Cascavel Manter-se vigilante contra a corrupção e passar o País a limpo não será o único grande desafio da sociedade e das instituições brasileiras nos próximos anos. Alguns dos maiores obstáculos estão nos campos econômico e estrutural, consensuam empresários e especialistas. A inversão da rota descendente dos gráficos passa pela restauração da confiança, redução do tamanho do Estado e valorização do trabalho. Mas há outro compromisso inadiável para que a competitividade nacional seja recuperada e o País tenha chances de reinserção no tabuleiro mundial, diz o presidente do Sinduscon Paraná Oeste (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Oeste do Paraná), o engenheiro Edson José de Vasconcelos.
A produtividade média de um trabalhador no Brasil é quatro vezes inferior daquele na mesma função em um país desenvolvido. Inúmeros fatores compõem um quadro considerado ruim, vai da má formação escolar, de políticas equivocadas e populistas e da forte influência ideológica nos sindicatos. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), excessivamente protetiva de um lado e obsoleta de outro, e programas mais recentes, como o seguro-desemprego, inserem o País em uma dramática rota de colisão comparativamente às posturas de relações do trabalho mais modernas do mundo, conforme Edson.
Mesmo com mudanças, o seguro-desemprego, do jeito como ainda está, tem forte traço paternalista. De olho no benefício, que não é difícil de ser conseguido, há aqueles que forçam a demissão e que chegam ao extremo de apelar para ameaças para receber sem trabalhar. Essa lógica, que em nada soma, precisa ser superada pelo bom-senso e por um instrumento que proteja o trabalhador em um momento difícil e tão somente até que ele consiga uma nova oportunidade, porque o objetivo deve ser o trabalho e a renda, afirma o presidente do Sinduscon Paraná Oeste.
É urgente a criação de mecanismos para vencer barreiras simples, como de tornar mensagens claramente compreendidas, evitar o retrabalho e deixar no passado o ranking que coloca o Brasil como um dos países de maior analfabetismo funcional do planeta. Em um mundo tão fortemente automatizado não é possível que o melhor de uma máquina, de um equipamento ou de um software não seja extraído devido à falta de conhecimentos básicos do operador, afirma Edson. Estamos ficando para trás em competitividade em várias áreas e a mudança do cenário exigirá esforços e muita determinação.
Equilíbrio
A baixa competitividade do trabalhador brasileiro está ligada também à potencialização, principalmente nos últimos 15 anos, das relações sindicais, que sofreram forte influência política e ideológica. Isso levou ao rompimento do equilíbrio entre capital e trabalho. O Estado, diferente do que se vê hoje, precisa ser indutor do bom relacionamento. De mostrar às partes de que está empenhado e quer contribuir para crescimento em todos os âmbitos. Não há como mirar o desenvolvimento sustentável se as atitudes são pela divisão, pelos excessos e pelo radicalismo.
Leis protetivas conduzem ao isolamento
Quando a política e a ideologia interferem no mercado e na produção o resultado raramente é bom. O Brasil colhe aos montes reflexos de medidas equivocadas e excessivamente protetivas, que em vez de aproximar levam empregados e patrões a direções opostas. O que deve imperar é a relação de respeito e a sintonia de que se a economia vai bem o volume de empregos, de oportunidades e a própria valorização do profissional estarão em alta, diz o presidente do Sinduscon Paraná Oeste, Edson José de Vasconcelos.
Ao mesmo tempo em que procura garantir direitos demais sem exigir a devida contrapartida e sem confiar no potencial dos cidadãos, o governo condena o país ao isolamento. Os erros dos últimos anos, na ótica de Vasconcelos, foram inúmeros custam e ainda exigirão muito do País. Entre eles, cita a falta de produtividade e de valor agregado à pauta de produtos brasileiros. Os acordos de mercado internacionais tendem a prejudicar quem só exporta itens primários, como é o caso do Brasil.
As mudanças, para a retomada do crescimento, exigirão posturas maduras. É hora de parar de disseminar a falsa ideia de que o empresário ou a empresa são inimigos. Além dos indicadores de salários ideais, o Brasil deve aderir às medições de produtividade e de resultado igualmente ideais, a exemplo do que faz boa parte do mundo, que respeita as leis e estimula a busca pela excelência.
É fundamental também criar condições e estímulos para que a economia nacional possa se diversificar com competência, mostrando-se de forma atraente e criativa aos olhos do mundo e de potenciais parceiros comerciais. E a reestruturação pretendida, ressalta o presidente do Sinduscon Paraná Oeste, também passa por avanços patronais.
A segurança jurídica, a estabilidade da moeda e o respeito ao que foi combinado, além de investimentos em infraestrutura e na desburocratização, são condições vitais para a recuperação da economia. Igualmente determinante será mostrar resultados práticos do combate à corrupção e à improbidade, com o enxugamento e um choque de gestão e eficiência no Estado e, gradualmente, com a adoção de uma política fiscal sensata.
Meritocracia não é palavrão
Em países com governos perdulários e populistas, palavras valorizadas no mundo desenvolvido são vendidas às massas como palavrão. Meritocracia não pode ser vilã em um país que precisa se afirmar no cenário econômico mundial, diz o presidente do Sinduscon Paraná Oeste, Edson José de Vasconcelos. Muito pelo contrário, aquele que venceu pelo trabalho, pela busca do conhecimento e do seu talento precisa ser devidamente valorizado e respeitado.
O mérito é um sinal de compromisso com a qualidade, com a competitividade e com a sustentabilidade. O capricho, o zelo e o orgulho na execução de tarefas profissionais devem ser reverenciadas, segundo Edson Vasconcelos. Conforme o presidente do Sinduscon Paraná Oeste, os Estados Unidos não têm PIB per capita sete vezes e meia superior ao do Brasil por acaso.
Lá, há décadas investem fortemente na meritocracia, no ensino de qualidade e destinam bilhões à pesquisa e à tecnologia. Eles são a prova de que produtividade faz a média salarial e o PIB serem maiores. O Produto Interno Bruto dos Estados Unidos em 2015 foi de US$ 17,9 trilhões, contra US$ 1,53 trilhão do Brasil. A renda per capita entre os norte-americanos ativos foi de US$ 55 mil contra US$ 3,8 mil dos brasileiros.
Trabalho x ideologia
PIB 2015 US$ 17,9 trilhões nos EUA (R$ 62,5 trilhões)
PIB 2015 US$ 1,53 trilhão no Brasil (R$ 5,35 trilhões)
Renda per capita nos Estados Unidos é de US$ 55 mil (R$ 192,5 mil)
Renda per capita no Brasil é de US$ 3,8 mil (R$ 13,3 mil)
Renda média mensal de um trabalhador norte-americano é de US$ 4,5 mil (R$ 15,7 mil)
Renda média mensal de um trabalhador brasileiro é
US$ 316 (R$ 1.106) Fonte: IBGE/2015)
Cotação do dólar foi considerada a R$ 3,50
Cotação do dólar foi considerada a R$ 3,50