NOVA YORK ? Nações ricas em petróleo são as que possuem a maior população de imigrantes em comparação com o total de habitantes, como afirma o relatório do Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (Desa, na sigla em inglês). Em algumas, o número de estrangeiros chega até mesmo a ultrapassar o de cidadãos, como é o caso do Emirados Árabes Unidos (EAU), primeiro no ranking com maior porcentagem de imigrantes. Cerca de 88,4% dos habitantes do país vieram de outras partes do mundo. Em seguida, vem o Qatar, com 75,5% de imigrantes, e o Kuwait, com 73,6%. As três nações petrolíferas, da região do Conselho de Cooperação para os Estados Árabes do Golfo (CCEAG), têm sido, nas últimas décadas, os principais destinos para quem busca oportunidades temporárias de emprego e maior qualidade de vida.
? Em toda a região do Golfo e, em particular, nestes três países, há muitas oportunidades de trabalho. Principalmente nas áreas de construção, manufatura, extração de petróleo e no setor doméstico ? explicou, ao site ?BBC Mundo?, Joanne Batalova, analista do Instituto de Políticas de Migração. ? Por isso, eles são destinos muito populares para os trabalhadores que não conseguem encontrar emprego em seus próprios países.
A maior parte de quem chega a esses países em busca de oportunidades vem do Sudeste Asiático, sobretudo de Índia, Paquistão e Bangladesh, de acordo com Batalova. São trabalhadores que vão para assumir empregos pouco qualificados. No entanto, com os avanços tecnológicos, a ida de imigrantes especializados também aumentou, principalmente nas áreas de petróleo e gás, educação, finanças e investimentos.
? Nos últimos dez anos, EAU, Qatar e Arábia Saudita investiram bastante no desenvolvimento das suas indústrias de alta tecnologia e na educação universitária ? conta Batalova, acrescentando que foram construídas universidades que oferecem benefícios muito atrativos para professores e estudantes de pós-graduação do mundo inteiro, mas principalmente de Austrália, Estados Unidos e Reino Unidos.
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Entretanto, muitos imigrantes têm criticado os programas de contratação nestas indústrias, relatando abusos humanos e trabalhistas. Organizações internacionais pediram mudanças nos programas de intercâmbio com países do Golfo após serem notificadas de excessos dos empregadores. Além disso, era permitido, durante muito tempo, que as empresas retivessem os passaportes de seus trabalhadores.
Apesar da aprovação de leis proibindo tais práticas e da introdução de medidas de proteção aos salários, o sistema ainda apresenta problemas, dizem especialistas.
O tema da imigração já é um dos mais debatidos de 2017. Segundo o relatório do Desa, em números absolutos, os países com mais imigrantes são Estados Unidos, Alemanha e Rússia.
