WASHINGTON – De autodeclarado troll (provocador da internet) a ícone ultradireitsta banido para sempre do Twitter: Milo Yiannopoulos divide profundamente opiniões, sempre amado ou odiado. Aos 32 anos, o jornalista britânico é um dos editores do site de ultradireita nacionalista “Breitbart”, seguindo os passos do atual estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, visto hoje como um dos membros mais influentes do governo de Donald Trump. Seu histórico de abertamente provocar minorias foi rebatido com reações violentas numa manifestação em Berkeley, universidade californiana na qual ele faria uma palestra na quarta-feira. breitbart
Yiannopoulos se define como um conservador convicto, mas ficou famoso por opiniões consideradas racistas e misóginas e por incitar seguidores nas redes sociais a fazerem provocações ? a ponto de se chamar de “o maior supervilão da internet”. Em 2016, fez uma série de ataques à atriz Leslie Jones através do Twitter, chamando-a de “cara preto” e outras ofensas. Ela deixou a rede após as provocações. Ele e seguidores foram banidos do Twitter após as ações.
“Como todos os atos da esquerda regressiva totalitarista, isso vai explodir na cara deles, me dando mais fãs adoradores. Nós estamos vencendo a guerra cultural, e o Twitter acabou de atirar em si mesmo no pé”, ironizou ele ao ser banido. “Esse é o fim do Twitter. Qualquer um que liga para a liberdade de expressão recebeu uma mensagem clara: você não é bem-vindo no Twitter.”
O jornalista também gera polêmica por ter considerado a maioria dos muçulmanos como potenciais terroristas, além de rejeitar a definição de cultura do estupro. Chama feministas de “sociopatas”, além de dizer que mulheres “deveriam se recolher” da internet e que o controle de natalidade as deixa “menos atraentes”. Homossexual assumido, ele ainda é contrário ao que considera privilégios concedidos aos gays, como o direito a união estável e a casamento.
“Os gays deveriam voltar ao armário”, Yiannopoulos costuma repetir em textos e em suas turnês de palestras, autonomeadas “Dangerous faggot” (“Bicha perigosa”).
Yiannopoulos ainda faz elogios constantes a Trump, a quem chama de “papai”. Ele e outros autores do “Breitbart” são membros da vertente da “direita alternativa”, nacionalista e calcada na difusão de seus ideais fora do conservadorismo tradicional “politicamente correto”, através da internet. Muitos escrevem ainda para sites considerados pela grande imprensa como racistas e antissemitas, como o “VDARE” e o “American Renaissance”.
Trump cita o “Breitbart” como uma das fontes políticas mais confiáveis, criticando jornais tradicionais e redes de televisão como a CNN. Seu bordão diante dos jornalistas, sempre repetido por Yiannopoulos e por leitores e eleitores, é “FAKE NEWS!” (“NOTÍCIA FALSA!”).
Mas se Yiannopoulos divide as opiniões, o sucesso é garantido entre o público. Após a gigante editorial Simon & Schuster anunciar que Yiannopoulos lançaria uma autobiografia pela casa, ganhando US$ 250 mil, bastou a pré-venda entrar no ar nas lojas virtuais ? logo, já estava no topo dos best sellers.