RIO – O projeto de instalação da primeira plataforma de produção de petróleo na área de Libra, no pré-sal na Bacia de Santos, corre risco de ficar inviável e não ser executado, se o consórcio que explora a área não obtiver da Agência Nacional do Petróleo (ANP) a flexibilização dos índices do conteúdo local previsto no contrato (pedido de Waiver). A informação foi dada nesta quarta-feira pelo presidente da Shell, André Araújo, que participou de evento que discutiu a política de conteúdo local no Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP). O consórcio que opera a área de libra no Regime de Partilha é liderado pela Petrobras, a Shell, Total e as chinesas CNOOC, CNPC.
? Sem a flexibilização, torna-se muito complexo e nós não vamos seguir em frente neste momento, sem ter essa segurança de como essa regra (de conteúdo local) vai funcionar. Precisamos entender muito bem, e nós não vamos pagar 40% mais caro por esse projeto. Isso torna o projeto extremamente oneroso. Não correremos esse risco, não seguiremos em frente ? destacou André Araújo.
O consórcio entrou na ANP com pedido de Waiver, que permite o não cumprimento do conteúdo local previsto na época da assinatura do contrato, em 2014. Na média, no contrato está previsto um conteúdo local da ordem de 55%. Mas, em seu pedido, o consórcio liderado pela Petrobras argumenta que não é possível atender esse percentual, uma vez que na primeira licitação realizada os preços apresentados estavam em torno de 40% mais caros do que o previsto.
O gerente de Projetos de Libra da Petrobras, Fernando Borges, destacou que não é verdade que a estatal esteja querendo contratar 100% da plataforma no exterior. Segundo ele, a ideia é adquirir no mercado interno o mesmo nível de equipamentos adquirido em outras sete plataformas já contratadas anteriormente. Segundo o executivo, como essa plataforma terá capacidade para produzir 180 mil barris por dia, dos 16 a 19 módulos que terá, entre sete a oito, poderão ser fabricados no país.
Tanto o presidente da Shell como o da Petrobras, Pedro Parente, destacaram a importância do desenvolvimento da produção de petróleo em Libra, que prevê investimentos da ordem de US$ 5,5 bilhões nos próximos cinco anos.
O presidente da Shell destacou que, neste momento de preços do petróleo baixos e com cortes de custos das companhias internacionais, o Brasil ter uma política com regras claras para atrair investimentos no setor, com uma política local clara e factível de ser cumprida.