CAMPANHA

O amarelo dos ipês e do setembro vem lembrar que você não está sozinho!

Foto Julio Szymanski
Foto Julio Szymanski

O registro do fotógrafo cascavelense Julio Szymanski, do ipê amarelo foi escolhido para ilustrar esta página para te lembrar de que tudo é passageiro. Este mesmo ipê foi fotografado na florada no ano passado e desde então perdeu todas as flores, que sujaram as calçadas ao redor, depois todas as folhas até restarem somente galhos… E agora, prestes a florescer novamente, lá está ele: em pé e ainda mais forte e maior do que no ano anterior.

O amarelo do ipê também lembra que mais uma campanha das cores está começando e agora é a vez da Setembro Amarelo – que lança olhares para a saúde mental.

Como começou

Em 2013, Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), deu notoriedade e colocou no calendário nacional a campanha internacional Setembro Amarelo. E, desde 2014, a ABP em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgam e conquistam parceiros no Brasil inteiro com essa campanha. Atualmente, o Setembro Amarelo é a maior campanha antiestigma do mundo. Em 2024, o lema é “Se precisar, peça ajuda!” e diversas ações já estão sendo desenvolvidas.

Saúde mental

A saúde mental não se limita apenas ao que sentimos individualmente. Ela é uma rede de fatores relacionados. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Saúde Mental pode ser considerada um estado de bem-estar vivido pelo indivíduo, que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais para responder aos desafios da vida e contribuir com a comunidade.

O bem-estar de uma pessoa não depende apenas do aspecto psicológico e emocional, mas também de condições fundamentais, como saúde física, apoio social, condições de vida. Além dos aspectos individuais, a saúde mental é também determinada pelos aspectos sociais, ambientais e econômicos.

A saúde mental não é algo isolado e a entender como algo que envolve o corpo, as emoções e a forma como interagimos ajuda a ver que todos têm um papel importante em cuidar do bem-estar de todos, cuidando de nós mesmos e apoiando uns aos outros.

A garantia do direito constitucional à saúde inclui o cuidado à saúde mental. É um dever do Estado brasileiro que tem a responsabilidade em oferecer condições dignas de cuidado em saúde para toda população. No Brasil, a política de saúde mental se pauta em princípios como a desinsititucionalização, o cuidado em liberdade e os direitos humanos.

A flor do ipê

A árvore é imponente e tem uma madeira cobiçada, mas suas flores são delicadas e o toque parece o de uma seda, assim como abordar este assunto no jornalismo, sempre tão cercado de tabus e estigmas, publicar notícias referentes a estes fatos é uma realidade recente no meio e sendo assim uma analogia precisa ser feita: se falar sobre isso é tabu, por que então fazer campanha? O efeito não seria contrário, partindo da ideia de que toda campanha é um conjunto de esforços para se atingir um determinado objetivo, e que resulta em espaço na mídia, na imprensa, nas empresas e até nas universidades.

É possível evitar

Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS. Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.

Campanha permanente

Para a psicóloga Deise Rosa, é necessário fazer campanha o ano inteiro, sempre visando lembrar as pessoas da importância de cuidar da saúde mental também em atitudes do cotidiano, como ter horários para dormir e acordar, se priorizar e cuidar da alimentação, por exemplo. “Nós somos como o ipê, nós somos a natureza e tem dias que nossos olhos choram como as nuvens, têm dias que a tempestade vem e parece que nunca mais vai embora, mas uma hora ou outra o sol aparece, mesmo que escondido entre os dias nublados, até que uma hora ele vai brilhar por inteiro”, analisa a especialista, corroborando com este enredo.

O ministério da saúde afirma que a luta contra o estigma é uma responsabilidade compartilhada. “Ao unir esforços, podemos construir uma sociedade onde a saúde mental seja incorporada, compreendida e apoiada por todos. Promover uma cultura de respeito e solidariedade em relação à saúde mental”, afirma a pasta em sua página dedicada ao tema.Vale ressaltar que o estigma, por si só, pode ser mais persistente e prejudicial do que a própria condição de saúde mental.

E para não esquecer: o quanto nós somos parecidos com estas flores! Nossas emoções vêm e vão! Ah! E somos tão lindos quanto… Viver vale a pena!

Seja capaz de ajudar

Todos nós devemos atuar ativamente na conscientização da importância que a vida tem. É importante falar sobre o assunto para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha. Se informar para aprender e ajudar o próximo é a melhor saída para lutar contra esse problema tão grave. É muito importante que as pessoas próximas saibam identificar e ajudem, tendo uma escuta ativa e sem julgamentos, mostrar que está disponível e demonstrar empatia, mas principalmente procurando ajuda profissional.