigências é o desafio dos construtores. Assim como as churrasqueiras nas sacadas, influenciadas pela forte cultura da região, surgem novas necessidades. A preferência por plantas imobiliárias menores é mais uma tendência.

“O público alvo na compra de apartamentos com dois quartos corresponde a 20% da população e considerando o perfil habitacional de todos os imóveis, cerca de 92% das famílias vivem com renda abaixo de oito salários mínimos”, destaca Vasconcelos.

(Com informações de Romulo Grigoli)