PARIS ? O partido francês de centro-direita União dos Democratas e Independentes (UDI) retirou nesta quarta-feira seu apoio ao presidenciável François Fillon. O candidato conservador virou alvo de uma investigação formal pela Justiça após ter sido acusado de oferecer empregos-fantasma à sua mulher e aos seus filhos e deverá comparecer perante a um juiz dentro de duas semanas. Em discurso pela manhã, Fillon prometeu não abandonar a campanha para as eleições deste ano.
A legenda UDI tem cerca de 30 membros na Câmara baixa e vinha apoiando Fillon desde novembro do ano passado. A ala mais jovem do partido, no entanto, preferiu apoiar Emmanuel Macron, o rival centrista do conservador.
O candidato foi convocado a comparecer perante um juiz no dia 15 de março. Mais cedo, ele desmarcou abruptamente um evento de campanha importante, gerando especulações sobre a sua campanha e o escândalo que fez sua popularidade entrar em queda livre entre os eleitores.
Em discurso após o cancelamento da aparição pública, Fillon disse que a França é maior do que os seus erros. E fez um apelo para que seus simpatizantes se mantivessem firmes na campanha presidencial.
? Minha vontade de servir é maior que as acusações contra mim. Eu peço que vocês ressitam. Eu o faço e minha família política o faz frente a todos os tormentos. Sim, eu serei candidato à Presidência da República e podemos tirar destes episódios, com tudo que trazem de justo e menos justos, a força extra de que precisamos para endireitar este país. Candidato francês à presidência promete resistir à investigações de corrupção
Há algumas semanas, a imprensa francesa denunciou que o ex-premier teria dado empregos-fantasma para sua mulher e seus filhos enquanto estava no governo. Ou seja, eles teriam recebido salários por anos sem exercer funções de verdade. Fillon integra o partido de centro-direita fundado por Nicolás Sarkozy, Os Republicanos.
Fillon se desculpou pelo escândalo, mas se defendeu: disse que sua mulher trabalhou para o seu governo efetivamente, exercendo funções simples porém essenciais. E, em retorno, recebeu um pagamento justo pelo serviço.
A popularidade de Fillon entrou em queda desde que o escândalo veio à tona. E, então, o candidato conservador passou a ser pressionado a deixar a corrida eleitoral, inclusive pelo seu próprio partido e pela extrema-direita ultranacionalista da candidata Marine Le Pen.
? Não tenho nada a esconder. Não posso aceitar acusações sem fundamento contra mim ? disse em fevereiro, garantindo que a sua atuação no governo sempre foi transparente e legal. ? Nunca violei a lei ou contrariei meus princípios morais.
Aos 62 anos, Fillon argumentou que tem uma longa carreira política livre de escândalos ou acusações de corrupção. Até agora, o conservador havia construído uma imagem de político íntegro, com um programa repleto de reformas econômicas. O seu destino agora depende da sua capacidade de convencer os deputados de seu partido, preocupados também por conta das eleições legislativas que acontecem em junho, logo após às presidenciais. Conheça os candidatos à Presidência da França