Cotidiano

Maduro convoca rebelião nacional após investida de Almagro

CARACAS ? O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou uma “rebelião nacional” contra a aplicação da Carta Democrática invocada nesta terça-feira pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, e lhe mandou um recado atravessado.

? Podem colocar a Carta Democrática assim (…) colocá-la em um tubinho bem fino e lhe dar um uso melhor, senhor Almagro. Enfie sua Carta Democrática onde bem entender ? afirmou Maduro, diante de milhares de seguidores. ? A Venezuela deve ser respeitada, e nenhuma carta vai ser aplicada à Venezuela. Convoco a rebelião nacional frente às ameaças internacionais.

Também nesta terça, o chefe de Estado anunciou que irá à Justiça contra a Presidência do Parlamento por “usurpação de funções” e por “traição à pátria”, depois que a oposição conseguiu levar a OEA a tratar da crise no país. A oposição tem maioria no Congresso.

? Uma ação com mandado de segurança imediato, porque pretendem ir pedir a intervenção da Venezuela em organismos internacionais, traindo a Pátria e sem ter poderes constitucionais para representar a República ?denunciou Maduro no mesmo comício.

Documento pode fortalecer pressão por referendo

De acordo com o internacionalista Félix Gerardo Arellano, a Carta Democrática é a defesa da democracia tanto em suas origens quanto em seu funcionamento, ?Para que não se enterrem democracias com tanques, mas para que tampouco essas democracias se militarizem e se destruam. Para Arellano, o simples fato da Venezuela estar na pauta de discussões da OEA já é um fator negativo porque afasta investidores que poderiam apostar no país.

? A discussão sobre a Carta Democrática e a falta de respeito jurídico são precedentes negativos. Como se buscará o comércio com precedentes como esses? ? pergunta o internacionalista. ? O governo tem que mudar sua conduta porque poderia seguir o caminho da Coreia do Norte, e isolar-se completamente.

Arellano destacou que o documento pode funcionar como um mecanismo de pressão política, já que a OEA não tem poder para mudar o governo, mas pode apoiar a implementação do referendo revocatório ainda este ano. Para o internacionalista, a OEA não tem capacidade de promover uma invasão militar contra a Venezuela.