PEC da Segurança

PEC da Segurança: Lula recua e garante autonomia dos estados

PEC da Segurança: Lula recua e garante autonomia dos estados

O Palácio do Planalto se pronunciou após as críticas de governadores sobre a PEC da Segurança Pública e desmentiu que o projeto teria a intenção de reduzir a autonomia dos estados e municípios. Lula se manifestou através de nota emitida pela Presidência da República. “O texto apresentado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, deixa claro que não haverá ingerência nos comandos das polícias estaduais, tampouco vai modificar a atual competência dos estados e municípios na gestão da segurança pública”, destacou o comunicado.

Entre os principais objetivos da PEC apresentada pelo Governo Lula, estão integrar as polícias, reforçar o Susp (Sistema Único de Segurança Pública) e aumentar a responsabilidade da União.

Críticas

Entre os opositores que criticaram a PEC, apresentada na semana passada numa reunião entre governadores e o presidente Lula, está o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União). A principal crítica de Caiado foi justamente nesse ponto, que a PEC estaria retirando dos estados a autonomia sobre a segurança. Segundo o governador do estado goiano, ocorre uma “inversão completa que não dá para aceitar”. “Não é uma regra única que vai decidir o que será o melhor para todos os estados da federação. Esse engessamento não vai dar certo”, sublinhou.

Outra crítica do gestor foi que faltaram na proposta pontos referentes às legislações penal e penitenciária.  “Precisamos encarar esse assunto com a seriedade que ele merece. Temos de tomar consciência de que, ou nós vamos enfrentar o crime no país para valer, ou então o crime vai tomar conta dos estados e do país”, disse Caiado.

O governador de Goiás, que já colocou seu nome à disposição para ser candidato a presidente em 2026, levantou outro ponto que diz respeito ao tráfico internacional de drogas. De acordo com ele, precisa ser combatido com políticas internacionais, já que países vizinhos ao Brasil participam amplamente da rota do crime.

Bandeira de Caiado

Uma das maiores bandeiras levantadas por Ronaldo Caiado é o combate à criminalidade. O governador se orgulha em exibir os números positivos conquistados em seus dois mandatos. Um dos exemplos é a redução no número de roubos a veículos — que caiu mais de 93% desde que tomou posse, há seis anos.

Queda que Caiado atribui à firme atuação das forças de segurança no estado. “Quando colocamos regras nas penitenciárias de Goiás, o crime acabou. Não existe mais o escritório do crime lá dentro.”

Guarda Municipal não existe em 76,67% dos municípios

Apenas 1.322 municípios no Brasil possuem guarda civil municipal. É o que aponta a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) e Estaduais (Estadic), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2023. Isso significa que 76,67% dos 5.570 municípios não dispõem de guardas municipais em sua estrutura de segurança pública. Além disso, os dados apontam que 3.853 municípios brasileiros não possuem estrutura específica para a área da segurança pública, o que representa 69,17% do total de municípios.

O advogado e membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Eduardo Pazinato, destaca que as guardas municipais são fundamentais para a segurança pública das cidades, com papel relevante como “uma polícia de proximidade, estabelecendo uma interlocução comunitária, um diálogo mais direto com a população”. Ele destaca ainda que “municípios que possuem guardas municipais são, em geral, mais bem estruturados em termos da sua capacidade de gestão, das políticas municipais de segurança”.

Efetivo

Segundo o IBGE, entre 2019 e 2023 houve um aumento de 11,3% no número de municípios que implementaram a Guarda Municipal na estrutura de segurança pública das suas localidades. Antes, apenas 1.188 municípios tinham esse tipo de instituição de segurança municipal.

Ainda de acordo com a pesquisa, o efetivo da Guarda Municipal aumentou 2,4% entre 2019 e 2023, saindo de 99.510 para 101.854 guardas municipais em 2023. A região brasileira com maior número de efetivos na Guarda Municipal é o Sudeste e a com menor número é o Centro-Oeste. Confira: Sudeste com 49.540; Nordeste, 32.242; Sul, 8.258; Norte, 6.613; e Centro-Oeste, 5.201

No Paraná, são 38 municípios, com efetivo de 4.383 agentes segundo o levantamento do IBGE.

Mais guardas, menos crimes

Eduardo Pazinato explica que o campo da segurança pública municipal vem sendo reconhecido pelos três poderes, além dos demais órgãos de segurança pública, há cerca de 20 anos. Por isso, segundo ele, ainda são poucos os levantamentos de dados e informações das atividades realizadas pelas guardas municipais e o impacto dessas ações na dinâmica da violência e do crime.

“Existem pesquisas aplicadas pontuais, algumas delas com caráter mais regional, outras com caráter mais local. Eu conduzi uma pesquisa junto com a colega Aline Kerber, aqui no Rio Grande do Sul no ano de 2012, em que a gente comprovou estatisticamente que aqueles municípios que possuíam guardas municipais eram municípios em que houve uma maior redução dos furtos e roubos em geral”, afirma.

Cascavel

Em Cascavel, a Guarda Municipal foi criada pela Lei 6.532 de 28 de setembro de 2015. Já a formatura da primeira turma com 56 agentes aptos ao trabalho efetivo, aconteceu no dia 2 de fevereiro de 2017. Atualmente, a GM de Cascavel conta com 129 agentes na ativa. A Secretaria Municipal de Segurança Pública de Cascavel ainda conta com 179 guardas patrimoniais.