BELFAST ? Martin McGuinness, ex-comandante do Exército Republicano Irlandês (IRA) e ex-vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte, morreu aos 66 anos de uma curta doença, anunciou nesta terça-feira seu partido Sinn Fein. De acordo com vários meios de comunicação, ele morreu de uma doença cardíaca que o fez afastar da política nos últimos meses.
?Com grande pesar e imensa tristeza, tomamos conhecimento da morte de nosso amigo e camarada Martin McGuinness, que faleceu em Derry durante a noite. Aqueles que o conheceram sentirão muita falta?, afirma o Sinn Fein em seu site.
Uma figura chave durante as cinco décadas de conflito e paz na província britânica, McGuinness anunciou em 19 de janeiro que se retirava da política e que não lideraria seu partido nas eleições de março.
Ele disse que a sua doença e a crise política iniciada após a sua demissão como vice-ministro ministro previamente em janeiro o levou a se retirar meses antes do planejado.
?Durante sua vida, Martin mostrou grande determinação e humildade, e não foi diferente durante a sua curta doença?, disse o presidente do Sinn Fein, Gerry Adams, em um comunicado.
Pouco depois de sua retirada, o Sinn Fein obteve resultados significativos nas eleições para a Assembleia da Irlanda do Norte, aproximando-se com menos de uma cadeira do Partido Unionista Democrático e privando a campanha pró-britânica de uma maioria pela primeira vez desde a divisão da Irlanda, em 1921.
Junto com Gerry Adams, McGuinness foi a face visível dos republicanos no processo que levou ao acordo de paz de 1998, que terminou com três décadas de conflito aberto entre católicos leais a Dublin e os protestantes leais Londres, que deixaram mais de 3.500 mortos.
Muitas reações a sua morte destacam sua conversão ao processo de paz, que o levou a conviver com antigos inimigos, como a rainha Elizabeth II, com quem se reuniu pelo menos duas vezes, e o reverendo unionista Ian Paisley, que foi seu primeiro chefe de Governo.
?Embora eu nunca possa perdoar o caminho que ele tomou na primeira parte de sua vida, Martin McGuinness terminou desempenhando um papel determinante ao liderar o movimento republicano em seu afastamento da violência?, afirmou a primeira-ministra britânica Theresa May em um comunicado.
?UM HOMEM CORAJOSO?
Colin Parry, que perdeu o filho de 12 anos em um atentado do IRA na cidade britânica de Warrington, em 1993, disse que nunca poderá perdoar a organização armada, mas elogiou o ?anseio de paz? de McGuinness.
? Foi um homem corajoso, que assumiu riscos ante a linha dura do movimento republicano ? disse Parry, de acordo com o jornal ?The Guardian?.
? O que importa não é como você começa a sua vida, e sim como acaba ? declarou à BBC Ian Paisley, filho do reverendo unionista e também político.