Foz do Iguaçu – A fiscalização imposta pela Marinha paraguaia aos caminhões que retornam ao Brasil com o objetivo de coibir crimes como tráfico de pessoas, drogas e armas tem feito caminhoneiros brasileiros ficarem até oito dias do outro lado da fronteira até serem liberados para retornar ao Brasil. O pente-fino acontece logo após a aduana do lado paraguaio da Ponte da Amizade.
O Sindifoz (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Foz do Iguaçu e região) acompanha a situação e tenta, por meio de diálogo com o país vizinho, amenizar o problema. “Por determinação do Codena, que é um órgão de inteligência, a Marinha Paraguaia faz a fiscalização dos caminhões que entram no Paraguai, mas o maior rigor é na hora em que eles saem do país vizinho e voltam para o Brasil. Isso causa um transtorno aos caminhoneiros que, em alguns casos, ficaram oito dias retidos sem conseguir voltar para o Brasil e sem qualquer tipo de assistência”, explica o presidente do SindiFoz, Celso Antonio Gallegario.
Segundo ele, o protocolo de fiscalização na aduana ocorre em um período de tempo normal, mas é quando o caminhoneiro chega à fiscalização da Marinha que o drama começa. “A fiscalização da Marinha demora até 20 minutos por caminhão, então em uma hora são liberados cinco, até seis veículos, o que acaba prejudicando muito o tráfego, uma vez que são de 300 a 400 caminhões que cruzam a fronteira diariamente. Após negociação com a Marinha Paraguaia tivemos uma melhora, mas a lentidão ainda é grande”, lamenta Gallegario.
O presidente do Sindifoz lembra ainda que, do lado brasileiro, as medidas de prevenção e combate ao novo coronavírus são tomadas seguindo todas as recomendações dos órgãos de saúde, mas do lado paraguaio a fiscalização não tem como foco a doença. O caminhão quando entra no país não é fiscalizado, apenas quando vai retornar ao Brasil.
Sindicato teme greve
O Sindifoz e outras entidades do setor tentam uma negociação com o Codena e o Ministério dos Transportes Paraguaio para mudar a situação, pois temem uma greve da categoria. “Nós tentamos negociar com os órgãos responsáveis, enviamos uma carta para o Codena e um ofício ao ministro dos transportes e esperamos que nos próximos dias a situação possa ser resolvida porque já tivemos ameaça do lado brasileiro de tentar impedir a ida de caminhões para o lado paraguaio, já que o país segura eles lá dessa forma… tememos que a greve possa se concretizar caso a situação não mude. Os caminhoneiros brasileiros podem parar devido a esse excesso de fiscalização desnecessária na saída do Paraguai e isso pode levar ao desabastecimento dos mercados e problemas ao mercado bilateral”, alerta o presidente do SindiFoz.
Receita estuda ampliar horário
Do lado brasileiro da Ponte da Amizade, a fiscalização na aduana é ágil. “A fiscalização de um caminhão com carga demora cerca de 40 segundos e ele já é encaminhado ao Porto Seco. Já o caminhão vazio, exceto os caminhões-tanque, únicos que passam 100% no scanner, o que demora de um a dois minutos, a liberação ocorre em um minuto. Do lado brasileiro não há qualquer tipo de fila e assim que o Paraguai libera os veículos a liberação aqui também ocorre, mas passamos muitas vezes de 30 a 40 minutos sem qualquer caminhão passando aqui, na Aduana”, explica o auditor-fiscal da Receita Federal e chefe da Aduana da Ponte Internacional da Amizade, Cezar Vianna.
Segundo ele, há uma barreira sanitária de combate ao coronavírus no lado brasileiro e afirma que uma ampliação da equipe que realiza o trabalho de triagem na aduana pode ajudar a acelerar o tempo de liberação dos caminhões. “Hoje a liberação dos caminhões que cruzam a ponte ocorre das 6h da manhã às 7h da noite, período em que a equipe da barreira se encontra no local. O que nós estamos viabilizando é a aumentar essa equipe para que possamos ampliar o horário de liberação até as 22h, o que já ajudaria a amenizar essa espera dos caminhoneiros que cruzam a fronteira”, ressalta Cezar Vianna.