NOVA YORK – Num esforço para restaurar a confiança no país, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles enfrentou uma maratona de eventos em Washington e Nova York que terminou nesta quarta-feira. Foram sete dias e mais de 15 encontros em que o ministro foi sabatinado sobre os impactos da Operação Lava-Jato. Ele reforçou os esforços do governo para aprovar reformas econômicas e promoveu o programa de concessões.
Segundos investidores, o ministro deixou uma boa impressão, mas foi bastante realista.
Nesta quarta-feira, investidores e analistas do mercado quiseram saber quanto tempo a Lava-Jato ainda deve durar e quais serão seus impactos. Meirelles teria respondido que esta não é sua área, mas frisou que o Judiciário é independente.
Os investidores também quiseram saber sobre as reformas econômicas, e se o governo conseguiria aprovar as próximas medidas com a mesma margem com que aprovou a PEC 241, que fixa um teto para os gastos públicos, na Câmara. Meirelles pareceu otimista, mas ponderou que vai focar em um passo de cada vez. Uma das preocupações do ministro, segundo ele, é garantir que o limite das despesas seja eficaz para a recuperação das contas do país.
O principal objetivo do ministro nos encontros foi reforçar a imagem de que o país está saindo da crise e atrair investidores para as concessões em infraestrutura. Nas reuniões, Meirelles falou bastante sobre a necessidade de atrair investidores para o programa de concessões, que prevê investimentos privados em aeroportos, estradas e ferrovias. O ministro quer estimular a concorrência e atrair capital externo. Sobre o BNDES, ele disse que o banco terá participação reduzida nos projetos de infraestrutura, e vai investir menos no exterior.
Segundo interlocutores, Meirelles frisou que o país deve voltar a crescer já no terceiro trimestre de 2016 e confirmou a previsão de crescimento de 1,6% em 2017.
Na maratona de encontros, Meirelles se reuniu com representantes de Goldman Sachs, JP Morgan, Morgan Stanley, CitiBank, Bank of America e Rockefeller Group, entre outros bancos de investimentos. O ministro também esteve com membros da Brazilian-American Chamber of Commerce e Council of the Americas.
O ministro retorna ao Brasil nesta quarta-feira. Na sexta, ele deve se reunir com a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, e membros de outros tribunais de justiça para esclarecer questões sobre a PEC dos gastos.